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Karl Barth, um marco na história do pensamento teológico

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Um amigo nos pediu para escrever algo sobre o grande teólogo Suíço Karl Barth, um de nossos escritores preferidos, com um detalhe, de modo que mesmo alguém que não conhece ou estuda teologia possa entender os pontos principais de sua cosmovisão, o que se traduz em uma árdua tarefa.

Barth era um brilhante erudito e escrevia com erudição ímpar, usando muitos termos e expressões do mundo teológico, nomes de doutrinas que foram objetos de disputas na história da igreja, além do uso de expressões em latim, grego e outros, o que dificulta a leitura e uma compreensão imediata. Outro complicador é que ele se expressava de modo como se todos e qualquer pessoal fosse capaz de captar os seus pensamentos e tivesse a exata compreensão de tudo o quanto dizia. Não sei se isto se configura em virtude ou defeito, mas assim Karl Barth falava e escrevia.

A obra de Barth é muito extensa com poucas (em relação ao conjunto) obras em português, contudo aprendi (e aprendo) muito o chamado “pai da neo-ortodoxia” e com as obras que temos. Então creio que posso falar daquilo que tenho aprendido, um pouco de sua visão geral.

Quero adiantar que não temos como nos estender nos comentários, bem que gostaria, mas são muitos pontos importantes e que precisam ser trabalhados um a um. Iremos abordar neste estudo, rapidamente, alguns deles, iniciando com sua história pessoal e destacando o que consideramos como o principal ou o melhor deste teólogo.

Cumpre-nos apresentar o autor: O homem e teólogo Karl Barth

“Nasceu na Basileia, no dia 10 de maio de 1886, no seio de uma grande família profundamente dedicada à teologia e à pregação. Passou a juventude em Bern, onde seu pai lecionava teologia. Seus estudos o levaram a universidade, em Bern, às universidade alemãs de Tübingen, Marburg e Berlim. Depois de uma experiência crucial como pastor na aldeia de Safenwil, na Suiça, Barth lecionou teologia nas universidade alemãs de Göttingen, Münster e Bonn. Expulso desta última por se recusas a jurar liberdade a Hitler, voltou à Basileia onde ensinou teologia de 1935 até se aposentar, em 1962. Jamais concluiu um doutorado, embora fosse posteriormente agraciado com numerosos títulos honorários. Barth era um homem robusto e bem-humorado, mas tinha em geral um ar muito sério. […] Morreu em 1968, aos 82 anos.” [1]

O pastor suíço ganhou repercussão mundial com o seu livro Carta aos Romanos de 1922, e ainda por sua perspectiva dogmática da fé, da revelação e da igreja. Viveu durante o período das duas grandes guerras mundiais, o que (também) influenciou as suas exposições. Um ponto auto de sua história foi quando se negou fazer o cumprimento nazista nas aulas da universidade alemã em que lecionava, sendo, por causa disto, expulso daquele país.

Começando pelo nome como sua teologia é conhecida, NEO-ORTODOXIA – ou teologia da crise, entre o divino e o humano, representou um retorno, em tempos de teologia liberal, à teologia da reforma, com reflexões e, por que não, com algumas correções as doutrinas dos reformadores.

Definição de neo-ortodoxia, segundo Erickson (2011, p. 134): “Sistema de teologia associado a Karl Barth, Emil Brunner e Reinhold Niebuhr. Embora aceitasse o criticismo bíblico e certa quantidade de pensamento existencial, o movimento enfatizou a transcendência divina, assim como a pecaminosidade e a necessidade humanas. Representou um retorno a formas modificadas de doutrinas ortodoxas em contraste com o abandono de tais doutrinas realizado pelos liberais.” [2]

Outra nome dado a sua teologia é “TEOLOGIA DA DIALÉTICA”, a teologia do sim e do não, da reflexão, como dito, voltava-se a transcendência divina. Segundo Gonzalez (2005, p. 93), Dialética tem origem: “Na Filosofia grega, Platão escreveu diálogos nos quis buscava encontrar a verdade mediante a conversação e, por isso os historiadores se referem ao método de Platão como “dialético”. Na idade Média, o uso da razão na investigação teológica frequentemente era chamado de “dialética”, porque a razão se move de maneira semelhante a um diálogo interno […] Hegel (1770-1831) desenvolveu uma “dialética” que era toda uma filosofia da História como desenvolvimento do pensamento da mente universal […] Mais tarde, Karl Max (1818-83) opôs-se ao idealismo de Hegel, mas reteve muito de sua dialética, chegando assim ao que chamou de “materialismo dialético (marxismo). No começo do século XX, quando a neo-ortodoxia começava a desenvolver-se, alguns a chamaram de “teologia dialética” – ainda que não exatamente, visto que era uma teologia do paradoxo antes de uma na qual as tensões se resolviam em uma síntese superior.” [3]

A ênfase de sua teologia “A revelação de Deus” e a encarnação do verbo.

Teologia fundamentalmente cristocêntrica. Por Cristo, a partir Dele e para Ele.

Este é o ponto que mais admiro em Barth, sua ênfase CRISTOCÊNTRICA. Isto é, tudo tem explicação, sentido, origem em Cristo, no propósito de Deus no Filho. A chave hermenêutica e a resposta para todos os enigmas e anseios humanos têm resposta Nele, verdadeiro Deus, verdadeiro homem de Deus, verdadeiro Deus-homem. Jonh Stott comenta:

“A cristologia, insistia ele, é a chave da doutrina da reconciliação. E cristologia significa confessar que Jesus Cristo, o Mediador, repetiu ele várias vezes “é o próprio Deus, o próprio homem, e o próprio Deus-Homem.” Há pois “três aspectos cristológicos” ou “três perspectivas” para a compreensão da expiação. O primeiro é que “em Jesus Cristo temos de ver com o próprio Deus. A reconciliação do homem com Deus acontece quando o próprio Deus ativamente intervém.” O segundo é que “em Jesus Cristo temos de ver com o verdadeiro homem […]. É assim que Ele se torna o reconciliador entre Deus e o homem”. O terceiro é que, embora sendo o próprio Deus e o próprio homem, “Jesus Cristo é um. Ele é o Deus-homem”. Somente quando se afirma esse relato bíblico de Jesus Cristo, pode-se compreender a singularidade do seu sacrifício expiador. A iniciativa está “Com o próprio Deus eterno, que se deu a si mesmo em seu Filho para ser homem, e, como homem, tomar sobre si esta paixão humana […]. É o juiz que nesta paixão toma o lugar daqueles que deviam ser julgados, que nesta paixão permite ser julgados em lugar deles”. “A paixão de Jesus Cristo é o juízo de Deus, no qual o próprio Juiz foi julgado.” [4] (grifo nosso).

Outra característica, dentro deste aspecto cristocêntrico, é que para Barth todo o conhecimento de Deus vem da revelação, parte do encontro do homem com o Deus do homem, que revela-se a Si mesmo. O homem só conhece a Deus plenamente na pessoa de Jesus Cristo, em sua encarnação, como Ele é agora, Cristo foi, como Cristo foi Ele é. Só podemos entender algo sobre Deus a partir da pessoa do Filho. As doutrinas da eleição, da expiação e da predestinação, que para Barth é sempre dupla (não no sentido tradicional deste termo – como pensam os calvinistas, mas de outro modo), tais doutrinas, tendo a cruz como o centro, têm particular tratamento, o autor afirma que se Deus não tivesse, por pura graça, decidido se revelar aos homens nós jamais poderíamos conhecê-Lo.

A revelação

E o que vem ser “revelação” para Barth?

A grosso modo seria, por um aspecto, a encarnação de Cristo, isto é, Deus manifestando-se na forma de um homem aos homens, e por outro, o encontro do imortal com o mortal, do Deus Santo com o homem pecador, do atemporal com o temporal, do impossível com o possível, de Deus com homem, do encontro de cada homem com Deus, pela graça, pela ação do Espírito, graças a aliança proposta pelo Pai, feita no Filho, garantida pelo Espírito, penhor da nossa herança.

“Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Que me vê, vê o Pai, como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” Jo 14.8-9

Quando comecei a ler Bath, minha perspectiva de Jo 14 se ampliou, me deparei com uma perspectiva totalmente nova do que seja a revelação, como bem asseverou sobre o que é revelação para o teólogo suíço o Prof. Ricardo Quadros Gouvêia, segue:

“Deus revelando-se a Si mesmo aos homens, não apenas algo divino, não algo semelhante a Deus, não algo que vem de Deus, não algo sobre Deus, mas, Deus, Ele mesmo é o conteúdo da revelação”’ [5]

Entendi porque o cristianismo é superior a qualquer outra forma de crer, não porque pensasse diferente disto, mas porque não tinha instrumentos(além de minha própria fé) para sustentar o porquê da questão. O cristianismo tem o privilégio da revelação, superior a qualquer outra religião, ou tentativa de buscar ou forma de conhecer a Deus por meios naturais, meios reflexos. E, por que com certeza podemos afirmar isto? Porque na Bíblia e na encarnação de Cristo o próprio Deus se revela aos homens, Sua forma (santa, pura, misericordiosa, que se compadece), o seu caráter, o próprio Deus é aquele que se compadece e é o parceiro superior da aliança em Cristo, o salvador dos homens, é Ele que nos pega pelas mãos, aquele que sabe o que sentimos, isto porque Ele experimentou a humanidade (mas sem pecado, Hb 2.17-18; 4.15), e em sua humanidade, isto é, em uma forma compreensível a nós, não como algo místico e impossível, mas como algo humano, como o pão e água da vida, podemos então conhecê-Lo. O Mediador é Deus.

“A verdadeira e única divindade nos é revelada plenamente em Cristo Jesus, da mesma forma que a verdadeira humanidade nos é revelada também em Cristo Jesus! Em Jesus nos ganhamos a plenitude do que significa: “Deus para o mundo, Deus para a humanidade, o céu para a terra.”! [6]

“A revelação é uma automanifestação de Deus, Ele se dá a conhecer a si mesmo. A revelação apresenta ao homem, como suposto e confirmação, o fato de que as tentativas humanas para conhecer a Deus por seus próprios meios são vãs. Na revelação Deus diz ao homem que é Deus e que, com tal, Senhor do homem. Com isto a revelação diz ao homem algo completamente novo. Algo que sem a revelação, não pode nem saber, nem dizer aos outros. Que o homem possa conhecer a Deus, somente pode afirmá-lo com verdade na revelação.” [7]

Karl Barth era um defensor da Dogmática, tendo escrito sua obra mais volumosa com este nome “Dogmática Eclesiástica” que ficou inacabada. Dogmática – significa uma dedicação ao estudo das doutrinas ou aos dogmas da igreja, antes da construção de sistemas especulativos ou próprios. Barth compreendia a fé como um salto, uma razão superior, que se origina na revelação, uma herança da influência de Soren Kierkegaard.

Fé significa conhecer, experimentar, ser objeto da auto-revelação de Deus. A fé é também uma decisão.

 “Crer significa isto: reconhecer o próprio pecado, abandonando-se à infinita e benevolente justiça de Deus exercida sobre o pecado. Concretamente, crer é reconhecer que nos opomos à graça aderindo-nos a ela, que se opõe a nossas oposições e resistências com poder infinito. Neste reconhecimento da graça, no reconhecimento que justifica o ímpio, que também é graça para o inimigo da graça, é onde a fé cristã reconhece a verdade da religião cristã.” [8]

“Descobre-se e conhece-se a Deus quando Ele se dá a conhecer a si mesmo, dentro da sua inteira liberdade”. [9]

SIM e NÃO – Um ponto pouco exposto de sua teologia é o aspecto do Sim e não – acredito que pela necessidade de uma grande explanação que este aspecto demanda, mas vou tentar resumir.

Para Barth Deus diz sim ao homem, ao decidir criar a humanidade, ao decidir ser Ele mesmo o objeto, no Filho, e a garantia da aliança, no Espírito, entre Deus e o homem, ao passo que, ao mesmo tempo, ele rejeitou a humanidade caída, e a prova disto é o sofrimento e a maldição a que Cristo se submeteu para a redenção da humanidade. (Is 53; II Co 5.19-20; Gl 3.13)

De outro modo, também podemos considerar que Deus diz sim a tudo o que é aliança, fé, santidade, amor, graça e paz, e rejeita tudo o que está fora dela, tudo o que não está ligado a Cristo, ao que diz não a incredulidade, ao mal, a morte e o pecado, a justiça própria, a altivez, a insubmissão, a rebeldia, diz não pecador (isto é, a seu estado), que precisa assimilar o não de Deus, reconhecendo a sua condição deplorável, o seu não poder, sua total impotência salvífica e a sua rebelião, e aceitando o Seu não, então é possível, pela ação da livre graça de Deus, receber o Seu sim.

“Não podemos reconhecer nossa eleição em Jesus Cristo sem reconhecer primeiro e antes de mais nada a nossa rejeição, e isto mais uma vez também em n´Ele.” [10]

Sobre o que é o mal, dentro da perspectiva do sim e não: “É a queda dentro do nada. Poderia ser diferente? Se abordo esse tema, é unicamente para mostrar que esse vasto domínio que nós chamamos o mal, a morte, o pecado, o diabo e o inferno, não é criação de Deus, mas, ao contrário, é o que está excluído pela própria criação, aquilo para o que Deus diz não.” [11]

A eleição revela a liberdade de Deus e da Graça. Deus é livre – escolheu ser Deus e Senhor do homem. Em seus livros podemos encontrar frases que caracterizam bem isto, sobre Deus: “Aquele que ama em liberdade”, sobre a Graça: “É a livre graça de Deus que elege”.

A PALAVRA/BÍBLIA – para Barth a palavra tem o real sentido do logos, e se refere a uma das três coisas (a depender do contexto) ou a todas em conjunto, ou seja, a Jesus Cristo, as Escrituras e a pregação do evangelho.

“Não é o correto pensamento humano sobre Deus que forma o conteúdo da Bíblia, mas o correto pensamento divino sobre os homens. A Bíblia não nos conta como nós devemos falar para Deus, mas o que Ele diz para nós; não como encontramos o caminho para ele; mas como Ele tem visto e encontrado o caminho para nós; não a correta relação na qual nos devemos situar a nós mesmos com relação a Ele, mas o pacto que ele fez com todos os que são filhos espirituais de Abraão e que selou de uma vez por todas em Jesus Cristo. É isto que está na Bíblia, a Palavra de Deus está na Bíblia. [12] (grifo nosso)

Este último grifo talvez seja o ponto de maior crítica à obra deste autor. Os críticos (normalmente os calvinistas defensores da TULIP)  afirmam que ele sugeria que a Bíblia poderia possuir falhas (não do conteúdo, mas ortográficas, geográficas, históricas e outros) e que abandonou o conceito ortodoxo (que também defendemos) de que a Bíblia é a palavra de Deus e não “contem”, mas é, a Palavra. Mas isto, sobre o abandono a ortodoxia por Barth, não considero verdadeiro, muitas vezes ele defendeu a Bíblia como sendo a palavra de Deus, como superior a qualquer outra forma ou expressão, pois por meio das Escrituras Deus se revela aos homens. Mas para Barth a palavra também tem o sentido da revelação de Cristo, o logos divino, quando Jesus declara “são elas que dão testemunho de mim”, é neste sentido que Barth diz que a Bíblia contém a palavra, no sentido que por meio das Escrituras o homem tem um encontro pessoal com Deus, com o logos divino, enfatizando que Cristo (Deus) é ainda superior à própria Palavra, que é a revelação de Deus aos homens, porque a Palavra vêm de Cristo e não Cristo da palavra. (não sei se consigo ser suficiente claro neste ponto, mas é isto). Barth enfatiza que Deus está além da letra, assim como está além da melhor perspectiva humana a respeito Dele. O que Barth sugere (ou como entendemos este ponto) é que, por exemplo, duas pessoas leem a Bíblia, uma, pela ação do Espírito Santo, a compreende e tem um encontro real com Deus e outro, a quem Deus não se revelou (por razões que só Ele conhece), jamais poderá conhecer a Deus, sem a ação do Espírito, simplesmente pela letra. Quantos leem a bíblia e não creem? Certamente muitos. Neste sentido, a palavra de Deus, o logos, a revelação de Deus ao homem, está na Bíblia. De todo modo, longe da polêmica, a melhor e mais simples forma de entender isto é compreender que a Bíblia é a Palavra de Deus (e ponto), saiu do coração Dele, divina inspirada, inerrante, aos homens.

“A história Bíblica no Antigo e no Novo Testamento não é absolutamente história, mas vista de cima é uma série de atos livres divinos e vista debaixo uma série de tentativas infrutíferas do empreender algo em si impossível.” [13]

Crítica a religião

Como toda a escola reformada, assim se considera e ele mesmo se considerava, Barth criticou toda tentativa humana de justificação, tratando esta conduta como um pecado, uma rebelião. Segue uma de suas definições do ato religioso: “Como já vimos as duas formas primitivas, por assim dizer, normais de toda a religião são a formação de uma ideia de divindade e o cumprimento de uma lei. A urgência religiosa do homem busca apaixonadamente satisfazer-se por intermédio desses duas figuras: uma ideia de divindade, uma norma de comportamento.” [14]

Em busca de justificar-se, tornar-se aceitável diante de Deus, o homem religioso cria um conjunto de regras exteriores para cumpri-las, além disto, forma uma ideia e conceito próprio e particular sobre Deus, que se seja adequada a si mesmo.

ELEIÇÃO – Eleitos em Cristo e para Cristo.

Ponto de grande destaque é a doutrina da eleição. Neste tema Karl Barth se aprofundou como nenhum outro teólogo antes dele. Escreveu sobre este tema com muita propriedade e dizia que a doutrina da eleição não produz a insegurança da incerteza, de estar ou não estar em Cristo, nem a eterna dúvida do decreto mecânico, eleito ou não eleito, como pregou e prega a escola Calvinista, NÃO, mas de uma forma que produz paz, conforto, certeza e segurança, sem injustiça, sem produzir acepção de pessoas sem nenhum motivo.

“Quando nós perguntamos a Bíblia o que ela tem a nos oferecer, ela responde colocando-nos o fato da eleição.” [15]

“Sobre Jesus Cristo, nada sabemos com maior certeza e exatidão do que isto: em livre obediência a Seu Pai, Ele escolheu ser homem, e como homem, fazer a vontade de Deus. Se Deus nos elege igualmente, essa nossa eleição se dá na eleição de Jesus Cristo e por meio dela, neste ato de livre obediência e por meio dele, por obra de Sue Filho[…] É nele que a eleição eterna se converte imediata e diretamente na promessa da nossa eleição, decretada que foi no tempo do nosso chamado, ou vocação, para a fé, do consentimento por nós concedido para a intervenção a nosso favor, da revelação de nós mesmos como filhos de Deus.” [16]

O Dr. Roger Olson, em Teologia Arminiana, mitos e realidades, diz que não é possível um híbrido entre calvinismo e arminianismo, ou estamos de um lado ou de outro, no que tange a soteriologia. Em parte discordo. Sobre a eleição e predestinação a teologia de Barth não é um hibrido de Calvino e Armínio, na realidade ele está em uma perspectiva totalmente diferente, um modo de pensar diverso, de maneira que hora coincide com algum ponto, que diríamos estar ligado a teologia calvinista (Ex: escolha de Deus, determinação de Deus), ora em um ponto que consideraríamos claramente arminiano (ênfase na necessidade decisão individual frente a ação da graça; escolha humana a respeito do sacrifício divino, a liberdade derrama sobre os homens), então, em alguns momentos ele tece críticas as duas escolas, em certo momento as duas ao mesmo tempo, como veremos mais adiante no ponto predestinação.

“O que acontece é que a igreja e os filhos de Deus sempre são tentados a inverter a ordem da eleição divina, colocando em primeiro lugar sua fé, seu amor, seu testemunho, sua tradição e sua esperança e, imaginando que podem livremente decidir-se por Jesus Cristo, não se apercebem que nisso revelam que já não sabem o que esse nome significa.” [17]

“[a graça] em primeiro lugar ela sublinha o fato muito simples, mas que nunca foi nem será suficientemente considerado: de que a graça é graça de Deus, ato seu, obra sua, vontade sua e reino seu. Isso também significa, em todos os casos, que ela não só é uma determinação, mas uma predeterminação, predestinação da nossa existência humana; que perante ela estamos lidando apenas com uma instância a deparar-se conosco, mas com uma instância superior a nós, de uma superioridade fundamental e qualitativa. Quando nós decidimos perante ela, então sempre já está decidido sobre nós mesmos: Desde o princípio (2 Ts 2.13), “antes da criação do mundo”, (Ef 1.4), portanto antes de tomarmos conhecimento dela ou de nem sequer necessitarmos dela, independentemente (e entenda-se bem, independentemente no próprio Deus) da concretização e de toda a formação pecaminosa ou justa de nossa existência”. [18]

“Outra coisa também não pode significar mais especificamente o conceito da eleição: O que ela ressalta é a liberdade da graça. […] Sempre já em si mesmo graça quando uma pessoa pode aceitar graça. […] também a decisão humana frente à decisão do Deus misericordioso (a qual, entretanto, precisa ser tomada) sucede baseada em decisão prévia de Deus” [19]

“Jesus Cristo é a realidade da aliança entre Deus e o homem”. [20]

Poderíamos falar muito, porque Barth falou bastante a respeito da doutrina da eleição e porque a partir do confronto das várias perspectivas teológicas, e especialmente a dele, construímos a nossa própria perspectiva deste mistério, de antes da fundação do mundo, revelado em Cristo. A eleição de Deus em Cristo.

Predestinação

Neste tema ele critica as duas escolas soteriológicas tradicionais, calvinismo e arminianismo, propondo uma mudança de perspectiva. Mas isto é um assunto no qual necessitaríamos escrever muito mais do que pretendemos neste pequeno artigo. Leiamos, então, o próprio Barth:

“Portanto a doutrina da predestinação não é porventura religiosa do determinismo, nem tampouco aquela forma do mesmo, que deduz a partir da experiência religiosa. Pelo contrário: Ela nega tanto o determinismo quanto o indeterminismo. Ao proclamar a liberdade e senhorio de Deus, ela está tão distante daqueles que colocam o conceito da necessidade no topo do seu sistema e o propalam como princípio do universo, quanto daqueles que atribuem ao conceito da liberdade esta mesma posição. Não se pode negar que a doutrina da predestinação, tanto a de Calvino quanto a de Lutero na época do “Servo Arbítrio” (de Zwinglio então, nem se fala) sofreu muita influência do determinismo; isto trouxe consequências funestas, e precisamos ter a hombridade de não ir atrás deles neste ponto.” [21] (grifo nosso)

A ênfase da doutrina da eleição, e consequente predestinação, consiste em uma palavra “NELE”. Ef 1.4-13. Sintetizada na frase abaixo:

“Eleitos em Cristo” evidentemente quer dizer em primeiro lugar: Não em nós mesmos.” [22] (grifo nosso)

Dupla predestinação (não no formato calvinista)

Para Barth, falar deste assunto é falar sobre duas perspectivas, uma divina, fora do espaço-tempo, incondicional (em muitos sentidos, mas não se referente à escolha do individuo A e/ou B para perdição ou salvação), e outra a perspectiva humana, dentro do espaço-tempo. Uma, a visão de cima para baixo e outra, divina, e outra a de baixo para cima, e que para o homem é impossível compreender/considerar ambas ao mesmo tempo, e por isto tanta polêmica e controvérsias a respeito do tema predestinação. (textos base: Rm 8.29-30; Ef 1.4-11, I Pe 1.2). Para o Suíço, em certo sentido, a eleição e a predestinação são sempre dupla, vejamos:

“Olhando da perspectiva do eleito, eleição significa um ato de liberdade e senhorio; olhando para os eleitos, significa um ato de escolha e distinção. Não existe eleição se não houver também não-eleição, preterição, repúdio. Por esta razão a doutrina da predestinação forçosamente é doutrina da dupla predestinação. É desta forma que ela também se encontra, sem dúvida, na escritura sagrada: “Muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 22.14). “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Rm 9.13). “Naquela noite dois estarão numa cama; um será tomado, e deixado o outros; duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e deixada a outra; dois estarão no campo, um será tomado, e o outro deixado (Lc 17.34s)”. [23]

Caro leitor, muita atenção, para não confundir a dupla-predestinação que Barth afirma com o fatalismo calvinista, pois não há qualquer relação entre elas. O que o teólogo suíço enfatiza é que “onde há eleição, há rejeição”, se eu escolho algo, entre muitos ou alguns, por consequência eu rejeito algo, inevitável. A pergunta que fica é “o que Deus rejeitou e rejeita”? Mas esta explicação deixaremos para aprofundamento em algum outro momento.

“Não podemos reconhecer nossa eleição em Jesus Cristo sem reconhecer primeiro e antes de mais nada a nossa rejeição, e isto mais uma vez também em n´Ele”. [24]

“Entenda-se bem: Precisamente Jesus Cristo na cruz é, afinal, o eleito de Deus.” [25]

Jesus como o eleito de Deus… outro ponto daqueles em que é impossível escrever algo em algumas poucas linhas.

Crítica a predestinação calvinista

Sobre a interpretação calvinista de Romanos 9.10-23:

“Aqueles capítulos não dizem que a humanidade está dividida desta ou daquela forma, que há predestinados neste ou naquele sentido, assim como há homens e mulheres, brancos e negros. Neste ponto a doutrina clássica da predestinação, numa funesta consequência de outros de erros seus, representava uma antropologização, mecanização e estabilização ilícitas da majestosa alternativa divina sob a qual estamos colocados em Jesus Cristo e cujo testemunho é o sentido da doutrina bíblica da predestinação.” [26]

Eleitos estamos ao dizer sim a Cristo: “Eleitos estamos nós ao dizermos sim à nossa eleição em Jesus Cristo, e assim justamente ao dizermos sim também para a nossa rejeição, porém para a nossa rejeição carregada e anulada por Jesus Cristo, e somente então sobretudo para a nossa eleição.” [27]

 “Afinal a pessoa humana em sua livre decisão é objeto da prévia decisão divina.” [28]

A humanidade de Deus

Karl Barth não teve receio de falar no aspecto da humanidade de Cristo. Muito de fala em Cristo, em seu aspecto divino, como alguém que está longe, quando Ele é o Emanuel. Muito se fala na rejeição do homem por Deus, por causa da queda de Adão, mas pouca sobre a escolha de Deus pela humanidade, criar a humanidade, encarnar em Cristo, e ser parceiro superior da aliança e Deus do homem. Barth ousou tratar sobre isto.

“Sim, e este é o ponto para trás do qual não se pode mais retroceder: Deus está ao lado do ser humano. Isso é soberanamente fundamentado nele mesmo, e unicamente por ele mesmo determinado, delimitado e ordenado. Assim, e não de outra maneira, ele se torna acontecimento e se torna conhecível. Trata-se, porém, de que Deus realmente está ao lado do ser humano. Quem é Deus e o que ele é em sua divindade, isso ele demonstra e revela não no espaço vazio de um ser-para-si divino, mas, de modo autêntico, justamente no fato de existir, falar e agir como parceiro (por certo pura e simplesmente superior) do ser humano. Aquele que faz isso, esse é o Deus vivo. E sua divindade é a liberdade na qual ele faz isso. Ela é a divindade que, como tal, também tem o caráter de humanidade. Somente desta forma e afirmação da divindade de Deus devia e deve ser contraposta àquela teologia do passado: em forma de recepção positiva, não de rejeição irrefletida da partícula veri que de modo algum lhe pode ser negada, mesmo quando se descobre radicalmente sua fraqueza. Justamente a divindade de Deus, corretamente compreendida, inclui sua humanidade.[29]

“No espelho da humanidade de Jesus Cristo revela-se a humanidade de Deus, incluída em sua divindade. Deus é assim com ele. Assim diz seu sim ao homem. Assim ele participa do ser humano. Assim ele se engaja em favor do ser humano.” [30]

O homem

O que é o homem? “O homem é um enigma e nada mais, e seu universo jamais será tão vivamente visto e sentido, é uma questão. Deus continua em contraste com o homem como o impossível em contraste com o possível, como a morte em contraste com a vida, como a eternidade em contraste com o tempo. A solução do enigma, a resposta à questão, a satisfação da nossa necessidade é absolutamente o novo evento pelo qual o impossível torna-se por si mesmo possível, a morte torna-se vida, a eternidade tempo, e Deus homem.” [31]

“O homem nem é capaz de reconhecer por si mesmo sua inquietude e seu pecado. É-lhe necessário primeiro conhecer Jesus Cristo: é em sua luz que nós vemos a luz que nos revela nossas próprias trevas.” [32]

ESPAÇO-TEMPO, o dilema, o que gera dificuldades interpretativas, é a falta de compreensão desta diferença, entre o que é temporal e Deus que está fora do tempo. Desejamos a satisfação dos nossos interesses, propondo o foco de Deus a nós, a nossa escolha pessoal ou a nossa decisão, e não o foco Nele, no que Ele deseja, escolheu, planejou.

“Confundimos a eternidade com temporalidade. Esta é nossa falta de respeito no relacionamento com Deus. Secretamente, nesse modo de proceder, somos nós os senhores. Para nós não se trata de Deus, porém das nossas necessidades [de nossos desejos e conveniência] pelas quais queremos que Deus se oriente.” [33]

“É preciso considerar-se em conjunto, no mesmo momento, a eternidade e o tempo, Deus e o homem, para compreender o que realmente significa o nome de Jesus Cristo! Jesus Cristo é a realidade da aliança entre Deus e o homem”. [34]

Aliança eterna em Cristo

Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas”. Hb 13.20

Este ponto é difícil de tratar, porque é o ponto que gostamos muito. Mas Barth trata e explica o que vem ser a aliança que Deus propôs, antes da fundação do mundo (Mt 25.34; Ef 1.4; I Pe 1.20; Ap 13.8). A minha própria teologia se origina e se desdobra sobre este propósito e aliança, Cristo, porque a Bíblia fala disto, da aliança entre Deus e os homens (aqueles que creem) por meio de Jesus Cristo. Mas vamos colar, pelo menos, a definição do que seria esta eterna aliança em sua teologia. Segue:

“Em sua palavra Deus revela o seu agir no horizonte de sua aliança com o ser humano; e na história da constituição, manutenção, realização e conclusão desta aliança ele se revela a si mesmo. Revela sua santidade, mas revela também a sua misericórdia – misericórdia de pai, de irmão, de amigo. Revela também seu poder e sua majestade como senhor e juiz do ser humano; revela, portando, a si mesmo como o primeiro parceiro dessa aliança , a si mesmo como o Deus do ser humano. Mas em sua palavra revela também o ser humano como criatura, como seu devedor insolvente, como ser perdido sob seu juízo. Mas também revela-o como criatura mantida e salva por sua graça, como ser humano libertado para Deus, posto a seu serviço. Revela o ser humano como seu filho e servo,  como amado por Ele e, portanto, como segundo parceiro da aliança; em síntese: revela o ser humano como o ser humano de Deus.” […]  A aliança é a união de Deus com esse povo, dentro de sua história comum. Ela fala, de maneira estranhamente contraditória, mas inequívoca, do encontro jamais interrompido, do diálogo, da comunhão entre o Deus santo e fiel e um povo que não é santo e nem fiel. Assim ela fala simultaneamente da presença constante e fiel do parceiro divino, e do falhar de seu parceiro humano, destinado a ser-lhe conforme, a corresponder à sua santidade, a responder com fidelidade à sua fidelidade divina. Assim ela revela a plenitude divina da aliança – não a humana. Neste sentido ela ainda não fala da aliança em sua plenitude consumada. É assim que, transcendo a si mesma, aponta para uma consumação que nela tende a realizar-se, que, no entanto, ainda não chega a ser realidade”. [35] (assim fala da aliança entre Deus e Israel, como figura da aliança eterna em Cristo, entre este e a sua esposa).

“Em vista desse seu Filho, que devia tornar-se homem e portador dos pecados dos homens, Deus amou o homem e, com o homem, todo o mundo desde a eternidade, antes ainda de criá-los”, [36]

Muitos outros pontos, que também não podem ser ditos menores que principias, ficaram de fora deste nosso pequeno comentário, como “Deus, o totalmente outro”, que trata do aspecto da transcendência divina, “Analogia da Fé”, a contemplação e impossibilidade de captura do objeto da teologia (Deus), o papel da teologia, a própria doutrina da eleição que pode ser objeto de muitos outros estudos, mas ficaremos por aqui.

Espero que tenham gostado e esclarecido alguns pontos da teologia deste brilhante autor, que certamente, independente de qualquer coisa, e é admirado até mesmo pelos católicos, é impossível passar a história do pensamento teológico sem citá-lo, e se porventura formos listar os maiores nomes da história da teologia, certamente Karl Barth estará entre eles. Graça e paz a todos.

[1] MILLER, Ed. L.; GRENZ, Stanley J. Teologias Contemporâneas. Tradução: Ativan G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011. p. 13-14.
[2] ERICKSON, Millard J.. Dicionário Popular de Teologia. Tradução: Emerson Justino. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. p. 134.
[3] GONZALEZ, Justo. Breve Dicionário de Teologia. Tradução: Silvana Perrella Brito. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 93.
[4] STOTT, Jonh. A Cruz de Cristo. Tradução: João Batista. São Paulo: Editora Vida, 2006. p. 166-167.
[5] GOUVÊIA, Ricardo Quadros, apud. BARTH, Karl. Palavra de Deus, Palavra do Homem, 2ª Ed.São Paulo: Fonte Editorial, 2011.p. 31.
[6]BARTH, Karl. A Revelação de Deus como Sublimação da Religião. São Paulo: Fonte Editorial, 2011, p. 13.
[7]  Ibid. p. 44.
[8]  Ibid. p. 113.
[9]  BARTH, Karl. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial. 2006, p. 27.
[10] BARTH, Karl. Dádiva e louvor: Ensaios teológicos de Karl Barth. Tradução: Walter O. Schlupp, Luis Marcos Sander e Walter Altmann. São Leopodo: Sinodal/EST, 2006.p. 247.
[11] BARTH, Karl. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial. 2006. p. 75.
[12]BARTH, Karl. Palavra de Deus, Palavra do Homem, 2ª Ed.São Paulo: Fonte Editorial, 2011.p. 98-99.
[13] Ibid.p. 121.
[14] BARTH, Karl. A Revelação de Deus como Sublimação da Religião. São Paulo: Fonte Editorial, p. 69.
[15]BARTH, Karl. Palavra de Deus, Palavra do Homem, 2ª Ed.São Paulo: Fonte Editorial, 2011.p. 110.
[16]BARTH, Church Dogmatics, 1/I, p. 105-106. Apud MILLER, Ed. L.; GRENZ, Stanley J. Teologias Contemporâneas. Tradução: Ativan G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011. p. 13-14.
[17]BARTH, Karl. A Revelação de Deus como Sublimação da Religião. São Paulo: Fonte Editorial, 2011. p. 134.
[18] BARTH, Karl. Dádiva e louvor: Ensaios teológicos de Karl Barth. Tradução: Walter O. Schlupp, Luis Marcos Sander e Walter Altmann. São Leopodo: Sinodal/EST, 2006.. p. 239-240.
[19] Ibid. p. 240.
[20] BARTH, Karl. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial. 2006. p. 95.
[21] BARTH, Karl. Dádiva e louvor: Ensaios teológicos de Karl Barth. Tradução: Walter O. Schlupp, Luis Marcos Sander e Walter Altmann. São Leopodo: Sinodal/EST, 2006.. p. 241-242.
[22] Ibid. p. 243.
[23] Ibid.p. 246.
[24] Ibid.p. 247.
[25] Ibid. p. 248.
[26] Ibid.p. 250.
[27] Ibid.p. 253.
[28] Ibid.p. 254.
[29] Ibid.p. 394.
[30] Ibid.p. 397.
[31] BARTH, Karl. Palavra de Deus, Palavra do Homem, 2ª Ed.São Paulo: Fonte Editorial, 2011.p. 218.
[32] BARTH, Karl. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial, 1996. p. 93.
[33] BARTH, Karl. Carta aos Romanos. Tradução: Lindolfo Anders.5ª Ed.São Paulo: Fonte Editorial, 2009.p. 52.
[34] BARTH, Karl. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial. 2006. p. 95. [35] BARTH, Karl. Introdução à teologia Evangélica. Tradução: Lindolfo Weingartner – 9ª ed. rev. São Leopoldo: Sinodal, 2007. p. 19-20.
[36] CD, III/1 §41, pp. 53-54. Apud. FERREIRA, Franklin. “Karl Barth: Uma Introdução à sua carreira e aos principais temas de sua teologia”; MACKENZIE – FIDES REFORMATA. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_VIII__2003__1/v8_n1_flanklin_ferreira.pdf , acesso em 02 de maio de 2013.

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