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Entenda por que a Páscoa muda de data todo ano
Assunto foi motivo de controvérsia em vários momentos da história.
A sexta-feira de Páscoa este ano é celebrada no dia 10 de abril. Em 2019, foi no dia 19 do mesmo mês. Isso ocorre por que, na verdade, trata-se de um “feriado móvel”, que pode variar a cada ano entre 23 de março e 24 de abril.
Isso ocorre por que é usado um sistema complexo, desenvolvido para tentar acomodar calendários diferentes, uma vez que a Páscoa Judaica é determinada pelo calendário bíblico, lunar e com ciclos de 28 dias.
O calendário ocidental (gregoriano) não combina com os ciclos astronômicos, por isso há uma grande variação.
“Durante milhares de anos vêm sendo feitos cálculos e ajustes na tentativa de coincidir os calendários artificiais com a astronomia. Mas, exatamente pela falta de uma combinação precisa entre eles, são necessários cálculos complexos para se determinar o dia exato do equinócio e da lua cheia”, explica Marek Kukula, astrônomo no Observatório Real de Greenwich, em Londres à BBC.
Na Idade Média, após a famosa briga da Igreja Católica com Galileu, por conta de divergências sobre os estudos de astronomia divulgados por ele, o Vaticano determinou a construção de seu primeiro observatório em 1774.
O estabelecimento da data da Páscoa não é necessariamente o mesmo para cristãos e judeus. Os ortodoxos, por exemplo, usam o Calendário Juliano em vez de aceitar o que foi estabelecido em 1582, pelo papa Gregório, chamado de gregoriano. Por isso, as igrejas ortodoxas, celebram a Páscoa e o Natal em datas diferentes das tradições ocidentais.
Segundo o Antigo Testamento, a Páscoa era celebrada em 14 do mês de Nissan, marcando a fuga dos judeus do Egito, liderados por Moisés cerca de 3500 anos atrás.
Com a morte e ressurreição de Jesus, além de comemorar o livramento do Egito, os cristãos lembram a morte e ressurreição de Cristo , o cordeiro pascoal. No ano 325, quando o cristianismo já era a religião oficial do Império Romano, a data da Páscoa foi unificada pelo Concílio de Nicéia.
Passou a ser comemorada no primeiro domingo depois da primeira lua cheia que ocorresse após o equinócio da primavera (ou na mesma data, caso a lua cheia e o equinócio ocorressem no mesmo dia).
Esse concílio era uma tentativa do imperador Constantino de unificar as normas e a tradição cristã. O problema é que a astronomia romana não era tão desenvolvida e a festa estava relacionada ao ciclo lunar do calendário judeu.
O astrônomo Robert Cockcroft, da Universidade McMaster, no Canadá, lembra que esse “problema” foi resolvido quando se fixaram “datas eclesiásticas”, diferentes das datas astronômicas.
“Se a lua cheia ocorrer durante o equinócio, os cálculos eclesiásticos tendem a forçar a próxima lua cheia para determinar a data da Páscoa”, revela.