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Mulher pode ser pastora? Vídeo descreve o que a Bíblia revela
O tema da ordenação feminina ao ministério pastoral tem sido motivo de debates intensos entre evangélicos do século 21. Enquanto denominações pentecostais e neopentecostais têm admitido mulheres ao cargo de pastoras, igrejas históricas – como Batistas e Presbiterianas – seguem mantendo uma posição tradicional, sem abrir espaço para tal prática.
Nos Estados Unidos, a pastora Ashley Wilkerson, da Pacific Coast Church em Tacoma, afirmou que tradutores da Bíblia “fraudaram o Novo Testamento” para reduzir a relevância das mulheres na Igreja Primitiva e, assim, impedir que elas fossem ordenadas. A declaração provocou reações entre líderes conservadores.
No Brasil, o assunto não é novo. O pastor Antônio Gilberto (1929–2018), uma das principais referências teológicas das Assembleias de Deus, escreveu extensamente sobre o tema. Em artigo, advertiu: “É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres”, afirmou.
O debate atual
O crescimento numérico dos evangélicos, registrado nos últimos censos populacionais, tem impulsionado a discussão no país. Livros, artigos e vídeos têm apresentado posições divergentes. Um dos principais nomes do segmento conservador que se pronuncia sobre o assunto é o reverendo Augustus Nicodemus, pastor da Esperança Bible Presbyterian Church em Orlando, nos Estados Unidos.
Durante um vídeo de perguntas e respostas em seu canal Em Poucas Palavras, Nicodemus foi questionado diretamente: “Mulheres podem ser pastoras?” Ele respondeu: “Essa é uma pergunta que tem dividido os evangélicos recentemente e causado grande polêmica. Biblicamente, eu entendo que não há restrição para o ministério da mulher na igreja a não ser que ela exerça a autoridade espiritual que vem do ofício pastoral e presbiterial também”.
O reverendo explicou que mulheres sempre tiveram espaço na obra de Deus: “Eu creio que a mulher pode servir e tem servido. A Bíblia nos dá muitos exemplos, e elas têm servido em diferentes categorias, trabalhando em diversas áreas. A igreja é um corpo com muitos membros e muitas funções, e as mulheres certamente são bem-vindas a trabalhar e servir de acordo com seus dons”.
As restrições bíblicas
Nicodemus destacou, contudo, que a Escritura estabelece limites claros sobre o governo eclesiástico: “O governo da igreja é exclusivo de homens cristãos qualificados. Isso fica claro pelo fato de que Jesus chamou 12 homens para serem apóstolos, pelo fato de que os apóstolos nomearam 7 homens para serem diáconos, pelo fato de que nos requerimentos pastorais é dito lá em 1 Timóteo 3, que o presbítero, o pastor, o bispo, ele tem que ser marido de uma só mulher”.
Ele ainda citou passagens que reforçam a restrição: “Além do mais, há restrições como a proibição da mulher ensinar com autoridade de homem na igreja, 1 Timóteo capítulo 2; a ordem para que elas permaneçam, aprendam em silêncio, 1 Coríntios capítulo 11; então todas essas evidências apontam para uma conclusão única. A única restrição que nós podemos impor ao ministério das mulheres é que elas sejam ordenadas pastoras, presbíteras e diaconisas, onde esse ofício é entendido como sendo autoritativo”.
Considerações finais
De maneira objetiva, Nicodemus concluiu: “Então, mulheres podem ser pastoras? Na minha opinião, não. Mas isso não quer dizer que elas não possam aconselhar, ajudar, visitar, confortar aqueles que estão em necessidade. E isso elas fazem muito bem”.
O debate permanece aberto entre diferentes denominações e estudiosos. Enquanto alguns defendem a legitimidade da ordenação feminina como uma adaptação à realidade contemporânea, outros apontam para as restrições bíblicas e históricas. A questão, portanto, continua sendo um dos temas centrais na reflexão evangélica atual sobre ministério eclesiástico e autoridade espiritual.