devocional
Como Deus usou meu ex para me ensinar a ser noiva
O propósito (é) real.
Acabou; siga sua vida; não dá mais; é a distância; você não é o problema, o problema sou eu; tentamos, mas não deu; seremos amigos! Ouvir algumas dessas palavras quando rompemos um namoro é tão confrontador na ocasião, não é? O chão se abre, o nó da angústia se forma, o desespero bate, a lágrima é incontrolável e o rendimento das nossas atividades diárias caem.
Aquele dia se torna longo, e achamos que seria o pior da nossa vida – levando em consideração minha personalidade dramática. Queremos correr, mas nem sabemos o destino, afinal o pensamento nos acompanharia.
Os primeiros dias não passam: são equivalentes a meses, a anos, a séculos. E durante esse tempo, oscilamos tanto entre raiva, culpa, orgulho, certezas, dúvidas, recaídas e conformação. Para piorar, acordamos e a ansiedade nos atraí às redes sociais para ver se há uma mensagem de arrependimento ou de reconsideração. Mas tudo que nos deparamos são com frases (des)motivacionais: “você tem tanto cuidado de não magoar as pessoas e no final elas te magoam” ou “decepção, o preço que você paga por acreditar demais nas pessoas”.
Isso só alimenta uma alma ferida emocionalmente e carente de plantão, apesar de esperançosa. Se não bastasse, os trechos desses livros e músicas vazias são compartilhados a fim de atingir um alvo. Qual o objetivo disso meu Deus?
Quando entrei nesse embate, minha direção “cega” foi recorrer a igreja, porque já tinha ouvido falar que lá eu encontraria um “Deus bom”. A priori, essas idas eram somente de corpo presente, pois o ambiente apesar de ainda ser cinza, no mínimo auxiliaria passar aquela dor. Naquela ocasião, o certo seria orar. A compreensão “do real” é quase impossível e limitada. Dificilmente, ao término de uma relação, paramos para refletir quem somos ou o quão antecipada fomos, mas maquinamos quem seremos daqui para frente.
Cometi esse erro (pela imaturidade espiritual da época), e comecei a confeccionar uma proteção negativa após a “decepção”. Idealizei uma nova pessoa segura, menos boba, firme, auto suficiente e confiante, capaz de viver sozinha para o resto da vida (longe de reconhecer minha parcela de falhas). Com isso, eu pretendia me escudar dos próximos e assim evitar novos pesares. Mal sabia eu que estava formando outros. Adquiri uma aversão tão grande a relacionamento que gerou sérios problemas em me ver e de entender o princípio da “noiva de Cristo” (e olha que não cheguei nesse estágio no plano material).
Minhas etapas na igreja iam sendo vencidas, parecia um jogo de videogame (cheio de desafios e confrontos). E fui experimentando lugares que eu não conhecia, mas gostava de adentrar ali. No entanto, tudo que eu gostaria de ter ou de saber eu recorria a Deus e ao Espírito Santo. Isso porque inconscientemente, eu acreditava que me relacionar com “meu noivo” Jesus, poderia ser um sítio de sofrimento e de prisões. Eu imprimia um medo e limitava-o a um ser “comum”, e por isso, não confiava.
Quando conheci o esconderijo do Altíssimo (Salmo 91:1), Ele me disse que nesse ambiente eu o encontraria todas as vezes que eu fechasse a porta do meu quarto. Mas para me relacionar “lá fora” seria com Jesus, com a direção e testificação do Espírito Santo. Cada um na sua função, apesar de serem um só! Resisti ao ensinamento, mas me rendi. Comecei a aceitar esse encontro com meu “noivo” e hoje o nível tem sido outro.
Enquanto isso, no plano físico, eu me tornei alguém que não sou e isso me fez falhar com pessoas incríveis a meu redor (inclusive amigos). Atualmente, estou resgatando a essência que um dia permiti que fosse roubada pelas mentiras de satanás. Não pretendo me apresentar como uma Larissa que não existe, e não acho justo – por enquanto – alguém experimentar dessa protagonista criada sob a falsa égide do “eu escolhi esperar” (ministério incrível para solteiros).
No passado, minha tendência foi achar um culpado para o meu sofrimento e lancei toda a responsabilidade e cargas daquela tristeza profunda em pessoas. Me perdoem! Mas a realidade que aprendi aos longos desses muitos anos e de poucas experiências é que a grande responsável pelas minhas emoções, sou eu mesma. A opção de me instalar na aflição sempre foi minha e a culpa de me tornar ásperas não está no passado e nem em Deus, está no meu presente (se eu perco a chance de fazer diferente).
Por isso, minha relação com Pai era desequilibrada e com “o próximo” blindada por um vidro temperado. Eu não apostava nas pessoas porque elas não desfrutariam de uma amiga, amorosa, carinhosa, falante, alegre e leve. Só restava um lugar para uma mulher de dureza nas palavras e de frieza no coração. Mas mesmo assim, investi numa história, onde o sentimento ia chegando e junto com ele veio aquela guerra interna entre se doar ou se controlar. O problema era meu, estava em mim, e ouvi isso dele foi o “start”.
Por orgulho, eu “dei de ombros” até enxergar com meus próprios olhos ao me deleitar na presença do Senhor no ambiente de confronto. O Pai me dizia que nunca devemos usar o final de um relacionamento em nosso desfavor (seja pela perda por morte, seja pela incompatibilidade de genes ou seja qual for a circunstância alheia à sua vontade). Pelo contrário, devemos usar para amadurecermos enquanto mulheres (saindo do estágio menina). E, também, por ser uma estação de transição espiritual, o que menos importa é o que eles fizeram. O real valor é manter seu cheiro agradável ou descobrir que você o tem.
Foi isso que falei para uma amiga e que me fez acordar também. Devemos aprender a não errar na próxima, e depositar nossas emoções primeiro nas mãos de quem sabe cuidar delas. Assim, viver com mais intensidade do que nos doamos ao anterior é mais simples, pois agora há Jesus nas entrelinhas. O “seguinte” não tem culpa de eu não ter gerenciado direitinho minhas emoções pretéritas e muito menos daquela relação não ter fluído para alianças mais profundas. O “seguinte” precisa conhecer alguém digna do envio de Deus para vida dele.
Hoje eu escrevo para agradecer “ao ex”, e para dizer que aquele encontro foi proposital, e há louvor nisso. O intento (na minha vida) foi eu reconhecer a voz daquele com quem me relacionaria no profundo, que mudaria os meus cenários, que agiria nos meus vazios, que transformaria minha ferida em legado de cura para outras pessoas através das letras, que bradaria a última palavra porque só Ele entende o oculto, que cuidaria de um soldado ferido e depois o condecoraria com altos valores.
Há dois anos, Deus está me dando a chave “Jesus” como base de relacionamentos. Eu estou conhecendo “meu pretendente” na real desde então, e entendi que o noivo sempre me esperou no altar, eu que não avançava o passo até Ele. Compreendo que preciso restaurar primeiro o relacionamento na vertical, para eu ser capaz de encarar um outro na horizontal.
Para arrematar, eu te encorajo buscar ser uma “noivinha em folha” em outro lugar que não seja os braços de um homem, mas de um Pai que se relaciona para nos curar e nos resgatar, até que conheçamos “Boaz” – o remidor (Rute 4:1). E se em 2020, eu abri meu coração trará luz aos desígnios de Deus para sua vida assim eu obedeço, porque queremos viver o novo.
O Pai não escolhe pessoas, Ele une os propósitos (assim vejo). E nessa “frustração” lá detrás, Ele me levantou me galardoando com uma poderosa lição: conhecê-lo, para me relacionar com o Filho e ser guiada pelo Espírito Santo, e de quebra ganhei um coração de carne (Ezequiel 36:26) que está cicatrizando. Posso garantir que foi difícil passar tudo aquilo, mas valioso.
Agora eu capto que interpretei tudo erroneamente. O altar, o vestido de noiva, as bodas, o amor, o relacionamento para sempre, a festa, a alegria, as heranças e as flores iam existir, mas o noivo nunca seria “um ex”. Eles foram somente as pessoas que nos impulsionaria a conhecer o verdadeiro, o caminho e nossa vida (João 14:6), um flecheiro que nos lançaria para o alvo. Como não remercear? Somos noiva sim, mas não como imaginávamos que seríamos (Apocalipse 19:6-8).