igreja perseguida
Igrejas protestam contra lei que exige aprovação de sermões, na Dinamarca
Líderes veem risco para a liberdade religiosa e de expressão.
Igrejas cristãs ativas na Dinamarca estão protestando contra uma lei que exige que cópias traduzias de sermões em idiomas estrangeiros sejam enviadas às autoridades governamentais para revisão, antes de serem ministradas nos púlpitos.
O governo usa como desculpa a busca por “aumentar a transparência dos eventos religiosos e sermões na Dinamarca, quando estes forem proferidos em um idioma diferente do dinamarquês”.
De acordo com Bitter Winter, a nova lei representa um esforço para prevenir possíveis atividades terroristas por islâmicos radicais, mas afetaria todos os grupos religiosos, inclusive aqueles que não representam risco de violência, como os cristãos.
O temor dos líderes das principais igrejas cristãs do país é que a legislação poderia afetar de forma direta a liberdade religiosa, bem como a liberdade de expressão. Os líderes acreditam que a nova lei possa vir a se voltar contra os cultos.
Para o bispo Robert Innes, que supervisiona a comunidade anglicana em toda a Europa, incluindo a Dinamarca, a lei representa uma ação “excessivamente restritiva” na liberdade de expressão. Ele enviou carta ao primeiro-ministro dinamarquês, Mette Frederiksen, reclamando da situação.
“Estou certo de que vem de uma preocupação genuína com a segurança da propriedade e com o monitoramento de todas as minorias religiosas que podem ser percebidas como um risco à segurança”, disse o bispo Innes ao jornal The Guardian.
“Compartilho a ambição do governo dinamarquês de garantir a segurança e proteção e o desejo de que todas as organizações religiosas na Dinamarca conduzam seus atos pacificamente, mas exigir que a tradução dos sermões para a língua nacional vá longe demais. Vai em uma direção anti-liberal preocupante”, continuou.
Os grupos religiosos têm a sensação desagradável de que estão “sob suspeita geral por esta lei”, disse a irmã Anna Mirijam Kaschne, secretária geral da Conferência Episcopal Nórdica.
O cardeal Jean-Claude Hollerich, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Europa (COMECE), apontou que a lei “pode impedir o direito fundamental à liberdade religiosa”.
Para o cardeal, a lei dinamarquesa faz parte de uma tendência mais ampla e crescente de negligência do direito fundamental à liberdade de religião entre os Estados membros da União Européia.