Família cristã escapa por pouco em ataque que incendiou sua casa na Índia

Em 3 de maio, uma cristã do estado de Manipur, no norte da Índia, recebeu um telefonema de uma amiga a aconselhando a fazer as malas e deixar sua casa imediatamente com seus filhos. Manngaihlun Tombing, da minoria étnica Kuki em Churachandpur, não levou isso a sério. Ela pensou que o pior que poderia acontecer era o governo impor um toque de recolher.

No entanto, nas próximas 24 horas Tombing e sua família fugiriam de casa e escaparam por pouco da morte várias vezes. Ela morava na área conhecida como Paite Veng, na capital do estado, Imphal, com seu marido, seus dois filhos, sua sogra e uma empregada doméstica quando a violência começou entre os predominantemente cristãos Kuki e os Meitei, que são em sua maioria hindus.

Desse modo, Tombing não previu que o conflito étnico que teve origem durante uma marcha para protestar contra a demanda da comunidade Meitei pelo status de Tribo Agendada (ST) resultaria na morte de quase 200 pessoas e deixaria 60.000 deslocados. Ela recebeu uma ligação de uma amiga Meitei, esposa de um policial, que a alertou para sair imediatamente.

Sendo assim, Tombing mal teve tempo de se organizar quando ouviu batidas nos postes de luz na rua. Ela conta que o som alto e contínuo feito ao bater no poste de ferro era um sinal para outros agressores se apressarem para a área e atacarem juntos. A família atravessou a estrada para as instalações da igreja em um complexo missionário, onde se esconderam.

“Enquanto atravessávamos a estrada, vi a multidão Meitei a cerca de 300 metros de distância, carregando paus de madeira grossos, garrafas de vidro, facas, etc., em suas mãos enquanto corriam em nossa direção”, Tombing disse, segundo The Christian Post.

Assim, o zelador do complexo missionário trancou rapidamente o portão depois que eles entraram. Na casa onde se refugiaram, estavam outros 45 cristãos. Logo ouviram a multidão Meitei atacando o prédio da igreja no complexo e quebrando os vidros da casa. Os agressores incendiaram o prédio da igreja e depois queimaram a casa do zelador antes de recuar.

Desta forma, um Meitei que morava ao lado do complexo convidou os cristãos a escalarem a cerca de 1,8 metros de altura e se esconderem do lado de fora da casa. A partir dali, eles testemunharam a multidão incendiar a casa onde haviam se refugiado antes, juntamente com uma escola onde a filha de Tombing estudava. A multidão incendiou casas e carros, comemorando.

Nesse sentido, os cristãos se esconderam atrás da cerca até as 4h da manhã, quando as forças armadas chegaram e os escoltaram para um acampamento de ajuda do governo. Tombing disse que eles não conseguiram dormir por quase uma semana depois do que testemunharam. Ela disse que seus filhos ainda sentem que estão sendo seguidos e temem passar por mais horrores.

Por fim, o tom hostil do governo da Aliança Democrática Nacional, liderado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party, contra os não hindus, tem encorajado extremistas hindus em várias partes do país a atacar cristãos desde que o primeiro-ministro Narendra Modi assumiu o poder em maio de 2014.