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A vã glória dos cristãos liberais

Como pode alguém que se diz “cristão” acreditar e ensinar estas coisas?

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Pedaços de papel bíblico. (Brotherhood)

A teologia é importante porque as crenças estão ligadas ao comportamento. Para além deste facto, a teologia também revela a verdadeira fonte de autoridade que serve como o fundamento último de todos as coisas.

Vou ser fiel à Escritura ou conformar-me com o que é culturalmente confortável? Um exemplo recente disto é o livro, Untamed, de Glennon Doyle, que é o Nº1 na categoria de “auto-ajuda cristã” da Amazon e atualmente o Nº1 na lista de best-sellers do New York Times.

É escrito a partir duma perspectiva vagamente cristã, utiliza as Escrituras, e fala de Deus, fé, cristianismo, e moralidade. Também ensina que se pode encontrar Deus dentro de nós mesmos, promove o relativismo moral, ensina que a sexualidade e o género são fluidos, e culpa a Bíblia por criar uma cultura que oprime as mulheres.

Palpita-me que qualquer Cristão irá ler este primeiro parágrafo com um misto de surpresa e choque. Como pode alguém que se diz “cristão” acreditar e ensinar estas coisas? A resposta a essa pergunta prende-se com o cristianismo progressista.

Os progressistas não são apenas um grupo de cristãos que estão a tentar mudar as ideias sobre questões sociais e políticas. De acordo com os seus líderes de pensamento, autores e oradores mais proeminentes, eles negam frequentemente doutrinas essenciais da fé, o que os leva a pregar um evangelho completamente diferente. Ao pesquisar os seus livros, blogs e podcasts, descobrem-se alguns sinais teológicos que identificam este movimento.

A Bíblia – Um antigo diário de viagens espirituais?

Os cristãos progressistas vêem a Bíblia como um registo do que as pessoas acreditavam sobre Deus nos tempos e lugares em que viviam, em vez da Palavra inspirada e autorizada de Deus. É uma narrativa interessante. Só isso! Acontece frequentemente um cristão progressista expressar desacordo com um escritor bíblico, ou rejeitar as passagens que consideram inúteis.

De fato, o líder progressista Richard Rohr encoraja os cristãos a ignorar, negar, e mesmo abertamente opor-se às Escrituras que são “imperialistas, punitivas, excludentes, ou tribais”. [i]

Isto importa porque se cairmos na tentação de negar ou ignorar as Escrituras que não se encaixam nas nossas ideias preconcebidas sobre quem Deus é e como Ele age no mundo, teremos efetivamente transferido a autoridade da Bíblia para os nossos próprios pensamentos, sentimentos e preferências.

A Expiação – Abuso cósmico de crianças?

Os cristãos progressistas geralmente rejeitam a doutrina do pecado original, trocando-a por um conceito chamado “Bênção Original” ou “Bondade Original” [ii] Se não somos inerentemente pecadores e separados de Deus pelo nosso pecado, a morte de Jesus torna-se mais um exemplo de amor e perdão a seguir do que um sacrifício expiatório que nos reconcilia com o Pai.

Existem várias teorias da expiação que se baseiam nas Escrituras e nos ajudam a ter uma imagem completa do que Jesus realizou na cruz. O Christus Victor ajuda-nos a compreender que Jesus veio para derrotar os poderes do pecado, da morte, e do diabo.  A Bíblia usa a linguagem de “resgate” para descrever um preço a ser pago. A teoria da Influência Moral dá-nos Jesus como um exemplo de amor e perdão a seguir.

A teoria da Expiação Penal Substitutiva ilustra como Jesus tomou sobre si o castigo dos nossos pecados e satisfez a ira de Deus que deveria cair sobre nós. Todas estas teorias se juntam para nos dar uma imagem completa do que Jesus realizou na cruz. Em círculos progressistas, contudo, a ideia de que Deus exigiria o sacrifício de sangue do seu único Filho faz de Deus o Pai para ser uma espécie de abusador divino de crianças.

Assim, nega-se a expiação substitutiva de Cristo. Michael Gungor, músico e anfitrião de The Liturgists Podcast, escreveu: “Gostaria de ouvir mais artistas que cantam a Deus e menos que incluam um Pai a assassinar um filho nesse esforço” [iii] e, “que Deus precisava de ser apaziguado com sangue não é bonito. É horrível” [iv]. Esta teoria obviamente ignora versículos claros como Hebreus 9:22 que afirma categoricamente que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados”.

Esta questão é uma dobradiça teológica essencial sobre a qual gira toda a Teologia Bíblica. Sem a expiação substitutiva de Cristo, não há mecanismo para o indivíduo ser reconciliado com Deus.

Na visão progressista, Jesus vence o poder do pecado e da morte e dá-nos um exemplo a seguir, mas não nos dá nenhuma solução para os pecados que realmente cometemos.

Ressurreição – Evento histórico ou metáfora útil?

Com uma visão menor da Bíblia e uma rejeição da expiação, o próximo dominó a cair será naturalmente a ressurreição.  Se o pecado não nos separa de Deus e Jesus não precisou realmente de morrer para nos reconciliar com o Pai, a sua ressurreição física torna-se um apêndice discutível. Para ser justo, nem todos os cristãos progressistas negam a ressurreição corporal de Jesus.

No entanto, a ação é enfatizada em detrimento da crença. Assim, o que se acredita realmente sobre a ressurreição torna-se de menor importância. Há alguns anos, um popular blogueiro progressista publicou um post sobre como falar aos seus filhos sobre a Páscoa.

Nele, escreveu, “a ideia da história da Páscoa não é se Jesus ressuscitou ou não LITERALMENTE dos mortos. A exatidão histórica, de uma ressurreição corporal não é importante”. Então passou a aconselhar os pais a contar aos filhos que “as histórias não têm de ser factuais para serem verdade”. Muitas vezes a ênfase é deslocada do facto de ser uma realidade histórica para as lições que podemos aprender com a história.

Ora, isto importa e muito porque o Apóstolo Paulo escreveu: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é em vão e a vossa fé também… E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé é inútil e ainda estais nos vossos pecados”. (1 Cor. 15: 14,17)

A verdade do cristianismo permanece ou cai com base no facto da Ressurreição de Jesus ser um acontecimento histórico real. A Escritura diz-nos que se isso não aconteceu, então não temos esperança de salvação. Só nos restará ruína espiritual!

Céu, Inferno e Juízo Final

Façamos um pequeno exercício visual: Vamos olhar para estes elementos da teologia cristã progressista como um conjunto de fundamentos que sustentam uma casa. Sem pecado, expiação e ressurreição, não há lugar para o corpo da casa e para o telhado que seriam o Céu e o Inferno.

Se nunca estivemos separados de Deus em primeiro lugar, qual seria o propósito de enviar as pessoas para o Céu e para o Inferno por toda a eternidade? É por isso que muitos cristãos progressistas acreditam numa forma de universalismo, a ideia de que todos os humanos (e, em alguns casos, toda a criação e até mesmo os anjos caídos) serão salvos e passarão a eternidade com Deus.

Nadia Bolz-Weber disse: “Confesso que sou uma universalista centrada no Cristo. O que isso significa, para mim, é que tudo o que Deus estava a realizar, especialmente na cruz, era a restauração e redenção e reconciliação de todas as coisas e de todos os povos e de toda a Criação – de todos” [v].

Um dos livros cristãos mais populares de todos os tempos é The Shack (A Cabana) que vendeu mais de 20 milhões de exemplares até à data, e passou 136 semanas na lista de best-sellers do New York Times. [vi] A sua influência venenosa na Igreja Evangélica é incalculável. Há alguns anos, o seu autor, William Paul Young, escreveu um livro chamado Lies We Believe About God, que concebeu a teologia que moldou The Shack.

Nele, escreveu que acredita que todos serão salvos, e chama a este ponto de vista “salvação universal”. [vii] Mais uma vez estas ideias são essenciais porque o inferno é a forma de Deus colocar o mal em quarentena para sempre.

Essencialmente, a promessa de Deus de tornar todas as coisas novas, e enxugar cada lágrima dos nossos olhos, baseia-se no facto de que Ele irá lidar com o mal de uma vez por todas.  O Céu é o ápice do grande plano de salvação de Deus – um plano que Ele oferece a todos. É um lugar onde aqueles que depositaram a sua confiança em Jesus passarão a eternidade com o Deus que amam.

Todos são convidados, mas Ele não pode deixar que ninguém leve a sua bagagem de pecado. Se o fizesse, estaria essencialmente a ser solidário connosco, mas seria impotente para nos salvar.  Ser solidário é a visão que os cristãos progressistas têm de Deus. A visão Bíblica é a de um Deus que salva.

Como J. Gresham Machen escreveu, “Um Deus assim até pode libertar-nos do medo do inferno. Mas o Seu céu, estará cheio de pecado” [viii]. O cristianimso progressista é o nadir dos anseios espirituais da humanidade.

Como se pode ver, as crenças teológicas cristãs progressistas não são simplesmente questões secundárias. O movimento cristão progressista está a promover uma Bíblia que não tem fiabilidade, um Jesus que não morreu por nós, e um Deus que não consegue salvar. Dito de outra forma: é outro evangelho – e não a Boa Nova que nos liberta verdadeiramente para a vida eterna com Deus.

Referências

[i] Richard Rohr, The Divine Dance (New Kensington, PA: Whitaker House, 2016), Kindle loc. 2827–2828
[ii] Ver Felten, David. Viver as Perguntas . HarperOne. Kindle Edition, localização 1822 de 5012
[iii] Michael Gungor (@Michael Gungor), Twitter, 25 de Fevereiro de 2017, 9:57 am, https://twitter.com/michaelgungor/status/835549384079093760.
iv] Michael Gungor (@Michael Gungor), Twitter, 26 de Fevereiro de 2017, 16:31 h, https://twitter.com/michaelgungor/status/836010890566725632?
[v] Jesse James DeConto, “Para todos os pecadores e santos”: An Interview with Nadia Bolz-Weber”, Religion & Politics, 28 de Julho de 2015, ttps://religionandpolitics.org /2015/07/28/for-all-the-sinners-and-saints-an-interview-with-nadia-bolz-weber/.
[vi] Larry Getlen, “This Man Wrote a Small Book for His Family-and It Became a Best-Seller,” New York Post, 25 de Dezembro de 2016, https://nypost.com/2016/12/25/this-man-wrote-a-small-book-for-his-family-and-it-became-a-best-seller/.
[vii] William Paul Young, Lies We Believe about God (Nova Iorque: Atria Books, 2017), 118.
[viii] Machen, J. Gresham. Christianity and Liberalism. Kindle Edition location 1813 of 2451.

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