sociedade

Governo cassará rádios e TVs que foram compradas por Igrejas em nome de laranjas

Medida atingirá diretamente algumas igrejas que usaram o nome de outras pessoas para ganhar a licitação

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O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, anunciou ontem que o governo cassará as concessões de rádio e TV que foram adquiridas em licitações públicas por empresas registradas em nome de “laranjas”.

Essa decisão foi tomada depois de uma reportagem feita pelo jornal Folha de São Paulo que denunciou que entre os vencedores de concessões milionárias estão funcionários públicos, donas de casa, entre outros trabalhadores com renda incompatíveis com o valor dos negócios.

A medida atingirá muitas igrejas que assim como políticos e empresários compram concessões de rádio e TV nas licitações públicas realizadas pelo governo federal com o nome de outras pessoas.

Há muitas hipóteses para explicar o fato, mas o principal deles seria para camuflar a origem dos recursos usados para adquirir as concessões e ocultar a movimentação financeira. As outras são evitar acusações de exploração política dos meios de comunicação e burlar a regra que impede que instituições como igrejas sejam donas de concessões.

Prova disso são os donos, respectivamente, das Rádio 630 Ltda. e Rádio 541 Ltda., João Carlos Marcolino, de São Paulo, e Domázio Pires de Andrade, de Osasco, disseram ter autorizado a Igreja Deus é Amor a registrar empresas em seus nomes para ajudar a “disseminar o Evangelho”.

Domázio  Pires de Andrade tem 74 anos e vive da pensão de um salário mínimo numa casa humilde em terreno público invadido. Ao jornal ele explicou porque emprestou seu nome para a igreja comprar uma rádio. Confira a entrevista:

Folha – O senhor é dono da empresa Rádio 541 Ltda.?

Domázio Pires de Andrade – Só dei meu nome para a igreja arrumar emissoras.

Quem lhe pediu o nome?

A direção da igreja.

O senhor tem recursos para pagar as concessões?

De jeito nenhum.

De onde virá o dinheiro?

Disseram para eu não me preocupar. A igreja arca com toda a responsabilidade.

O senhor sabe qual é a situação atual de sua empresa?

Não tenho ideia. Todos os documentos ficaram no departamento jurídico.

O senhor vai reclamar a propriedade das rádios?

De maneira alguma. Dei minha palavra.

Por que saiu da Deus é Amor?

Me mandaram embora há cinco anos, porque eu estava de idade (velho). No início, eu vivi da ajuda dos meus amigos. Depois, fui para a Justiça do Trabalho. Na semana passada, eles me ofereceram R$ 3.000, e aceitei.

Fonte: Gospel Prime

Com informações Folha de São Paulo

 

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