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‘Escolhi Esperar’ pode arruinar juventude cristã, opina escritora
No contexto cristão, especialmente entre evangélicos, relacionamentos amorosos e sexuais são frequentemente tratados com elevado grau de seriedade. No entanto, para Jackie Dorman, especialista em relacionamentos e casamenteira profissional, essa abordagem deu origem à cultura “escolhi esperar” que pode ser prejudicial.
Jackie Dorman argumenta que líderes cristãos estabeleceram regras rígidas sobre o namoro, criando uma inércia entre cristãos no que diz respeito ao conhecimento e envolvimento com potenciais companheiros.
Essa postura tem impacto direto sobre a chamada Geração Y, ou “millennials” (nascidos entre 1981 e 1996), que ela classifica como “a geração mais solteira da história”. Para a especialista, muitos carregam “feridas relacionais” resultantes da cultura da pureza.
O Impacto de ‘escolher esperar’
Um dos pontos levantados por Jackie é a ideia de “esperar em Deus” como justificativa para evitar iniciativas no campo amoroso. Ela afirma que, em muitos casos, o ensino de que qualquer interação errada poderia “destruir o destino” levou à super espiritualização dos relacionamentos.
“Em vez de sair na fé, muitos se tornaram especialistas em espiritualizar cada paixão, acreditando que gostar da pessoa errada desencadearia um efeito cascata destrutivo”, explica Dorman. Para ela, esse comportamento transformou-se em uma “versão espiritualizada do apego evitante”, uma forma de evitar relacionamentos por medo de comprometer promessas divinas.
Além da abstinência Sexual
A crítica de Jackie à cultura da pureza (ou como se popularizou no Brasil, “escolhi esperar”) vai além da abstinência sexual antes do casamento. Ela menciona que os ensinamentos muitas vezes incluem a proibição de comportamentos simples e naturais, como flertar ou utilizar aplicativos de namoro.
Em tom de ironia, ela descreve o cenário: “Flertar? Escandaloso. Aplicativos de namoro? Perigoso. Conversar com alguém no estudo da Bíblia? Provavelmente um pecado. Assim, eles esperam, e esperam, e esperam…”.
Jackie ressalta que, embora seja válido acreditar que Deus pode enviar a pessoa certa, é essencial tomar atitudes para que isso aconteça. Ela sugere que líderes cristãos devem repensar o namoro, promovendo-o como um espaço de crescimento emocional e espiritual, e não como “uma ladeira escorregadia para o pecado”.
Em artigo publicado no The Christian Post, Jackie Dorman conclui que é necessário equilibrar os princípios de fé com ações práticas.
Segundo ela, enquanto a oração e os valores são fundamentais, os excessos da cultura da pureza precisam ser evitados para que os cristãos possam construir relacionamentos saudáveis, tanto espiritualmente quanto emocionalmente.