Segundo Hanna Song, do Centro de Banco de Dados para Direitos Humanos da Coreia do Norte (NKDB), as autoridades norte-coreanas interrogam os repatriados sobre possíveis encontros com missionários cristãos durante o tempo na China. Caso seja identificado qualquer contato com o cristianismo, os desertores são submetidos às piores formas de punição, destacando a hostilidade do regime de Kim Jong-un contra a fé cristã, vista como uma ameaça direta ao poder.
Greg Scarlatoiu, do Comitê Não-Governamental para os Direitos Humanos na Coreia do Norte (HRNK), explicou que o regime norte-coreano considera o cristianismo uma ameaça ao monopólio de poder do regime, pois oferece uma alternativa moral que deslegitima a opressão do governo.
Além da perseguição religiosa, Joanna Hosaniak, da Aliança dos Cidadãos para os Direitos Humanos da Coreia do Norte (NKHR), denunciou o envolvimento da China no tráfico de norte-coreanos. Ela afirmou que a Coreia do Norte opera como uma “empresa criminosa”, onde civis são escravizados em campos de detenção para produzir bens exportados, com a colaboração da China.
As autoridades chinesas, além de utilizar tecnologias de vigilância para capturar desertores, também compartilham da postura norte-coreana de punir cristãos. Empresas chinesas foram associadas a esse sistema repressivo, reforçando a cumplicidade entre os dois regimes.
A Coreia do Norte lidera a Lista Mundial de Perseguição de 2024, segundo a Missão Portas Abertas, enquanto a China ocupa a 19ª posição, evidenciando o papel de ambos os países na repressão religiosa.