sociedade
Acre é o primeiro estado do Brasil a ensinar budismo e islamismo em escolas públicas
Proposta de ensino religioso plural é pioneira no país
Hoje (21/11), durante a abertura da Primeira Conferência Estadual da Diversidade Religiosa no Acre foi apresentada uma proposta curricular de ensino religioso plural nas escolas públicas.
Promovido pelo Instituto Ecumênico Fé e Política e pela Secretaria Estadual de Educação, na abertura do evento ouviram-se orações de Joaquim Pertiñez, bispo do Acre, e da Mãe Raimundinha, que dirige um centro de umbanda.
O objetivo da conferência é reforçar a identidade dos principais grupos religiosos do Acre e fazer com que a escola pública seja “um espaço democrático e pluralista”. A proposta do Instituto Ecumênico, através de uma cartilha, é capacitar os professores para promover o diálogo inter-religioso, além de estimular entre os alunos a tolerância às diversas expressões de fé.
Os participantes da conferência entendem que o reconhecimento da diversidade religiosa é necessário por causa da grande desinformação e de preconceitos existentes em relação a outras tradições religiosas. Na avaliação deles, existem algumas atitudes fundamentalistas de grupos majoritários cristãos que tem afetado o restante da população.
“Nosso objetivo é a construção da paz, da cidadania, da democracia e do respeito aos direitos humanos”, afirmou Manoel Pacífico, ex-padre e ex-deputado do PCdoB, que hoje dirige o Instituto Ecumênico. Ele explica ainda que sua entidade é “suprapartidária, comprometida com a justiça social e o respeito à diversidade cultural e religiosa”.
Assim como os demais Estados do Brasil, o Acre possuía uma população predominantemente católica, mas nos últimos anos viu um rápido crescimento da população evangélica e dos “sem religião”.
O governador em exercício César Messias e os secretários de educação Daniel Zen (estadual) e Márcio Batista (municipal) também estavam presentes na abertura da conferência.
Márcio Batista defendeu que a cartilha intitulada “Muitos são os caminhos de Deus” seja adotada como proposta curricular para o ensino religioso em todas as escolas públicas do Acre. Daniel Zen afirmou que essa proposta curricular para o ensino religioso provavelmente será adotada no Estrado já a partir do próximo ano.
O Instituto Ecumênico Fé e Política formulou sua cartilha sobre diversidade religiosa depois de quase seis anos de encontros realizados, no primeiro momento, com representantes católicos e evangélicos. Aos poucos, as reuniões passaram a contar com representantes espíritas, daimistas e de religiões afro, como o candomblé e a umbanda. A proposta é que seja ensinada a história e as crenças principais de todas as tradições espirituais, como indígena, islâmica, budista, fé bahai e Seicho-no-iê.
Identificando-se como católico, César Messias destacou a importância dessa disposição ecumênica, reconhecendo o importante trabalho social das igrejas evangélicas no Acre.
Depois, revelou que também costuma participar de cultos evangélicos e de rituais daimistas, onde se faz uso do chamado “santo daime”, bebida alucinógena feita a partir de um tipo de cipó da Amazônia.
“Eu me sinto muito bem quando participo dos cultos da Assembleia de Deus ou quando me reúno com jovens da igreja batista. Mas também me sinto muito bem quando tomo daime. Ninguém pode afirmar que o daime é uma droga. Só sabe o que é o daime quem toma o daime”, afirmou o governador.
Com informações Terra