sociedade
Casamento em declínio impacta a sexualidade de jovens
Um estudo recente revelou dados alarmantes sobre o comportamento sexual de jovens adultos nos Estados Unidos, destacando uma redução significativa da atividade sexual entre homens e mulheres com idades entre 22 e 34 anos.
Os números, provenientes da Pesquisa Nacional de Crescimento Familiar (National Survey of Family Growth), realizada pelo Institute for Family Studies, mostram que, entre os homens dessa faixa etária, a taxa daqueles que não tiveram relações sexuais no último ano quase triplicou, passando de 9% em 2013-2015 para 24% em 2022-2023. Para as mulheres, a taxa também subiu de 8% para 13% no mesmo período.
Além disso, observou-se um aumento na taxa de virgindade. Entre os homens, a taxa dobrou, passando de 4% para 10%, enquanto entre as mulheres, aumentou de 5% para 7%. O pesquisador Lyman Stone, que conduziu o estudo, ressaltou a importância de focar nessa faixa etária, já que é neste período que muitas pessoas tendem a se casar e formar famílias.
“Para homens adultos jovens, a falta de sexo praticamente dobrou em todas as medidas nos últimos 10 anos ou mais. Para mulheres adultas jovens, aumentou em cerca de 50%”, resumiu.
Mudanças culturais e sociais são apontadas como fatores para essa mudança no comportamento sexual. A psicóloga sistêmica Suzana Stürmer, da Igreja Presbiteriana Renovada – Família da Fé, de São José (SC), afirma que o comportamento dos jovens reflete uma transformação profunda nos valores sociais, mencionando fatores como a pornografia, o individualismo e a mentalidade consumista. “Os avanços tecnológicos que levaram tudo para o online aumentaram muito o imediatismo e a mentalidade de descarte”, destacou.
O declínio do casamento é outro fator que influencia essa redução na atividade sexual. Um estudo de 2023 do Pew Research revelou que um número recorde de adultos de 40 anos nunca se casaram nos Estados Unidos. Com o adiamento do casamento e o crescente número de jovens que optam por evitar ou adiar relacionamentos, a sexualidade também tem sido afetada.
Patrícia Fernandes da Cunha, da Comunidade Ebenézer, em Ibirubá (RS), ressaltou que a decisão de preservar a sexualidade deve ser uma escolha consciente, com base em valores cristãos, e não imposta externamente. “Eu digo não porque quero honrar a Deus. Eu digo não porque vou me preservar, mantendo minha integridade física, emocional e espiritual”, explicou.
A psicóloga Suzana Stürmer também destacou como a sociedade tem moldado a percepção dos jovens sobre sexualidade. “Essas coisas geram diversas consequências, como insegurança, comparações, medos, ansiedades, isolamento, depressão”, afirmou. Ela também observou que, na geração atual, a carreira e as finanças muitas vezes são colocadas como prioridades em relação a encontrar um parceiro e formar uma família.
Diante desse cenário, a pastora Patrícia Fernandes defende o papel da Igreja em apoiar os jovens a lidarem com essas questões de maneira equilibrada. “O desafio da igreja hoje é ajudar essa geração a sair do ciclo de isolamento e medo, e conduzir esse jovem a uma compreensão saudável da sexualidade e dos relacionamentos, tudo isso baseado na verdade da palavra de Deus”, afirmou.
Além disso, a pastora enfatizou a importância do aconselhamento pré-marital: “A Bíblia fala que as mulheres mais velhas devem aconselhar as mais novas”, lembrou, recomendando o livro O Ato Conjugal como uma boa fonte de orientação sobre a sexualidade no casamento.
Suzana Stürmer, por sua vez, reforçou a necessidade de um resgate dos valores cristãos sobre o casamento e a sexualidade dentro da Igreja. “Quando a taxa de divórcio entre cristãos e não cristãos se iguala, isso se torna um sinal alarmante de que boa parte da Igreja ainda não compreendeu o propósito da aliança matrimonial e da sexualidade segundo o coração de Deus”, concluiu, de acordo com a Comunhão.