opinião
Evangelho, Ratos e Hemorróidas
1. Esteve a arca do Senhor na terra dos filisteus sete meses.
2. Estes convocaram os seus sacerdotes e adivinhos e perguntaram-lhes: Que faremos da arca do Senhor? Dizei-nos como havemos de a devolver ao seu lugar. Eles responderam:
3. Se devolveis a arca do Deus de Israel, não a mandeis vazia, mas juntai a ela uma oferta expiatória. Se fordes curados, sabereis então por que sua mão não cessou de pesar sobre vós.
4. Que oferta expiatória, perguntaram eles, devemos fazer? Responderam: Cinco hemorróidas (tumores) de ouro e cinco ratos de ouro, conforme o número dos príncipes dos filisteus, porque foi essa a praga que vos feriu a vós e aos vossos príncipes.
5. Fazei, pois, figuras de vossas hemorróidas (tumores) e figuras de ratos que devastam a terra. Dai assim glória ao Deus de Israel; talvez retire ele a sua mão de cima de vós, de vosso deus e de vossa terra.
6. Por que endureceis os vossos corações como os egípcios e o faraó? Estes só deixaram partir os israelitas quando o Senhor mandou os seus castigos sobre eles.
7. Fazei um carro novo, escolhei duas vacas que aleitam, e que não tenham ainda levado o jugo, e metei-as no carro, depois de terdes preso os seus bezerros no curral.
8. Colocareis no carro a arca do Senhor, juntamente com um cofre, no qual poreis todos os objetos de ouro que ofereceis como expiação; depois deixai-a partir.
O texto em referência é um tanto longo, mas necessário para se compreender o contexto do episódio.
Israel havia saído para a guerra contra os Filisteus e se utilizaram da Arca do Concerto como um amuleto; imaginavam que venceriam por tê-la em meio a batalha. Resultado, uma derrota cruel dos judeus, trinta mil soldados tombaram; pior, a Arca fora roubada pelos Filisteus e depositada no templo de seu deus Dagom.
Após o Senhor demonstrar sua superioridade frente ao deus “peixe-homem” Dagom, pesando-lhe a mão, derrubando-o e despedaçando-o em seu próprio território, colocando a seus pés, era a vez dos próprio inimigos idólatras sentirem o furor de sua “Destra”.
Por sete meses a Arca peregrinou pelas cinco principais cidades dos Filisteus. Em todo este período onde quer que ela passava trazia praga de hemorroidas (tumores) e praga de ratos (provavelmente peste bubônica, associada aos roedores).
Não é interessante que, aquilo que significava benção, saúde, proteção, presença Divina para Israel se transformou em algo portador de maldição, doenças e desfavor para os Filisteus?
Não sendo mais possível conviver com a Arca os sacerdotes de Dagom aconselham a devolução da mesma; mas pasmem, resolvem fazer alguns acréscimos na devolução: Um carro novo e acompanhado de um cofre com cinco esculturas de hemorroidas e cinco de ratos, tudo de ouro.
Ao ler uma vez mais esta passagem Bíblica o Espírito Santo de Deus me trouxe ao coração algumas verdades para os nossos dias.
Infelizmente o Evangelho de Jesus, quando manipulado por homens que não tem compromisso com a Verdade sempre vão transmiti-lo sobre carros novos.
Havia uma maneira correta de carregar a Arca. Nos ombros, esfolando-os; e por um grupo especial de homens da tribo de Levi, da família de Coate. Não era sobre “Carros Novos”.
É por isso que existem tantos evangelhos falsificados, inovados, adulterados, envenenados, estranhos.
“ Carros Novos” nos falam de acréscimos. O Evangelho de Jesus não precisa de novidade, pois Ele o É em Sí mesmo.
O Evangelho da Bíblia é aquele que nos orienta a fazer aquilo que não queremos e nos impele a não fazermos aquilo que amamos, o pecado.
Mas os “Carros Novos” trazem o evangelho da porta larga, da satisfação da carne, da negociação com Deus, da não renúncia.
Não bastando devolver a Arca em carro novo, os sacerdotes ainda recomendaram que se colocasse um cofre com as esdrúxulas esculturas de “hemorroidas” e “ratos”, de ouro.
E não é isso mesmo que acompanha o falso evangelho? Coisas “Estranhas”?
É só assistir alguns desses programas televisivos “Gospel” que encontramos as “hemorróidas” e “ratos”, tudo acompanhando a suposta presença de Deus em carro novo.
Alguns dias atrás um bispo “surtado” apresentava seu carro novo e convidava aos incautos a comprarem lâmpadas elétricas “ungidas” e oradas, evocando para os artefatos poderes de iluminarem os caminhos daqueles que as adquirissem, tudo com direito até às referências Bíblicas :
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho” Sl 119.105
Na sequência desses devaneios teológicos vem outras pragas:
Meia do apóstolo, lenço da cura, perfume consagrado na gruta da benção (com o poder de desencalhar aqueles que não tem sorte no amor), dia do descarrego, vale do sal, Leão de Judá Cola (Refrigerante), rosa ungida, travesseiro ungido, etc, etc, etc….
Alguém pode até dizer:
“- Mas não tem nada de mal! Tem até um certo valor!”
Pode até possuir um valor, como as estatuetas estranhas dos Filisteus, eram de ouro, mas representavam maldição, praga, infortúnio, desobediência, pecado.
Nós não precisamos de muleta para a nossa fé, precisamos da Palavra pura e simples do Evangelho de Jesus.
Infelizmente, em muitos arraiais evangélicos só ficaram as hemorroidas e os ratos, de todos os tipos, enquanto o principal, o essencial…
ICABODE, foi-se a glória.
Que Jesus te abençoe.