estudos bíblicos
Modelagem espiritual
Independentemente de diferentes influências humanas, que são bíblicas, Jesus Cristo deve ser o nosso primeiro e grande modelo, exemplo e referência de vida.
O que é a modelagem? É arte de criar moldes tanto em fundição ou argila como em calçados e em confecção de peças para o vestuário; o acto ou efeito de modelar. Usa-se em muitas áreas, desde a artística (escultura) à indústria da moda (figurinos), desde a informática à matemática e à indústria, desde a gestão às relações humanas.
O que nos interessa aqui é o sentido espiritual: modelagem espiritual. Quem é o nosso modelo de vida? A nossa inspiração? As nossas influências? Todos procuramos modelos, das crianças e adolescentes aos adultos, dos jovens à meia-idade. Ninguém é uma ilha. Todos sofremos influências ao longo da vida.
Existem diversos processos de modelagem, seja na base de pessoas reais que se constituem como referências para nós, seja até com figuras virtuais, no caso de adolescentes que elegem artistas ou atletas como modelos, mas que nunca os conheceram pessoalmente e dos quais apenas conservam uma imagem decorrente dos média e das redes sociais.
Mas talvez ainda sejamos mais moldados pelas nossas experiências e vivências.
Moldados pelo passado
Os hebreus estavam moldados por quatrocentos anos de vida no Egipto, sua cultura, estilo de vida e religião. Depois do Êxodo, e na impaciência da descida de Moisés do Monte Sinai, lembraram-se de reproduzir uma festa de pendor religioso em honra do boi Ápis, o mais venerado e o mais célebre dos animais sagrados no Egipto. Personificava a terra. Era o touro de Mênfis. Simbolicamente representado com um triângulo branco na testa e o disco do sol entre os chifres.
A partir das pulseiras e outros objectos do precioso metal que haviam recebido à saída daquela terra, fundiram e modelaram o bezerro de ouro, uma reprodução da divindade egípcia.
Os hebreus saíram do Egipto mas o Egipto não saiu deles. Segundo Ireneu, bispo de Lyon (130-202): “nas suas mentes, voltaram ao Egipto”.
Frequentemente as pessoas recorrem aos “deuses” do passado para se modelarem. Para o bem e para o mal.
Moldados pelo presente
Todos estamos a ser moldados pela presente pandemia e suas consequências económicas (empresas, negócios), sociais (desemprego, fome), educacionais (escolas, formações), culturais (artes e espectáculos), emocionais (medos exagerados), relacionais (não poder beijar nem abraçar ou sequer apertar a mão) e espirituais (serviços religiosos).
Muita gente está a deixar-se modelar pelas limitações do presente.
Moldados pelo futuro
Geralmente temos tendência para sermos moldados, não pelo futuro, que ainda não chegou, mas pelas expectativas que temos sobre o futuro, como as expectativas profissionais, pessoais e familiares. Mas nós não dominamos o futuro, por isso e evangelho ensina a mantermos sempre presente a nossa dependência de Deus:
“Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos. Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo” (Tiago 4:13-15).
Muitos são marcados pelos medos do amanhã, mas Jesus ensinou a não ter medo do futuro, mesmo quando falou de coisas más que haveriam de acontecer. Daí a sua promessa: “eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28:20).
As pessoas têm medo do mal e até do bem
Diz-nos Mateus, sobre o episódio do Monte da Transfiguração:
“E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo. E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo” (17:5-7).
A mensagem é que os discípulos não tivessem medo da presença sobrenatural de Deus naquele momento.
Mas a Palavra ensina que o cristão deve ser moldado sobretudo pela Pessoa de Jesus Cristo:
Romanos 8:29 – “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
Efésios 4:11-13 –“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo. Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”.
A imagem ou estatura de Cristo é intemporal. Não tem passado nem presente, nem futuro: é eterna.
Independentemente de diferentes influências humanas, que são bíblicas (“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” – 1 Timóteo 4:12), Jesus Cristo deve ser o nosso primeiro e grande modelo, exemplo e referência de vida.