opinião
Espancamento de Fabiane demonstra o desrespeito ao estado democrático de direito
Mulher foi assassinada após ser confundida com uma suposta bruxa que sequestrava crianças.
A cada ano a violência deixa 50 mil vítimas fatais no país, às motivações são as mais absurdas possíveis. O linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte no bairro de Morrinhos, no Guarujá, é apenas um dos estapafúrdios motivos que levam as pessoas a agirem de forma desumana.
Ela morreu porque supostamente seria uma bruxa que sequestrava crianças para usar em rituais de magia negra. O absurdo vai além, pois a informação foi divulgada através de um retrato falado via Facebook e alguém achou que o retrato era o de Fabiane, ainda que nem mesmo casos de sequestro houvesse.
Ficou evidente a falta de responsabilidade dos administradores da página na rede social e a fragilidade da sociedade em se deixar influenciar por informações sem ao menos consultar fontes confiáveis.
Da mesma forma, os responsáveis pelo linchamento, demonstraram um total desrespeito ao estado de direito e de forma infundada promoveram o quebra-quebra contra a senhora Fabiane sem permitir que a mesma se defendesse contra as acusações.
A constituição garante aos cidadãos o direito de agir em legítima defesa. Porém, o que se viu foi um legítimo descumprimento da lei motivado pelo abuso da liberdade através das mídias sociais.
As instituições e mecanismos de defesas e justiças criados pela sociedade moderna perdem o valor quando as regras deixam de ser observadas. Neste caso, tratou-se de fazer justiça com as próprias mãos.
E não venha comparar o ocorrido em Guarujá com o caso do adolescente preso por justiceiros com uma tranca a um poste na Zona Sul do Rio de Janeiro. Aquele que deu um bafafá danado que quase custou o direito de expressão da jornalista Rachel Sheherazade. Um caso é um caso. Outro caso é outro caso.
No Rio os cidadãos prenderam um bandido, que semana depois voltaria a ser preso por praticar novos crimes. Eles exerceram o livre direito de deter um bandido pego em ato de flagrante, o que lhes é imputado pela constituição.
Aqui, no caso de Fabiane, ainda que ela fosse uma criminosa, o linchamento seria inaceitável. Sheherazede ouviu sermões a reveria dos tais grupos de direitos humanos. Porém, a morte de Fabiane, parece não ter provocado o interesse dos intelectuais de esquerda. Talvez, do meu ponto de vista, pelo fato de Fabiane ter sido linchada justamente no momento em que ela voltava da casa de uma amiga onde havia deixado (pasmem!) sua Bíblia.
Fabiane teria saído de casa exatamente para pegar o Livro Sagrado que tinha sido emprestado, após pegar a Bíblia com a amiga ela resolveu passar no supermercado quando foi abordada pela população revoltada. Pior, Fabiane foi espancada ao seguir uma orientação sagrada, ela deu frutas a um menino.
Não me venham falar que foi apenas uma fatalidade. Nem tente justificar a reação dos linchadores por conta da classe social. Todos sabemos que não é a condição social que faz o caráter. Riqueza e pobreza não são sinônimos, respectivamente, de bom e mau caráter.
É desonestidade intelectual e preconceito afirmar que a classe social é um precedente para justificar boas e más atitudes. Quem executou o crime deve pagar por ele. Os radicais preferem destruir o regime democrático, golpear a liberdade popular e desrespeitar as leis em virtude de uma falsa justiça.