igreja perseguida

Abalo dos sobreviventes é intenso, relatam cristãos sírios

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Um atentado a uma igreja ortodoxa grega no bairro de Dweilaa, em Damasco, capital da Síria, deixou 25 mortos e ao menos 63 feridos no domingo, 22 de junho. A explosão, atribuída pelas autoridades locais a um homem-bomba ligado ao grupo Estado Islâmico, ocorreu durante o culto dominical na Igreja de Santo Elias. No momento do ataque, a Igreja Saint Joseph, localizada ao lado, também realizava uma celebração.

A tragédia causou choque e consternação entre os cristãos da região, que há anos enfrentam perseguição e ameaças de grupos extremistas. Dweilaa é uma área modesta, situada a menos de um quilômetro da antiga cidade murada de Damasco, conhecida por abrigar uma presença cristã histórica.

O sacerdote Baselios, da Igreja Saint Joseph, relatou o momento do ataque: “Eu estava pregando quando os tiros começaram. Depois vieram os gritos. Todos instintivamente se jogaram no chão. O medo era indescritível”, disse. Emocionado, ele contou que uma criança correu até ele após o ataque, dizendo: “Me esconda, padre, eu não quero morrer”.

Segundo relatos locais, muitas crianças ficaram em estado de choque, algumas sem conseguir falar após o ocorrido. “Mesmo sendo um sacerdote cheio de esperança, estou extremamente cansado de continuar lutando”, afirmou Baselios, expressando o esgotamento que atinge grande parte da comunidade cristã local.

Um cristão identificado como Mourad, ligado a parceiros da organização Portas Abertas na Síria, afirmou: “Estou paralisado e sem palavras sobre o que aconteceu ontem em Damasco. Pessoas inocentes participando das orações de domingo, provavelmente orando pelo país e por suas situações pessoais, sendo confrontadas com a morte de seus entes queridos”.

Mourad mencionou que os cristãos continuam a receber ameaças. “Grupos armados espalhados pelo país estão sedentos por mais mortes. Oramos para que a comunidade internacional e o sangue desses mártires defendam os demais cristãos na Síria”, declarou.

Uma jovem que sobreviveu ao atentado disse: “Nada pode descrever o medo que sentimos ontem, a dor pelas pessoas que conhecíamos. Pessoas inocentes foram mortas apenas por serem diferentes em suas crenças, por amarem Jesus”.

O governo sírio condenou o ataque e declarou que o atentado foi o primeiro de grande escala contra cristãos desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024. Até o momento, nenhum grupo assumiu formalmente a autoria do atentado.

Nos últimos anos, a comunidade cristã síria tem enfrentado crescente hostilidade de grupos extremistas, especialmente após a fragmentação do poder central e o aumento da atuação de milícias armadas. Em meio a esse cenário de insegurança, líderes cristãos locais pedem orações e solidariedade.

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