opinião
Não deixe a soberba derrubar seu ministério
A soberba é uma ponte para a destruição, sem atalhos.
A soberba é uma das atitudes mais perniciosas e tem o poder de derrubar o ser humano, independente de quem seja. Possuir um padrão elevado de vida ou não, receber alguma promoção ou reconhecimento no campo profissional ou ser rebaixado de cargo, ser elogiado por conquistas ou criticado por elas, tudo isso pode revelar a arrogância ou a humildade existente no coração do homem.
A soberba é uma ponte para a destruição, sem atalhos. Pela longa história da vida humana, vimos consequências na vida daqueles que se deixaram levar pela presunção em seus projetos e modelo de vida. É certo que muitos dos fracassos que o homem já enfrentou e ainda enfrenta, foram frutos de sua própria falta de habilidade e competência. Mas outros, deram-se pela presença da soberba, orgulho e altivez. Neste caso, consequências também são esperadas. “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Provérbios 16.18). Toda pessoa soberba alimenta um excesso de confiança em si mesmo, considerando-se imbatível e invencível. Podemos comparar a soberba ao mau hálito: geralmente quem o tem não percebe, mas sim aqueles que estão a sua volta.
Na Bíblia, há várias histórias e citações de versículos que nos alertam contra a altivez. Uzias, rei de Judá, é um exemplo (2 Crônicas 26.1-23). Seu reinado em Jerusalém durou 52 anos, e teve um começo exemplar, mas ao longo dos anos, foi derrotado pelo orgulho e altivez. Ao lermos a referência acima citada, chegamos à conclusão de que Uzias, também chamado Amazias, realmente foi um grande conquistador, um líder por excelência, um estrategista que comandou um poderio militar. Sob suas ordens havia um exército guerreiro de 307500 homens, com um detalhe: “…faziam a guerra com grande poder” (v.13).
Uzias ficou muito famoso. Porém, no ápice de suas conquistas aconteceu justamente o que não deveria: “Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso” (v. 16). Como consequência disso, Uzias teve lepra na testa de forma pública, foi excluído da Casa de Deus e morreu aproximadamente em 740 a. C. de forma isolada, sem visitas. Trágico, não? Neste contexto, é oportuno lembrar o registro de Lc 18.14 “…todo o que se exalta será humilhado…”.
Os versículos anteriores a este (Lc 18.9-13) narram a famosa parábola do fariseu e o publicano. O fariseu orava da seguinte forma: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano.” Já o publicano foi sensato: “…estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”.
O fariseu se viu acima do publicano. Pensava ter uma espiritualidade “acima da média”, de modo que considerou-se superior ao publicano. Mas Jesus reprovou sua atitude, mencionando que o publicano desceu justificado para sua casa e não o fariseu. Comumente o orgulho pode nos levar à autossuficiência e justiça própria. Uma pessoa orgulhosa geralmente tem dificuldades em receber favor de terceiros.
Qualquer ajuda pode ferir seu orgulho. Outra marca importante que estava impregnada no coração do fariseu era seu desprezo e desdenho pelo seu semelhante. Quanto a isto, Paulo enfatizou: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmos” (Filipenses 2.3). Quantas vezes caímos nesta mesma armadilha, desprezando e ridicularizando nosso próximo porque ele não pensa, não se veste, não vive como nós. Como crentes, quantas vezes depreciamos nosso próximo só porque ele faz parte de uma denominação diferente da nossa!
Foi Charles Swindoll quem disse: “O orgulho se vence considerando os outros superiores a si mesmo”. Todo cuidado é pouco, principalmente para quem está em uma situação de evidência e crescimento. A bíblia NVI, diz em 1 Coríntios 10.12 o seguinte: “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!”. John C. Maxwuell diz que “O que leva anos para ser construído pode ser destruído do dia para a noite.” Se a soberba descontrolada derruba impérios, governos, exércitos, por que não derrubaria famílias, profissões, legados, ministérios e denominações? Se derrubou o implacável Uzias e tantos outros personagens bíblicos e pessoas de renome em nossa sociedade, por que não derrubaria a mim ou a você? Temos que tomar muito cuidado com nossas conquistas e sucesso. Como líderes, não podemos nos conceituar os melhores; como igreja, não devemos viver o “elitismo denominacional”, de modo que pensemos que outras igrejas estão num patamar a menos do que a nossa.
Como reagimos aos elogios que recebemos? Uzias se deixou levar pela soberba quando chegou em seu apogeu em todos os aspectos da vida. Para vencermos qualquer atitude e sentimento em que nos faz entender que somos “os únicos”, que os outros “estão abaixo de nós”, é necessário que vivamos uma vida com Deus, alicerçada sempre em arrependimento.
Para finalizar, gostaria de registrar um fato que aconteceu com a australiana Darlene Joyce Zschech, cantora e compositora do Ministério de Louvor Hillsong Live, uma das mais proeminentes bandas gospel da atualidade, que está registrado em seu livro “Adoração Extravagante”, pág. 86: “Certa vez, viajei para outro estado aqui na Austrália para cantar em um evento. Quando cheguei lá, eu era apenas uma entre um milhão de coisas acontecendo naquela noite. No final, por ter sido convidada, presumi que alguém ia levar-me até o hotel. Por isso fiquei andando pelas salas de trás do local. Não havia muita gente por lá, e eles tinham-se esquecido de escalar alguém para me levar de volta! Eu não conhecia ninguém, por isso perguntei a uma moça se podia me levar ao hotel. Ela respondeu que não! Foi muito engraçado! Acabei tendo de pagá-la para me levar! Quando cheguei ao hotel, estava tão embaraçada que nem liguei para a igreja nem para lugar nenhum. No dia seguinte, tomei um táxi, cantei na reunião de manhã e em seguida peguei o avião de volta o mais rápido que consegui! Tudo isso por pensar que eu estava “virando alguém”! Acho que Deus estava pondo minha cabeça em ordem! Como música e cantora, um dos maiores obstáculos que se encontra é o orgulho.”
No campo profissional, ministério pastoral, ou seja qual for nossa área de atuação, estamos sujeitos a passar pela mesma situação que esta cantora passou. Que o Senhor venha colocar nossa “cabeça em ordem” em todo o tempo e lugar, independente de quem somos ou do que realizamos! Que Ele venha nos moldar a sua semelhança. Que em todo o progresso espiritual venhamos sempre nos deparar com alguns “espinhos na carne”, a fim de que não venhamos ostentar nosso ego e nos acharmos os melhores. Lembre-se: na vida cristã, só somos mais que vencedores porque estamos em Cristo Jesus (Romanos 8.32). Portanto, não deixe que a soberba derrube seus projetos pessoais, sua família e, principalmente, seu ministério.