estudos bíblicos
A importância dos dons de serviço para o Corpo de Cristo
“Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria” (Romanos 12.6-8).
Todo cristão deve exercer a diaconia como forma universal, mas o Senhor concedeu a alguns dons relacionados diretamente com a diaconia ou serviço cristão.
Nessas áreas o exercício diaconal será perene na vida desses servos. Todos os dons bíblicos, os do Espírito Santo, ministeriais ou os de serviço, fazem parte da diaconia, porém os dons de serviço manifestam indubitavelmente a expressão do que é ser um servo de Cristo na íntegra.
Os dons de serviço
Os dons de serviço são vocações dadas a alguns membros do corpo de Cristo para que possam ser usadas a serviço do ministério cristão. Eles só podem ser executados de uma forma eficaz se o seu portador tiver disciplina em suas atitudes, pois a disciplina é a base da espiritualidade.
Dom de profecia (ofício)
Visto que nas três principais categorias de dons encontramos alguma expressão de profecia, torna-se relevante apresentar as distinções entre esses tipos de facetas proféticas. Nesse caso, o foco é geral, caracterizado pelo nível do dom profético, tornando cada crente um profeta, capacitando-o a falar com franqueza e perspicácia, especialmente quando iluminado pelo Espírito Santo.
Como serviço cristão, a profecia consiste na transmissão da palavra, com coragem e comprometimento com os valores cristãos e éticos, tendo a capacidade de receber a vida com entendimento profético ininterrupto, independentemente do dom público. Não deve ser confundi- da com o dom de profecia, que é dado à Igreja, tampouco com o dom ministerial de profeta, que é dado ao ministério (Ef 4.11). O profeta é um servo de Deus que exerce o seu serviço cristão por meio de uma mensagem especial que exorta, consola e edifica a Igreja (I Co 14.3), anunciando sempre a palavra de Deus, que, não obstante, é a espada do Espírito (Ef 6.17), a verdadeira profecia (II Tm 3.16), que educa o povo na justiça do Senhor: “Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (II Tm 3.17).
A Bíblia conta com vários exemplos de profetas, homens e mulheres, que, infamados pela chama do Espírito, pregam contra o pecado, visando sempre à restauração dos fundamentos da fé: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17), “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (I Jo 5.4-5), como os profetas veterotestamentários: Isaías, Jeremias e Oséias, que pregavam contra o pecado. No contexto neotestamentário, observamos em João Batista um autêntico profeta, um baluarte da pregação, a voz que clamava no deserto: “E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia” (Mt 3.1), um enviado de Deus: “Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João” (Jo 1.6), uma voz que clamava contra o pecado: “E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 3.2).
Ações diaconais: Não devemos perder nenhuma oportunidade de testemunhar as maravilhas que o Senhor tem feito em nossas vidas, profetizando a palavra onde estivermos. Contudo, devemos ser cheios da palavra (Gl 3.16), para que possamos ser profetas do Senhor, devemos pregar a sua palavra a tempo e fora de tempo, como uma testemunha do Senhor. E, assim, fazer a diferença numa sociedade influenciada pelas mazelas da pós-modernidade e contribuir com nossas ações diaconais.
Áreas de Atuação
- Pregação da palavra de Deus
- Aconselhamento
- Exortação
- Cultos de despertamento espiritual
- Cultos de oração
Perigos deste Dom
Por não entenderem que existem algumas facetas no ministério profético, muitos se consideram um enviado do Senhor, a exemplo dos profetas do Antigo Testamento. Contudo, as Igrejas devem promover estudos sobre a palavra profecia, ensinando as diferentes facetas que existem entre o dom de profecia, o ministério profético, a vocação profética universal dos crentes. A palavra é a maior profecia e ao proclamá-la somos profetas do Senhor.
Dom de ministério
Não no sentido que entendemos pastores ou líderes, é a capacitação dada pelo Senhor para alguém servir à Igreja com qualquer tipo de serviço, podendo ser executado por qualquer membro. Paradoxalmente, pouco valor se dá aos irmãos que trabalham nos ministérios de limpeza, secretaria, infantil e portaria, mas, na verdade, eles contam com o precioso dom advindo da parte de Deus.
Correlacionado com este dom, encontramos no Novo Testamento as palavras ministrar, servir e ajudar. “Se é ministério, seja em ministrar” (Rm 12.7). Nas páginas do Novo Testamento podemos encontrar o dom de ministério sempre junto a alguma forma de ministração física, como no serviço efetuado por Marta, que queria muito servir a Jesus: “Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços” (Lc 10.40). Esse tipo de serviço pode ser executado de uma forma física ou de uma forma espiritual, sendo sempre executado segundo a proporção da fé, pela graça espiritual que nos é concedida. “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada” (Rm 12.6).
Ações diaconais: Os portadores deste dom podem prestar assistência prática tanto aos líderes como aos membros, pois contam com este precioso dom advindo da parte de Deus. Contudo, não podemos negar que em nossas comunidades evangélicas essa forma de ministração ocupa um lugar de pouco destaque, mas, certamente, diante de Deus, este trabalho é de suma importância, como nos ensina Tiago, irmão de Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua epístola universal: “A Religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1.27-ARA). Como cooperador, o obreiro deve, primeiramente, buscar ser sempre um servo, acatando as orientações do ministério, servindo à Igreja em todas as tarefas que lhe são exigidas, para que assim possa obter aprovação.
Áreas de Atuação
- Ministério de diaconia
- Serviços gerais e portaria
- Atendimento aos órfãos, viúvas e necessitados
- Ministério de fitas (áudio e DVD)
- Ministério infantil
Perigos deste Dom
Aqueles que trabalham com o dom de serviço de ministério devem cuidar para não apenas prestar serviço na obra e se esquecer de ser um adorador, basta lembrar das irmãs Marta e Maria (Lc 10.38-42). Jesus entrou numa aldeia e Marta o recebeu em sua casa. Esta estava sempre ocupada, procurando ser uma boa anfitriã, pois seguia rigorosamente o costume judaico de boa recepção a uma visita.
Paradoxalmente, Maria deixou Marta se ocupar da parte do serviço e buscou apenas adorar o Senhor, ouvindo as suas palavras (Lc 10.39). Marta incomodou-se com a situação e perguntou ao Senhor se ele se importava que Maria a deixasse trabalhando sozinha. Nosso Senhor sabiamente respondeu: “Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lc 10.41-42). Sermos servos de Deus e cooperadores do ministério é muito importante, mas não podemos jamais deixar de ser adoradores. De outra maneira, nosso serviço será apenas mecânico, pois não visará à glória de Deus, mas tão-somente nossa ascendência ministerial.
Dom de ensino
Trata-se da capacidade sobrenatural dada pelo Senhor para ensinar as verdades da Palavra de Deus, independentemente do serviço do mestre. É aquela especial iluminação do Espírito Santo que habilita a explicar as coisas difíceis, tornando estas verdades acessíveis a todos. De acordo com o teólogo Russel N. Champlim, no original grego encontra-se assim descrito o referido versículo “o que ensina, esmere-se no fazê-lo…” (Rm 12.7). Quem ensina deve cultivar um forte amor pelo ensino, pois isso é a base da Igreja. A tarefa primordial do ensinador é levar o aluno a uma transformação radical de vida, por intermédio da mensagem de edificação cristã.
No Antigo Testamento a função de ensinar era primeiramente concedida aos anciões, que, a cada sete anos, liam a palavra diante de todo o povo (Nm 22.29; Pv 13.14). Posteriormente, os levitas foram incumbidos do ensino, sendo substituídos pelos escribas, onde podemos tomar como exemplo Esdras, o qual, no retorno do exílio, leu a lei diante do povo, desde a alva, aproximadamente cinco da manhã até o meio-dia. O povo, por meio deste ensino, chegou ao arrependimento e avivamento (Nee 8.1-18). Já no período do Novo Testamento o ensino era ministrado nas sinagogas pelos rabinos e pelos mestres. Nosso Senhor Jesus foi chamado cinquenta vezes de rabi (mestre).
Nem todos que ensinam na Igreja receberam o dom de mestre, mas o dom de serviço de ensino (Rm 12.7), que está à disposição de alguns membros do corpo. Diferentemente do dom ministerial de mestre (Ef 4.11), possuem o dom de ensino membros que são chamados para ensinar na Igreja: “E os que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem aos outros” (II Tm 2.2). Todo mestre tem que ser um ensinador, mas nem todo ensinador é um mestre.
Ações diaconais: Este dom é exercido por professores de EBD, discipuladores, palestrantes, seminaristas e obreiros. Como ação diaconal, podemos refletir que os que ensinam, devem procurar servir com o seu dom à comunidade na qual estão inseridos. Como reflexão, gostaria de registrar o pensamento de John Milton Gregory: “A verdadeira função do professor é criar condições para que o aluno aprenda sozinho. Ensinar de fato não é passar conhecimento, mas estimular o aluno a buscá-lo. Poderíamos até dizer que ensina melhor quem menos ensina”.
Áreas de Atuação
- Classes de escola bíblica dominical e de discipulado
- Palestras Grupos familiares Estudos bíblicos
- Curso para cooperadores
- Ministério de ensino
Perigos deste Dom
Observa-se nos últimos anos um expressivo aumento na frequência da EBD, tornando-se então urgente a formação de novos professores. Para suprir essas lacunas, as Igrejas estão convidando para exercer tal função pessoas despreparadas e praticamente analfabetas biblicamente, principalmente nas classes infantis, até onze anos. Ali, não poucas vezes, irmãs sem o mínimo preparo pedagógico são convidadas para ministrar como professoras. Contudo, esses princípios ferem a palavra de Deus, orientando no sentido de que os ensinadores atuem com dedicação nas Igrejas (Rm 12.7), manejando corretamente a palavra da verdade (II Tm 2.15), falando só o que convém à doutrina (Tt 2.1), procurando não apenas aplicá-la ao aluno, mas também a si próprio, como professor, para que possam salvar a si e aos que os ouvem (I Tm 4.16).
Dom de exortação
A palavra exortação, do grego “paraklesis”, significa chamada, ordem, consolo ou exortação. Na Bíblia exortação pode ser entendida como uma ordem ou como um dom espiritual. É também uma forma convincente de pregação ou ensino que visa o coração do homem, a fim de que este ensino alcance a consciência e vontade dos fiéis, estimulando-os na fé. Este ensino visa o conforto e a instrução eclesiástica dos que ouvem esta mensagem (I Co 14.3; Hb 10.24-25). “Pelo que vos exortai uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis” (I Ts 5.11).
Toda pregação, seja dos apóstolos, seja dos mestres na Igreja primitiva, continha em seu bojo o elemento da exortação. Esta qualidade ou dom pertence a alguns dos que fazem uso da palavra em público. Como função, todos os crentes têm o dever de se exortar, como nos ensina o escritor da epístola aos hebreus: “Façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima” (Hb 10.25-B), visando o bem da comunidade.
Ações diaconais: Dentro da diaconia, este dom manifesta-se pelo aconselhamento, para conduzir outros cristãos a ter uma fé mais profunda em Cristo. Quem trabalha orientando por meio do ministério de aconselhamento ou pregação deve desenvolver-se com o propósito de entender os anseios da alma humana e saber discernir quando um problema é de ordem psíquica, social ou espiritual. Com essa percepção, quem trabalha com aconselhamento estará preparado para orientar segundo a situação específica de cada pessoa. O exortador, que faz uso do ministério de aconselhamento ou pregação, deve procurar ler livros de psicologia pastoral, para entender os anseios da alma humana. Nos dias atuais Deus continua usando irmãos com este ministério, tanto no aconselhamento, bem como por intermédio de alguns pregadores que Deus tem usado poderosamente no seio das Igrejas nos dias atuais.
Áreas de Atuação
- Exposição da palavra de Deus
- Exercício da profecia bíblica
- Entrosamento de novos cristãos Reuniões de reavivamento
- Trabalho com marginalizados
- Trabalho em presídios
- Aconselhamento
Perigos deste Dom
Em algumas comunidades de fé, exortação virou sinônimo de usos e costumes. Na verdade, a exposição de uma pregação exortativa visa o retorno aos princípios doutrinários da Bíblia e não aos conceitos errôneos impostos por alguns grupos evangélicos. Contudo, aquele que exorta ou aconselha deve conduzir o povo a uma aproximação genuína com Deus, pela exposição poderosa e eficaz da palavra (Os 6.1). Divagando em suas reflexões e porquês num diálogo com Deus, o profeta menor Habacuque, num momento de rara inspiração, lança uma estrofe de seu cântico que deve ressoar em nossos ouvidos como um bálsamo: “Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos” (Hb 3.2-A).
Dom de ofertar
O dom de ofertar é dado a alguns membros do corpo de Cristo para que sejam dotados de uma graça especial, a fim de contribuir com apoio emocional, físico e financeiro, ajudando a sustentar a causa do evangelho, contribuindo com missionários, pessoas com poucos recursos e ministérios com menos recursos financeiros.
No sentido universal, todos os cristãos devem contribuir, como nos ensina o apóstolo Paulo, escrevendo à Igreja de Corinto: “Cada um contribua segundo propôs no coração” (II Co 9.7). Quando a contribuição é exercida de coração, passamos a exercer um ato de generosidade, efetuando então a lei do amor e da reciprocidade. Por isso as ofertas devem ser investidas com o propósito de investimento na obra, devendo o dinheiro ser bem administrado. A ideia primordial deste dom é que aquele que oferece a oferta, não deve gabar-se em suas contribuições, mas seguir fielmente o sábio conselho proferido pelo Senhor Jesus durante o Sermão do Monte: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles, doutra sorte, não tereis galardão junto do vosso pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu pai, que te vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.1-4-ARC).
Ações diaconais: O portador deste dom é alguém dotado de um grande amor pelo próximo, pois busca repartir o que recebeu, não com ostentação, mas com liberalidade, o que traduz a ideia de generosidade, nunca esperando receber nada em troca. Num sentido mais amplo, são os que dispõem de recursos e auxiliam membros e ministérios com ajuda financeira, emocional e física, a fim de suprir a sua carência. Este dom deve ser exercido de forma despretensiosa, e a ideia primordial é que aquele que oferece a contribuição não deve gabar-se de suas contribuições, mas seguir fielmente o sábio conselho proferido pelo Senhor Jesus durante o Sermão do Monte (Mt 6.1-4).
Para Pensar!: Nossas ofertas visam ao reino de Deus ou à construção do reino dos homens? Ofertamos para que sejamos notados na igreja ou oferecemos nossas ofertas como um exercício da diaconia cristã?
Áreas de Atuação
- Igreja local
- Trabalhos sociais
- Sustento de missionários
- Sustento da obra
Perigos deste Dom
Muitos pensam que por contribuir com uma grande oferta ou pagar um dízimo mais alto receberão maior destaque na igreja. O pensa mento claramente contraria o ensino bíblico sobre oferta, sobre dízimo e sobre o dom de ofertar. Na verdade, quem oferta deve fazê-lo como ato de adoração a Deus, e quem possui este dom deve alçar ofertas sem anunciar, mas com descrição e humildade, visando sempre à glorificação do reino de Deus.
Dom de presidir
O dom de presidir é dado a alguns membros da Igreja, relacionando-se com qualquer coisa que envolva uma decisão de supervisão de departamentos e funções específicas dentro de uma administração eclesiástica visando o desenvolvimento da obra de Cristo. Geralmente este dom relaciona-se com a liderança de pequenos grupos. Com o cresci- mento da Igreja, houve a necessidade da departamentalização, surgindo a necessidade do preparo de novos líderes para comandar os departa- mentos. Contudo, deve o pastor da igreja usar cada peça num departamento que esteja de acordo com seus conhecimentos e habilidades para que possa ser um bom despenseiro, conforme o dom que recebeu (I Co 4.1,2) e assim exercer a sua diaconia cristã. Podemos tomar como exemplo o líder de um ministério de adolescentes. Ele deve contar com a graça especial da parte de Deus para trabalhar com pessoas desta faixa etária, devendo ser um amante do conhecimento e de dinâmicas.
Com isso, o líder verá o desenvolvimento de seu serviço culminando no crescimento tanto espiritual de seus liderados, como também no crescimento material de todos. Além dessas habilidades, deve um líder de qualquer departamento ter um grande conhecimento, tanto secular como teológico, para que seja uma pessoa sempre atualizada e não retrógrada: “Persiste em ler” (I Tm 4.13). Rui Barbosa, o maior jurista brasileiro, deixou-nos o seguinte pensamento: “Para ensinar existe um pré-requisito: saber”. Um ditado popular assim nos ensina: “Um homem é formado em cinco anos de acordo com os livros que ele leu, ou seja, nós somos o que lemos”.
O dom de presidir é amplamente observado ao longo das páginas da Bíblia: Vendo que Moisés estava sobrecarregado por causa do crescimento do povo, seu sogro, Jetro, aconselhou-o a constituir líderes de grupos de dez, de cem e de mil, deixando os casos mais graves para ele e Arão resolverem (Ex 18.12-27). Segundo o apóstolo Pedro, também deve um líder administrar um grupo a partir das seguintes diretrizes:
“Nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando- vos modelos do rebanho” (I Pe 5.3). Como líderes, devemos seguir o modelo de administração ensinado por Cristo. O modelo deu certo e foi a base de formação para a maior organização dos tempos modernos, a religião cristã. Vivendo este modelo buscaremos sermos líderes de acordo com a palavra, gerenciando sempre de forma participativa, buscando sempre servir a todos, conduzindo os liderados a uma intimidade com Deus: “Tem cuidado de ti e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Tm 4.16).
Áreas de Atuação
- Liderança de grupos familiares
- Liderança de ministérios
- Treinamento para cooperadores
- Supervisor de área
- Planejamento em longo prazo
Perigos deste Dom
Infelizmente, muitos quando passam a dirigir um ministério ou um grupo de crescimento pensam que são os donos da obra, esquecem-se das pessoas, achando-se autossuficientes, não aceitando conselhos de ninguém, acabando por machucar os sentimentos principalmente de pessoas que estão há mais tempo na igreja.
Entretanto, quando alguém presidir um ministério deve sempre ter uma liderança pautada pelo ensino da palavra, procurando sempre desaprender, reaprender e aprender tudo de novo, para que possa ser um líder que abra espaço à democracia. Outro perigo é o despreparo do líder. As denominações evangélicas devem procurar urgentemente investir em líderes preparados tanto no campo secular como no teológico. Atualmente nossas denominações são frequentadas por pessoas de todas as classes sociais. Essas pessoas não aceitam ser presididas por líderes que demonstram pouco embasamento de ideias científicas e teológicas, sempre pautadas pelo senso comum e não pelo senso científico. Mas acredito que Deus tem levantado uma liderança comprometida com o ‘ide’ de Jesus, aplicando os princípios da adoração genuína, da reflexão cm profundidade e do doutrinamento sem legalismo.
Dom de misericórdia e compaixão
O dom de misericórdia pode ser definido como uma compaixão inibidora ou uma obra feita com consciência e prazer, em vez de ser algo apenas diário, mecânico e por obrigação. Pode também ser definido como a expressão da benignidade da bondade e da compaixão pelo próximo. Nosso Senhor Jesus foi o maior exemplo de misericórdia, deixando-nos claros exemplos ao ensinar as bem-aventuranças no Sermão da Montanha, destacando o exercício da misericórdia: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5.7). Com este ensino sazonal, Nosso Senhor demonstra que para recebermos o perdão e a misericórdia divina devemos viver em paz com todos: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14), não porque queremos, mas porque é mandamento do Senhor (I Jo 4.7,8,20,21). Como um dom, é observado na vida daqueles cristãos que foram chamados para serviços especiais dentro da área da consolação cristã, como trabalho com centros de recuperação, orfanatos, creches, hospitais e associações beneficentes, procurando sempre oferecer uma saída para os problemas dos pobres e excluídos socialmente.
Este serviço cristão também pode ser definido como o interesse misericordioso que sentimos para com outra pessoa. É um sentimento tão intenso que nos envolve na graça de Deus, tornando-nos portadores de uma sensibilidade maior aos dilemas existenciais e ao sofrimento humano. O dom pode ser visto de forma singular na vida do casal Nils e Mary Taranger, missionários suecos que fundaram, na cidade de Porto Alegre, o “Lar Esperança”, que é considerado um dos melhores centros beneficentes da capital gaúcha. Destaque-se também os trabalhos dos centros de recuperação espalhados de norte a sul de nosso país.
Ações diaconais: Os que trabalham nesta área devem servir aos outros com alegria, dando sempre a sua melhor parcela de contribuição ao nobre serviço cristão (Rm 12.8; II Co 9.7), visando sempre à recuperação tanto pessoal como espiritual das pessoas. Este serviço também pode ser definido como o interesse misericordioso que sentimos para com outra pessoa.
O autor lembra com satisfação do trabalho que seus pais, Orlando e Ângela Martins, realizaram juntamente com seus irmãos Leandro e Vitória no departamento social da Igreja Batista Ebenezer, em Florianópolis. Todos os domingos à tarde era realizado um culto especial com pessoas de diversos morros da capital e, após a reunião, era servido um café reforçado. Já nos cultos regulares da igreja eram arrecadados produtos, roupas e mantimentos para distribuição entre a população mais carente da igreja.
Áreas de Atuação
- Ação comunitária
- Ação social
- Trabalhos evangelísticos
- Trabalhos de libertação e recuperação de vidas
- Centros de recuperação.
Perigos deste Dom
Um dos perigos deste dom é a supervalorização da parte social, em detrimento da parte espiritual, como podemos encontrar na Teologia da Libertação, que trabalha de uma forma eficaz pela libertação social dos pobres e excluídos, mas falha na parte espiritual. Contudo, quem trabalha com centros sociais deve buscar um equilíbrio, procurando ajudar as pessoas não apenas na parte social, mas também na parte espiritual, sempre conduzindo-as a um encontro pessoal com Jesus.