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É na pandemia que mais precisamos da igreja

Direito Religioso a série: vivendo em tempos de pandemia.

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Pastor sentado no púlpito da igreja. (Ben White / Unsplash)

“E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.” (Gálatas 6:9)

Além da perseverança na realização dos cultos das formas mais criativas possíveis, nestes tempos tão difíceis de pandemia, incluindo o investimento em plataformas digitais e redes sociais, muitas vezes tecnologias desconhecidas e distantes da liderança, a Igreja também tem sido perseverante na persecução do bem comum, aquilo que entendemos como vocação social da Igreja.

Para o cristianismo, a cidade dos homens e o corpo físico também é importante. O cristão entende que alma, corpo e espírito estão metafisicamente ligados, desde o momento da concepção e que o mundo sensível ou a criação, não é intrinsecamente mal, mas tornou-se mal como resultado da depravação total em Adão.

O próprio Deus, na pessoa divina do filho, encarnou e esteve em nós na plenitude dos tempos e, através dEle, existe redenção, inclusive para o corpo físico: “Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre (1º Ts, 4. 16-17)”.

Aquele papo “super espiritual”, para não dizer asceta, que a “carne” deve ser abominada, confundindo o uso indevido das vontades e paixões humanas que, daí sim, refletem carnalidade, foi condenado pelo país da Igreja, tais como Irineu de Lion em sua obra Contra as Heresias, bem como Agostinho de Hipona na obra Contra Manicheos e tantos outros, inclusive os próprios apóstolos condenaram essa ideia de que a carne é intrinsecamente má: “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus (1º João 4:2)” e “Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças (1 Tm 4:4)”.

Assim, a fé cristã, além da natural transcendência, também se preocupa com a imanência, aliás, nos dois mandamentos que resumem toda a lei e os profetas, percebemos a transcendência no primeiro e a imanência no segundo, veja: “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mateus 22:37-40)”.

Logo, a preocupação da igreja com o carente e com a cidade é bíblica e sempre foi uma prática comum entre os cristãos, desde a igreja primitiva. Não deixam de ser fruto da confissão de fé e também foram alcançadas pelo processo de novas ideias: a Igreja não parou. Na verdade, ela triplicou seus esforços, conforme comentamos em um bate – papo com a jornalista Madeleine Lacsko:

Igreja e cidadania

A explicação para isso é muito antiga e simples: Cristo deixou para nós um modelo de vida, que está registrado na Bíblia Sagrada, que é a regra de conduta e fé da Igreja. Dentre essas diretrizes, confirmadas pelos Apóstolos, está a ajuda ao próximo: quer ele faça parte da mesma comunidade de fé, quer não.

É por isso que a Igreja é uma promotora de dignidade da pessoa humana, quiçá, a maior de todas. Além dos seus esforços em ajudar aqueles que ficaram sem emprego e renda no período da pandemia, é, também, um agente no processo restaurativo daquele que comete um crime, fato este reconhecido no Estado Democrático de Direito brasileiro, na figura da assistência religiosa, prevista no artigo 5º, VII da Constituição. A religiosidade dá ao homem dignidade, a partir do momento que prega que fomos criados a imagem e semelhança de Deus.

A missão da Bíblia em tempos de pandemia na saúde e ataque às liberdades fundamentais

Ademais, com a pregação religiosa e a anunciação da redenção, vemos o espalhar de esperança aos homens: e é por isso que a pauta do sentimento religioso precisa ser visualizada em sua amplitude, uma vez que, a exemplo do Cristianismo, a religião responde as principais perguntas do ser humano, desde o “quem eu sou?” até o “qual o meu fim supremo e principal?”.

De fato, antes da primeira vinda de Cristo, os homens já buscavam responder a essas perguntas. Não é à toa que são temas recorrentes no debate filosófico, e em uma Pandemia, crescem mais do que fogo na mata seca: grandes fatalidades nos fazem refletir sobre a nossa existência, nossa vocação e como encaramos a morte.

Para isso, também pensamos em um bate-papo sobre Dignidade Humana, com Dr. Jonas Madureira:

Até o próximo texto de nossa série, vivendo em tempos de pandemia!

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