opinião
Missões, uma tarefa glocal
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.” Atos 1:8
Disse Jesus: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Mateus 28:19-20
Dos cinco propósitos bíblicos deixados por Jesus em Seu evangelho para nós, podemos realizar quatro deles na terra e na eternidade. Poderemos viver adoração, comunhão, discipulado, ministério e aqui e na eternidade. Contudo, somente o propósito de missões/evangelismo tem prazo de validade, ou seja, só podemos realizá-lo aqui na terra.
Portanto, é uma tarefa que precisa de nossa atenção, oração, foco, investimento e prioridade, e esta missão precisa ser feita de forma simultânea em nossa cidade, região, estado, nação e até os confins da terra, como Jesus ensinou em Atos 1:8. Cada cristão e cada igreja precisam estar alertas sobre isso. Como você vê a tarefa de missões? Como você tem se envolvido? Este tema toca o seu coração?
O evangelho a ser pregado não é transmito por osmose. Cada cristão é responsável pela transferência das Boas Novas para todos os povos, até a última casa. O Evangelho de Jesus sempre será o mesmo, contudo, a forma de pregá-lo precisa sempre ser avaliado, atualizado e expandido. É menos sobre ferramentas, e muito mais sobre obediência e prática como estilo de vida.
Antes, missões era relacionado a algo como “orar, contribuir e ir”. Agora, o entendimento é mais orgânico e natural. Missões é ser, estar e se dispor, por onde formos e com o que temos, como estilo natural de vida cristã.
Missões é uma realidade global, a partir de cada igreja local, nossa Jerusalém, que se estende a todo globo. O que a Bíblia denomina de “confins da terra” não é algo opcional para cada discípulo de Cristo e para igreja local, é uma questão de obediência. A ordem já foi dada, a salvação é para sua cidade, para o Brasil e para o mundo. Agora, só nos cabe obedecer! Jesus falou da missão de pregar o evangelho antes e depois da Sua ressurreição. O que importa é que precisamos executar esta tarefa de forma efetiva, eficiente e eficaz!
Diante disto, sabemos que temos uma missão global a realizar através de cada igreja local, que vive em constante mudanças! Todavia, me questiono por que ainda existem pastores e líderes cristãos que mantêm em seus ministérios uma visão apenas local, limitada e voltada apenas para suas necessidades de evangelismo local. Jesus foi claro e contundente em Suas Palavras.
Precisamos frisar que Ele não nos deixou um conselho ou sugestão, mas uma ordem, Jesus nos comissionou para uma missão global, que se inicia de forma pessoal, depois local, chegando ao plano nacional e internacional. Nossa resposta, como bons servos, é apenas o cumprimento, isto é, a obediência irrestrita e incondicional a esta ordem. Do contrário, estaremos omitindo ou desprezando Sua Palavra, o que é o mesmo de estar em pecado de desobediência e rebelião. Servos de primeira linha, conectados com a Palavra revelada e com o tempo presente, pensam globalmente.
Minha pergunta é a seguinte: se somos cristãos, e esta ordem é tão clara nas Escrituras, por que tantas igrejas não a obedecem? Lamentavelmente, a grande comissão está sendo negligenciada por igrejas pequenas e grandes, tradicionais, pentecostais e contemporâneas. Esta doença atinge qualquer tipo de igreja e liderança, em qualquer lugar. Ela pode ser identificada em igrejas que apenas abrem suas portas aos domingos e no meio de semana para cultos de oração e nada mais, ou em igrejas comunitárias que abrem suas portas todos os dias para mais uma semana de “poder”, mas que que não cuidam de seus membros através de pastoreio intencional.
Há igrejas de todos os tipos que não servem a cidade onde vivem por meio de ministérios sociais de cuidado e misericórdia aos mais carentes. Igrejas saudáveis precisam pensar globalmente a partir da realidade local. Missões como estilo de vida é algo para todos: jovens, universitários, profissionais liberais, empresários, líderes, enfim, pessoas que têm um chamado para seguir e servir a Jesus, independentemente de sua formação acadêmica ou teológica. A igreja não pode se tornar um supermercado da fé, em que pessoas estão semanalmente indo buscar um Evangelho de autoajuda.
A igreja é a esperança do mundo, um lugar para recebermos, celebraremos e sairmos para repartir Jesus. O pastor e autor Rick Warren disse: “uma igreja não deve ser reconhecida apenas pelo numero de pessoas sentadas aos domingos, mas pelo numero de pessoas que são enviadas na segunda-feira para cumprir sua missão no mundo”.
Temos um chamado para obedecer. Como igreja, não podemos ignorar ou desprezar a grande comissão dada pelo nosso Senhor Jesus em detrimento de nossos gostos, preferências ou agenda lotada. Recuso-me a ser um pastor e líder de uma igreja voltada para si mesma e para agendas estabelecidas sem visão global. Tenho fé de que vou prestar contas diante de Deus de um grande rebanho composto por grandes servos de Deus, gente da Palavra, da oração e da prática, gente corajosa, amorosa, abnegada na sua missão de forma pessoal, local e global, um povo destemido de fé e amor, uma igreja que se importa com a dor e as mazelas das pessoas.
Um povo que acredita no mover sobrenatural da fé, que tem o real poder de Deus sobre suas vidas para ser agente de milagres e transformação de vidas. Desejo ver uma igreja saudável dirigida pelos eternos propósitos de Deus, que é permanecedora em Cristo, que vive e celebra sua recuperação dia após dia na dependência do Espírito Santo, uma igreja que faz missões globalmente, plantando novas igrejas, equipando líderes servos, assistindo aos pobres, curando os enfermos e educando crianças para próxima geração, sempre que possível, em parceria com outras igrejas e entidades sociais e missionárias. Podemos até ir sozinhos, mais se formos juntos, vamos mais longe!
Creio que podemos viver a realidade de uma igreja viva, peregrina e contextualizada, que vive em obediência à Palavra do Senhor. Já passamos do tempo de ter apenas ovelhas tradicionalistas acomodadas em suas tradições. Por outro lado, que o Senhor também nos livre de sermos um rebanho consumista das bênçãos de Deus, que deseja apenas receber e ir à igreja apenas para receber a última notícia de poder, esquecendo-se de que vida cristã está mais relacionada ao dar do que receber: “Há maior felicidade em dar do que em receber” (Atos 20:35).
Creio que devemos ser igreja com visão local e global, cumprindo o grande mandamento e a grande comissão de Jesus na terra até a sua volta, até porque como está escrito no Salmo 67:1 e 2: “Que Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós, para que sejam conhecidos na terra os teus caminhos, a tua salvação entre todas as nações”.
Fomos abençoados para abençoar, declarando a glória do Senhor para todas as nações, entregando o amor de Cristo momento a momento.
Vamos viver missões como estilo de vida, de forma pessoal, relacional e institucional, vamos investir tudo nosso esforço para fazer da melhor forma, maximizando recursos e alcançando o maior número possível de vidas para o Reino de Deus, a partir da realidade de cada um, missões começa em nossa realidade pessoal e vai até os confins da terra, de forma local e global.
Que a igreja brasileira, viva de forma saudável o cumprimento da sua missão de viver e pregar as boas novas ao mundo, e seja um instrumento de transformação da igreja global.. para volta do nosso Senhor Jesus.