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Ex-pastor é preso sob suspeita de matar deputada democrata
Vance Luther Boelter, 57 anos, é o principal suspeito dos atentados a tiros ocorridos no sábado, 14 de junho, contra dois parlamentares democratas do estado de Minnesota e seus cônjuges. O caso, que ainda está sob investigação, envolve a morte da deputada estadual Melissa Hortman e de seu marido, Mark, e ferimentos ao senador estadual John Hoffman e sua esposa, Yvette.
Boelter é ex-pastor, com histórico de atuação missionária internacional, especialmente no continente africano. Segundo o The Wall Street Journal, ele pregou na igreja LaBorne Matadi, no Congo, e, de acordo com um site arquivado do Ministério Revoformation, chegou a procurar “islamitas militantes” para compartilhar o evangelho. Em um de seus sermões divulgados online, afirmou: “Conheci Jesus quando tinha 17 anos e entreguei minha vida a Ele”.
Seu envolvimento com o serviço público inclui sua nomeação para o Governor’s Workforce Development Board (GWDB), o Conselho de Desenvolvimento da Força de Trabalho do governador. Boelter foi indicado inicialmente pelo ex-governador Mark Dayton, em 2016, e mantido no posto pelo atual governador Tim Walz, em 2019. Em seu perfil oficial, não constava filiação partidária.
Boelter e sua esposa, Jenny, com quem tem cinco filhos, já haviam administrado um canil chamado Praetorian Shilohs, especializado na criação de pastores da raça Shiloh. Seu currículo também incluía um mestrado em administração e passagem por uma faculdade bíblica em Dallas. Em perfis online, Boelter alegava possuir experiência em segurança internacional, com atuação na Europa Oriental, África, Oriente Médio e Estados Unidos.
O homem teria se passado por policial para entrar na residência de Hortman, localizada em um subúrbio de Minneapolis, onde disparou contra a deputada e seu marido. Mais tarde, ele teria atacado a casa do senador Hoffman, em outro subúrbio de Twin Cities, deixando o parlamentar e sua esposa feridos, porém vivos. De acordo com a polícia, Boelter trocou tiros com agentes do lado de fora da casa de Hoffman antes de fugir do local.
Fontes da polícia informaram à CNN que um panfleto com a frase “Sem Reis” foi encontrado dentro do carro de Boelter. A suspeita é que ele estivesse planejando um ataque durante manifestações previstas para o fim de semana em Minnesota. Por recomendação do governador Walz, esses protestos foram cancelados. A Patrulha Estadual pediu que a população evitasse participar de atos públicos associados ao mesmo slogan, alegando riscos à segurança.
Além disso, as autoridades encontraram dentro do veículo do suspeito uma lista de potenciais alvos, incluindo dezenas de servidores públicos e ativistas favoráveis ao direito ao aborto.
O superintendente do Departamento de Apreensão Criminal de Minnesota, Drew Evans, afirmou que ainda não foi possível confirmar se Boelter conhecia pessoalmente as vítimas. Em entrevista coletiva, declarou: “Houve alguma sobreposição com reuniões públicas” entre Boelter e Hoffman, já que ambos atuavam no mesmo conselho estadual. No entanto, acrescentou: “Não sabemos a natureza do relacionamento ou se eles realmente se conheciam”.
David Carlson, colega de quarto de Boelter há vários anos, declarou ao Wall Street Journal que o suspeito era “profundamente religioso”, contrário ao aborto e eleitor do ex-presidente Donald Trump. Carlson, que também se identifica como evangélico, disse que Boelter “nunca demonstrou comportamentos violentos” e que suas opiniões políticas e religiosas “estavam dentro da corrente dominante”.
Segundo Carlson, na sexta-feira à noite, Boelter teria retornado à casa onde ambos viviam em Minneapolis e relatado estar cansado. Na manhã seguinte, enviou uma mensagem de texto dizendo que “ficaria ausente por um tempo” e que “poderia morrer em breve”. Preocupado, Carlson acionou a polícia. “Achei que ele fosse se automutilar”, disse ele à reportagem. “Não imaginei que ele fosse fazer algo assim.” Ainda segundo Carlson, Boelter nunca expressou ressentimento ou menções específicas a Melissa Hortman ou John Hoffman.
Em pronunciamento oficial no sábado, o governador Tim Walz qualificou os ataques como “um assassinato com motivação política” e prestou homenagem à deputada morta. “A presidente Hortman foi alguém que serviu o povo de Minnesota com graça, compaixão, humor e senso de serviço”, afirmou o governador.
Até o momento, a motivação completa por trás do crime segue sendo apurada. O histórico religioso de Boelter, associado ao seu envolvimento com causas sociais e conservadoras, tem sido analisado pelas autoridades em busca de eventuais conexões com os alvos escolhidos. As investigações prosseguem sob a coordenação das autoridades estaduais e federais, de acordo com informações do The Christian Post.