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Análise evangélica destaca 100 primeiros dias do papa Leão XIV

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A eleição de um novo papa em um conclave acelerado surpreendeu o mundo católico e observadores internacionais. Em artigo publicado recentemente, o teólogo e líder evangélico Thomas Paul Schirrmacher afirmou que a escolha de um pontífice americano, culto e relativamente jovem, representa um marco na história da Igreja. “O papa Leão XIV não é uma solução paliativa, nem um candidato de compromisso depois que outros não conseguiram obter a maioria de dois terços”, escreveu.

Entre Bento XVI e Francisco

Schirrmacher destacou que o estilo de Leão XIV se posiciona entre seus dois predecessores imediatos. “Ele não se separa de seus guarda-costas como Francisco e não anula procedimentos há muito estabelecidos, mas, por outro lado, se movimenta com muito mais liberdade do que Bento XVI jamais fez”. Sobre a forma de trabalho, observou que o novo papa permite que seus textos passem por revisão, ao contrário de Francisco, mas sem a rigidez textual de Bento XVI.

Perfil político e formação

O autor lembrou que o novo pontífice é percebido como politicamente de esquerda, o que sinalizou ao escolher o nome que carrega. Em comparação, escreveu: “Bento XVI se manteve firme ao lado do presidente George Bush, enquanto Francisco nomeou em janeiro de 2025 o Cardeal Robert W. McElroy, crítico de Trump, como Arcebispo de Washington”.

Em termos acadêmicos, Schirrmacher ressaltou que nenhum papa teve formação tão abrangente. “Ele estudou matemática e filosofia, depois teologia e, por fim, direito canônico, obtendo o doutorado em 1987.” Além disso, destacou sua experiência internacional como religioso, administrador e líder de ordem, afirmando que sua biografia “reúne todos os aspectos contrastantes da Igreja”.

A eleição e o papel de Parolin

A disputa interna do conclave também foi abordada. Segundo Schirrmacher, o cardeal Pietro Parolin, visto como favorito, desistiu após sucessivas votações. “Segundo alguns relatos, Parolin recebeu 59 votos no primeiro escrutínio, enquanto Prevost recebeu 49. No quarto escrutínio, Prevost obteve bem mais de 100 votos.” O autor ressaltou que caberá ao novo papa decidir se manterá Parolin como braço direito, algo que poderá ser definido até setembro.

Estilo pastoral

Schirrmacher relatou exemplos da proximidade de Leão XIV com os fiéis: “O papa Leão chama cada casal individualmente, pergunta quem são e quais são suas intenções de oração, e então os abençoa. Com cerca de 50 casais na fila, isso levou muito tempo.” O autor frisou que esse cuidado contrasta com Francisco, que preferia abençoar os casais coletivamente.

Ecumenismo e relações inter-religiosas

No campo do ecumenismo, o teólogo afirmou que ainda há incertezas. “Nada se sabe sobre as opiniões do novo papa sobre o ecumenismo. Ele pode nos surpreender, mas, no momento atual, lhe falta experiência ecumênica nos EUA, no Peru e em sua trajetória como Prior Geral da Ordem Agostiniana.” A impressão inicial, segundo ele, é que o novo pontífice priorizará “construir pontes na arena política e promover a paz em contextos de guerra internacional e civil”, concentrando-se mais na relação com a Igreja Ortodoxa do que com evangélicos ou protestantes tradicionais.

O desafio do futuro

Schirrmacher também destacou o crescimento da atração da Igreja Católica entre jovens, inclusive evangélicos, especialmente em ambientes digitais e eventos internacionais como a Jornada Mundial da Juventude. Ele alertou que os evangélicos correm o risco de ficar em desvantagem nesse campo. “Acredito firmemente que os influenciadores evangélicos deveriam discutir e colaborar muito mais com os católicos nesses ambientes cibernéticos, talvez estabelecendo um novo tipo de ecumenismo.”

O autor concluiu que o maior desafio será acompanhar a força evangelística que cresce entre católicos à medida que se aproxima o ano de 2033, data do 2.000º aniversário da ressurreição de Cristo. “Embora muitos pentecostais e carismáticos estejam muito abertos a atividades conjuntas com os católicos, a representação da Aliança Evangélica Mundial e, especialmente, do Movimento de Lausanne é considerada insuficiente.”

Para Schirrmacher, o pontificado de Leão XIV ainda está em seus primeiros capítulos, mas já revela singularidades. “Agora, vamos ver o que os próximos dias da liderança do Papa Leão XIV revelarão, não importa quantas centenas deles existam.”

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