opinião

Como ratos de laboratório

Controle, ocaso e a libertadora percepção correta da realidade

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É imprescindível que em dias confusos como os nossos possamos ver as coisas do jeito mais certo possível. A busca deliberada e consciente da percepção correta da realidade pode, incrivelmente, soar pretensioso, ufanista, em nossa sociedade. Isto porque, dentre os hábitos ruins que criamos, socialmente, um dos que deveríamos imediatamente nos desfazer é o de que ir de encontro a muito do que é defendido no senso comum é “algo ruim”. Às vezes o senso comum está tão envenenado, que a única maneira de avançarmos como civilização é justamente irmos na direção oposta. É, às vezes, nos despirmos daquilo que nos obriga desde cedo ao modo como vemos o mundo.

Para isso, a História tem nos ensinado, através de inúmeros exemplos, que é necessário pensarmos “fora da caixa”, abstendo-nos dos padrões estabelecidos. Normalmente, a força que nos move a tal empreitada é externa e, quando se percebe os padrões aos quais estamos submetidos, entendemos que mais do que pilares que julgávamos nos protegerem, na verdade aqueles padrões eram barras de ferro que nos aprisionavam, e então é a hora de pegarmos as ferramentas que nos fazem vê-las e as cortarmos, pois teimam em se impor como “protetoras”, “o único meio”, “o que nos protege”, “a ordem natural das coisas”. É precisamente essa ação aprisionadora em que se constituíram movimentos que, historicamente, se insurgiram sutilmente no status quo estabelecido, moldando-o paulatinamente ao seu próprio modo, destruindo moral, social e culturalmente as civilizações nas quais se instauraram.

A luta anticristã que se trava hoje, em toda a civilização ocidental, é talvez o ápice do que aponto aqui, como as barras de uma cela. Absurdamente paradoxal, acontece a olhos vistos e, mesmo assim, é dificilmente percebida, inclusive por muitos cristãos. Obviamente que não podemos dissociar a “religião” de todos os outros fatores civilizacionais, como educação, cultura, política, economia, etc. Mas, convenhamos que os que perpetram destruir o cristianismo no ocidente têm logrado um êxito enorme em anestesiar a percepção da realidade da sociedade, de um modo geral, ao ponto de elegerem atores políticos, sociais, culturais que defendem agendas flagrantemente anticristãs e, ainda assim, confunde-se o que é e o que não é cristão, ou se essa ou aquela ação é ou não “de origem cristã”, justamente porque não se sabe, grosso modo, o que provém de um princípio genuinamente cristão e o que não provém.

Creio piamente que, se não fosse a chamada “onda conservadora” que freou o tsunami social-liberal que encheu o ocidente de todo o tipo de preceito estranho, muitas de nossas sociedades ocidentais já teriam sido irremediavelmente destruídas, literalmente. Confunde-se, no ocidente, o direito de defender a sua vida e a de sua família, o direito basilar da defesa, com “ferocidade assassina”. Não é à toa que temos ladrões, bandidos que invadem casas ou estabelecimentos comerciais com o intuito de “matar, roubar e destruir” e, por algum milagre, são surpreendidos com uma defesa que não esperavam, até e devidamente com armas de fogo, e se sobrevivem, processam os que se defenderam, invertendo absurdamente os papeis, passando de algozes sociais a “vítimas” e, o que é mais incrível, ainda conseguindo o apoio irrestrito de parte da sociedade, principalmente das autoridades civis e religiosas.

Quando você tem, entre os veículos de comunicação, alguns dos mais destacados do mundo até, a insistência em se chamar o “belo” de “feio”, o “preto” de “branco”, o “amargo” de “doce” e vice-versa, e a população corretamente admite não aguentar mais inversões que claramente vão de encontro à realidade, percebe-se que a questão transcende e muito uma mera discordância de opiniões. A questão envolvida é a completa inversão da realidade, com atores fingindo que não são atores, nas tv´s e na mídia em geral, admitindo teatralmente que o “errado” é “certo” e por aí vai. Ao vermos apresentadores teatralmente horrorizados, no horário nobre das tv´s, entrevistando psicólogos, psiquiatras, filósofos, antropólogos, por causa de um homem com quase dois metros de altura, ridiculamente vestido de mulher, tendo um ataque histérico porque em determinada loja foi chamado de “senhor” e não de “senhora” e isso vira um assunto midiático da mais alta urgência, então está na hora de dizer a quem está por trás da mídia (que geralmente é também que está por trás do show business do entretenimento) que seu projeto de inversão da realidade extrapolou os mais absurdos devaneios de controle social. Se discordo de um absurdo desses e ainda sou chamado de “intolerante”, então a mudança na luta pela percepção da realidade chegou ao seu ápice, sendo um momento crucial para a nossa civilização.

Os exemplos são inúmeros e poderia passar o dia inteiro, neste espaço, elencando-os, mas seria apenas mais do mesmo. A prova de que a correta percepção da realidade tem se tornado a pauta da vez pode ser ilustrada pelo fato de que alguns dos principais agentes perpetradores dessa gigantesca onda civilizacional anticristã ocidental estão vindo a público, mais frequentemente, demonstrar como aquela foi longe demais. São apresentadores de programas humorísticos, cantores, até políticos que, recentemente, surpreenderam a muitas pessoas por apresentarem uma insatisfação com o rumo com que as coisas estavam tomando. Dão exemplos particulares que os levaram a expressar sua insatisfação e a denunciarem o status quo dominante e alguns até compraram disputas sérias com seus pares de mídia ou na política.

Isto porque para eles, assim como para uma parcela cada vez mais crescente da população, não é possível compreender como alguém pode “se sentir ofendido” porque se fala, por exemplo, que “Lula é um ladrão e chefe de um esquema criminoso que ajudou a destruir o Brasil”, em várias áreas. Sim, observe: ele está preso com uns 1.500 kilos de provas e evidências contra sua pessoa, bem como toda sua ex-cúpula de assessores, todos recebendo sentenças que acumuladas passam de dois mil anos de condenação e, ainda assim, se se diz que aquelas pessoas montaram esquemas criminosos monstruosos, há ainda uma parcela social muito significativa que “se sente ofendida”, posto que esta(va) estabelecido que “todo mundo podia se indignar com a corrupção, desde que a indignação não se voltasse à liderança política esquerdista que dominava o país”. Este foi o cúmulo da tentativa de absoluta mudança da percepção da realidade a que fomos submetidos, como ratos de laboratório. Indo de nossas celinhas à comida que se colocava diante de nós, íamos e vínhamos, com os eletrodos de choque sendo acionados, caso ousássemos tomar um caminho diferente daquele proposto pelos cientistas e engenheiros comportamentais que apertavam o botão de “choque”. Estávamos, como sociedade, caminhando a passos largos para um colapso civilizacional irreversível, com a completa alienação da realidade: o ponto alto do projeto de inversão total do modo que deveríamos ver o mundo.

Graças a Deus Todo-Poderoso, que ouviu o clamor do seu povo; pois ao menos uma parcela que, diferente da maioria que não sabe bem a quem recorrer, pediu, intercedeu e clamou àquele que não dorme, que apesar de ter sido afastado dos corações e mentes dos homens por todos os que tentam desesperadamente orquestrar a sociedade conforme seus devaneios de controle e de grandeza, não permite que o lixo civilizacional se acumule ao ponto de nos sufocarmos nele. Ele, esse Deus tão combatido pelas lideranças políticas de nosso tempo, que tentam colocar em seu lugar  sistemas políticos e sócio-culturais que se tem revelado monumentais fracassos – vide o comunismo político no mundo -, está atento ao clamor de seu povo e suas misericórdias são, realmente, como nos diz o profeta, “a causa de não sermos consumidos”. Ele ocasionalmente intervém e liberta os “ratinhos” dos laboratórios sociais em que se encontram, e estes fazem uma tremenda confusão, deixando as coisas como elas devem ser. Pois nem ratos nem quaisquer outras espécies têm de estar com eletrodos nas suas cabeças, sendo controlados. E graças a Deus, estamos vivenciando, hoje, um desses períodos libertadores, que só são possíveis mediante a vontade incontrolável de uma correta, genuína e necessária percepção da realidade.

 

 

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