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Nigéria: 70 cristãos mortos e outros 6 mil em fuga pela vida

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Desde o final de março de 2025, uma nova série de ataques armados atribuídos a militantes do povo fulani atingiu comunidades predominantemente cristãs no estado de Plateau, centro-norte da Nigéria. Segundo parceiros locais da Missão Portas Abertas, ao menos 70 pessoas foram mortas e mais de 6.000 se viram forçadas a fugir de suas casas, justamente no início da estação chuvosa no país.

Entre os dias 24 de março e 8 de abril, sete localidades nas áreas de governo local (LGA, da sigla em inglês) de Bokkos e Bassa foram alvo de emboscadas, execuções e incêndios criminosos. De acordo com relatos de sobreviventes, mulheres idosas, crianças e até gestantes estão entre as vítimas fatais. Algumas foram mortas a tiros, outras queimadas vivas.

“Cerca de sete a oito comunidades foram atacadas. Os ataques nos afetaram espiritualmente e socialmente. Precisamos de orações por provisão para os deslocados internos e os que acolheram nossos irmãos desabrigados em suas casas”, declarou o reverendo Arum, ligado a parceiros da Portas Abertas na região.

Detalhamento dos ataques

A cronologia dos eventos, conforme apurada por organizações locais e líderes comunitários, revela uma escalada de violência concentrada em áreas rurais de maioria cristã:

  • 24 de março – Três agricultores cristãos são emboscados e mortos na vila de Dundu, LGA de Bassa.

  • 27 de março – Na comunidade de Ruwi, Bokkos, 11 cristãos são assassinados durante um velório, incluindo uma gestante, seu esposo e uma criança de 10 anos.

  • 2 de abril – Em Tamiso (Bokkos), militantes invadem um encontro feminino da igreja COCIN, matando cinco mulheres. No mesmo dia, outros dois ataques deixam mortos nas vilas de Dafo (2 vítimas) e Hurti (cerca de 40 mortos).

  • 6 de abril – Quatro mortos na vila de Pyakmula, Bokkos.

  • 7 de abril – Três mortos na vila de Hwrra, Bassa.

  • 8 de abril – Três ataques simultâneos na LGA de Bassa matam pelo menos duas pessoas.

De acordo com Farmasum Fuddang, advogado e presidente do Conselho de Desenvolvimento Cultural de Bokkos (BCDC), 31 corpos foram enterrados em uma vala comum, enquanto cinco crianças queimadas na vila de Hurti não puderam ser sepultadas de forma convencional.

Impacto humanitário e contexto local

As autoridades do estado de Plateau condenaram os ataques e afirmaram estar mobilizando forças de segurança para controlar a situação. No entanto, a tensão persiste desde maio de 2023, quando ocorreram ataques similares. Na véspera do Natal passado, um atentado em Bokkos matou cerca de 200 cristãos, segundo registros oficiais e de grupos de direitos humanos.

“Temos cerca de quatro campos de deslocados internos: um em Bokkos, um em Gombe e dois em Hurti. Em Bokkos, há mais de dois mil deslocados. Em Hurti, temos mais de quatro mil. Vamos orar para que o Senhor providencie alimento e recursos”, apelou o reverendo Arum, relatando a soma das seis mil pessoas em fuga pela vida.

A Nigéria entrou agora no período de chuvas (abril a outubro), o que agrava a crise. Esse é o momento crítico para os agricultores de subsistência, que cultivam para sustentar suas famílias ao longo do ano. Sem acesso às terras, milhares de famílias enfrentam insegurança alimentar.

“As pessoas estavam preparadas para plantar. Vimos produtos como pimenta e batatas estragando porque todos fugiram. Essa é a única fonte de sustento da comunidade, e agora estão privados disso”, afirmou Titus Ayuba Alams, conselheiro especial do governador de Plateau.

“As crianças não vão mais à escola, nem podem adorar nas igrejas, porque estão fugindo para salvar suas vidas”, acrescentou Alams.

Domingo da Igreja Perseguida

No próximo 15 de junho, milhares de igrejas ao redor do mundo se reunirão no Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2025, para interceder pelos cristãos perseguidos e deslocados em lugares como a Nigéria. A mobilização é coordenada por ministérios cristãos, com foco em oração, apoio prático e comunhão entre igrejas.

Pedidos de oração

A Missão Portas Abertas e líderes locais pediram orações:

  • Para que o Espírito Santo console e cure os afetados pelos ataques.

  • Para que líderes e membros da igreja sejam instrumentos de paz em meio ao conflito.

  • Pela transformação dos corações dos militantes, para que encontrem arrependimento em Cristo.

  • Pela provisão de alimento, abrigo e segurança para os deslocados.

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