opinião
A desobediência que agrada a Deus
Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi. Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Mt 21.28-31
Esta parábola faz parte de uma série de comparações que permeiam todo o capítulo, onde Jesus ensina que “ser religioso” não é garantia de salvação e nem mesmo o foco do verdadeiro Evangelho de Cristo.
No texto supra citado Jesus faz menção a um Homem ( O Pai ) que tinha dois filhos, o primeiro representando o judeu religioso que prontamente respondeu com um sim, ao convite de ir trabalhar na “Vinha” ( O Reino de Deus ). Mas sua atitude posterior foi completamente contrária à manifestação inicial. O sim tornou-se em não.
Jesus estava denunciando o sentimento religioso de proprietários dos oráculos Eternos. O sim, dito impensadamente, acompanhado do “Senhor”, demonstra o circulo vicioso e rotineiro que o judaísmo havia se enveredado. O “Trabalhar na Vinha” havia sido substituído por politicagens, ritualismos, compra e venda de benefícios e um modo de vida dos líderes baseados em : “faça o que eu mando e não faça o que eu faço”. Eles estavam sempre prontos para testemunharem sua religiosidade exterior em público, seja por suas falácias ou trajes, rostos desfigurados pelos jejuns ou esmolas propagandeadas.
O sim, dado como resposta, havia se transformado em uma frustrante espera do Pai, o Dono da Vinha. O sim que até hoje resulta em Não.
Contra todas as expectativas surge a figura de um segundo filho ( Os Gentios não Judeus).
Jamais, aos olhos dos religiosos de Israel, Deus poderia ter algum tipo de relacionamento com alguém que não fosse um guardião da Lei, não andasse segundo os preceitos cerimoniais, alimentares, comportamentais e morais que Moisés havia deixado. Tanto é que quando o segundo filho fora conclamado a trabalhar na “Vinha” prontamente respondeu que “não”.
O primeiro filho (representando os Judeus) disse sim porque se achava no direito de trabalhar na “Vinha”, pois sentia-se herdeiro milenar com profundas implicações espirituais. Tinha direito por ascendência sanguínea Abraâmica. Ainda que não fizesse nada pela “Vinha” (pensava ele), Ela era sua por promessa. Entretanto nada fizeram pela propagação do Reino, ao contrário, fecharam sua portas aos homens.
O segundo filho (o pecador gentio) sabia que não teria como arcar com tamanha responsabilidade e que seu estilo de vida pecaminoso jamais poderia colocá-lo próximo aos projetos e planos do Pai, o Dono da “Vinha”. Respondeu então que não iria.
Porém, a chave de toda a compreensão da parábola está no final do verso 30:
“…mas depois, arrependendo-se, foi. …”
O não se transformou em Sim. O arrependimento que vem pelo Espírito Santo de Deus tem este poder.
Em verdade este é o tema de todo o Evangelho. Arrependimento.
Assim como o segundo filho sentiu-se indigno de ir à “Vinha”, uma reflexão a mais nos faz enxergarmos a Cristo que se fez indigno para que, por sua indignidade, nos aproximasse do Pai.
O céu não pertence aos consanguíneos terreais e nem mesmo a grupos religiosos. Ao contrário, o Céu pertence aos desobedientes que um dia se arrependeram e entenderam que dignidade não se conquista, mas nos foi amorosamente dada, por Graça, na Cruz do Calvário pelo amado Filho de Deus.
Jesus encerra, então, esta parábola confirmando que o Céu pertence aos “Indignos Arrependidos”, Publicanos e Prostitutas (as duas classes sociais mais discriminadas e abominadas pelos Judeus)
“-Em verdade vos digo que as meretrizes e os publicanos entram adiante de vós no Reino de Deus” v.31
Lembre-se, o Senhor prefere um desobediente pecador que se arrependeu do que um “santo religioso” hipócrita, que vive prometendo e nunca produz para o Reino.