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Adesão de ex-ateus ao ‘cristianismo cultural’ é fenômeno, avalia teólogo

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O pastor e autor Franklin Ferreira, uma das figuras mais influentes na teologia brasileira contemporânea, publicou um artigo em que reflete sobre um fenômeno que considera “notável”: o crescente número de ateus que aderem ao chamado “cristianismo cultural”.

Ferreira observa que essa visão de mundo, embora não envolva necessariamente uma prática religiosa, valoriza os aspectos morais e culturais da fé cristã, que têm sido transmitidos ao longo das gerações. Ele destaca que, nos últimos anos, ateus conhecidos têm se alinhado a essa perspectiva, reconhecendo a importância da herança moral e filosófica cristã como alicerce da civilização ocidental. Em seu artigo, Ferreira cita o autor prolífico Andrew Murray como exemplo desse movimento.

O teólogo também faz referência a pensadores contemporâneos como o psicólogo Jordan Peterson e o historiador Tom Holland, que argumentam que valores fundamentais como dignidade humana, direitos individuais e compaixão têm suas raízes no cristianismo, mesmo que esses pensadores ainda não tenham uma fé plenamente definida.

Ferreira atribui o crescimento desse fenômeno a uma reflexão existencial, uma busca por sentido diante das incertezas sobre a vida e a existência humana. Ele aponta que figuras como Ayaan Hirsi Ali, J.D. Vance e Paul Kingsnorth são exemplos de ateus que, após experiências de crise existencial e reflexões sobre o vazio do secularismo, tomaram a decisão de se converter ao cristianismo.

Um dos exemplos mais destacados no artigo de Ferreira é o do historiador Niall Ferguson, que se converteu ao cristianismo em 2023. Ferguson, uma das mentes mais respeitadas da atualidade, afirmou que sua conversão não foi uma reação política à ascensão do secularismo, mas sim uma busca genuína por sentido e verdade. Para ele, essa jornada revelou a necessidade de um retorno às práticas religiosas tradicionais, como frequentar a igreja e orar, para fortalecer tanto o aspecto espiritual quanto o social da vida.

Ferreira conclui seu artigo na Gazeta do Povo refletindo sobre como esses exemplos de conversão indicam uma crescente valorização do cristianismo, não apenas como uma religião, mas como um modelo moral e filosófico essencial para a sociedade contemporânea.

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