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Apostasia: Grupo judaico lança Bíblia com Deus em “gênero neutro”

Nova tradução da Bíblia evita pronomes de gênero para se referir a Deus e gera controvérsia.

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Manuscrito do Novo Testamento (Foto: Reprodução/OeAW)

Uma nova tradução bíblica que evita o uso de pronomes de gênero para se referir a Deus agora está disponível através do Sefaria, a biblioteca online de textos judaicos, gerando polêmica nas redes sociais entre aqueles que veem essa mudança como uma blasfêmia.

De acordo com The Times of Israel, a edição revisada da Sociedade de Publicações Judaicas (Jewish Publication Society, JPS) da Bíblia, lançada em parceria com o Sefaria, é a primeira grande atualização da tradução da JPS do Tanach, a Bíblia Hebraica, em quase 40 anos. Até o momento, apenas os livros que compõem os Profetas, a segunda seção do Tanach, estão disponíveis no Sefaria.

Nesse sentido, a nova tradução em inglês se refere a indivíduos usando pronomes que estão de acordo com as normas de gênero tradicionais. No entanto, ao contrário de quase todas as traduções da Bíblia ao longo da história, a nova edição, conhecida como RJPS, não se refere a Deus com pronomes masculinos, nem femininos. Deus é simplesmente referido como “Deus” ao longo do texto.

“A RJPS argumenta que a arte da tradução da Bíblia está sempre em progresso e deve levar em conta não apenas nossa compreensão mais profunda do hebraico bíblico hoje, mas também as mudanças significativas que ocorreram no uso do inglês ao longo das últimas décadas”, disse o diretor emérito da JPS, Rabino Barry Schwartz, no anúncio da nova tradução da Bíblia.

Além disso, Schwartz acrescentou que o Tanach é o texto fundamental do povo judeu, e que eles compartilham o desejo do Sefaria de que todos possam acessá-lo em uma linguagem apropriada e significativa, ao mesmo tempo que permanece fiel ao original.

Desse modo, a nova tradução da RJPS ocorre em um momento em que o debate sobre o uso dos pronomes está cada vez mais presentes no discurso público. Muitos conservadores têm criticado o uso de pronomes neutros, e vários estados liderados por republicanos nos EUA aprovaram leis que permitem que educadores se recusem a usar os pronomes preferidos por seus alunos.

Desta forma, a tradução da RJPS, uma das pelo menos 12 disponíveis através do Sefaria, gerou críticas online de alguns judeus ortodoxos que acreditam que ela não está alinhada com seus valores. Argumentando que a tradução é um exemplo de ideologia política progressista infiltrando-se na religião, alguns disseram que deixarão de usar o site e o aplicativo.

“O Sefaria é um recurso tremendo para o mundo da Torá. Mudar [livros sagrados] para se conformar a ideias ocidentais de igualdade é uma violação inaceitável. Se isso for verdade, não consigo ver as pessoas aprendendo de uma fonte impia”, twittou Yochonon Donn, editor de notícias da revista Mishpacha.

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