estudos bíblicos

Erros eclesiásticos: proibição na Ceia do Senhor

Nenhum líder tem autoridade dada por Deus de proibir um cristão de cear.

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Dando prosseguimento à série “Erros eclesiásticos”, desta feita iremos falar sobre a prática que há em certas igrejas evangélicas de proibir que membros de outras denominações cristãs participem da Ceia do Senhor. Afinal, esse impedimento é bíblico? É o que vamos ver.

Já fui membro de uma determinada denominação cristã que recentemente se tornou centenária em solo brasileiro. Entre tantos questionamentos que me surgiram ao longo dos treze anos que vivi e convivi nessa igreja, um deles foi a prática de se proibir membros de outras igrejas evangélicas de tomarem o pão e beberem o vinho. Isso me causava tristeza e, de certa forma, “perturbação”, pois, se a Bíblia nos manda viver em comunhão com os nossos irmãos em Cristo (Salmo 133.1; João 13.34-35), como aquela igreja poderia praticar essa exclusão e, ao mesmo tempo, estar agradando a Deus?

Durante o tempo de minha permanência nessa denominação, procurei entender o real motivo da proibição, mas nenhuma das argumentações que ouvi por parte dos líderes foi respaldada pelas Escrituras. As mesmas sempre se fundamentavam em normas de homens. O que foi me deixando ainda mais convicto de que eu estava diante de uma atitude sectária, pois, em momento algum, encontro na Bíblia apoio para a exclusão de irmãos de outras igrejas na reunião do partir do pão (Atos 2.42).

Para identificar e condenar o erro eclesiástico de se impedir a comunhão com os irmãos em Cristo de outras denominações na Ceia do Senhor, iremos, objetivamente, analisar os principais textos bíblicos referentes a essa solenidade.

Encontramos a narração da primeira Ceia nos evangelhos escritos por Mateus, Marcos e Lucas. E, nessa ocasião, os convidados foram apenas os Doze apóstolos (Mt 26.20; Mc 14.17; Lc 22.14), embora saibamos que Jesus tinha milhares de discípulos. Todavia devemos compreender que o Senhor estava preparando os seus sucessores, aqueles que, posteriormente, desenvolveriam a escola apostólica alicerçada no próprio Cristo: “e perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42). Talvez este aparente exclusivismo de Jesus tenha despertado o ego desses líderes precipitados, os inflamando, a partir de uma interpretação temerária das Escrituras, a praticar essa segregação. Porém, quando analisamos 1 Coríntios 11.23-32, essa atitude carnal é desmascarada.

A carta de Paulo aos Coríntios foi enviada para os irmãos em Cristo, ou seja, para aqueles que professavam servir a Jesus: “à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos” (1 Co 1.2). Logo, assim como ocorreu na primeira Ceia, só devem participar dela quem realmente confesse Jesus como Senhor e Salvador. Aqui identificamos um critério fundamental para essa ordenança: o de que pessoas que não são cristãs não devem fazer parte dessa comunhão (1 Co 10.16).

Identificando a legítima proibição, que é para pessoas ímpias e para aquelas que não confessam Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas, refutamos claramente a falácia de que crentes de outras denominações evangélicas não devem cear em determinadas congregações. Sendo assim, quem e o que, de fato, pode proibir um cristão de cear? Vejamos o que diz 1 Coríntios 11.28: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice”. Observemos que o próprio cristão deve fazer um autoexame, pois, se ele estiver em pecado, “será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para a sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor” (1 Co 11.27, 29).

E o que pode acontecer com uma pessoa que participa da Ceia do Senhor vivendo uma vida de pecado? 1 Coríntios 11.30-31 explica: “Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem [morrem]. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados”. E quem faz esse julgamento e executa o juízo? O próprio Deus: “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Co 11.32, grifo nosso).

Nenhum líder tem autoridade dada por Deus de proibir um cristão de cear; porém, deve sempre advertir os presentes com relação ao perigo de serem penalizados por Deus: com a ausência de Sua presença (fracos na fé), com enfermidades permitidas (doenças físicas) e com o juízo divino de morte (falecimento).

Até o próximo texto da série.

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