opinião

O Estado não sabe o que é estratégico

É preciso empoderar a livre iniciativa.

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Lançamento da SpaceX (SpaceX / Unsplash)

“Nada é mais estratégico do que comida, mas isto não é razão para o Estado plantar batatas” – M. Thatcher

Poucos sabem, mas esta declaração de Thatcher foi dada no Brasil, quando um jornalista brasileiro a questionou se o petróleo não era um produto estratégico.

Nesta última semana vimos dois episódios totalmente distintos quanto ao que é estratégico.

Na Argentina, o governo anunciou a estatização da maior exportadora de grãos do país, alegando ser “estratégico”.

Já nos EUA, o mundo assistiu o evento histórico em que pela primeira vez astronautas são enviados ao espaço por uma empresa privada.

A SpaceX tornou-se a primeira empresa privada a lançar pessoas em órbita, um feito até agora alcançado por apenas três governos – EUA, Rússia e China.

Mas o que impressionou não foi o seu lançamento, mas a nova Ordem Executiva assinada pelo governo americano, considerando o setor privado estratégico e revogando uma antiga norma que não era amigável para o setor privado no setor espacial:

“A exploração bem sucedida a longo prazo e a descoberta científica da Lua, Marte e outros corpos celestes exigirão parceria com entidades privadas…”

A SpaceX apenas iniciou uma nova corrida espacial internacional. Para se ter uma ideia do que isto significa, observe estes números.

Em 2010 o presidente Barack Obama pediu para avaliar se a iniciativa de um novo projeto lunar de Bush era viável em termos de custo.

A conclusão foi que não era, pois levaria 12 anos e custaria pelo menos 36 bilhões de dólares.

A SpaceX fez em 6 anos e com um custo inferior a 1 bilhão. Entre 2009 e 2019, quando a SpaceX entrou em campo, caiu de 10 mil dólares para 2 mil o preço do lançamento espacial por quilo.

Mas, com este último lançamento, um salto gigante foi dado, pois o foguete que os levou à orbita retornou e aterrissou a bordo de um navio para ser reutilizado.

Isso ocorreu pela primeira vez na história dos vôos espaciais tripulados. Estima-se que agora o preço do lançamento caia para cerca de 500 dólares por quilo.

Cogita-se micro-naves espaciais de 10 quilos, que podem fazer coisas que antes eram necessárias para uma espaçonave de 1.000 quilos.

Esta transformação radical no transporte espacial ocorreu graças a participação de atores privados e que levará ao desenvolvimento daquilo que poderíamos chamar da “fronteira final” do homem.

Imagine o aproveitamento de fontes de energia limpa baseadas no espaço ou a mineração de asteroides. Estas inovações incríveis acontecem por que a humanidade sabe aprender com os seus erros.

Se de um lado alguns países esquecem este tesouro dos erros passados, como a Argentina depositando sua confiança na presença maciça do Estado na agricultura, outros tomam caminhos diferentes.

Os EUA passam agora a liberar o espaço para a atuação da livre iniciativa.

Embora tomadas debaixo do mesmo céu, é fácil prever qual o futuro que cada uma dessas decisões adotadas por estes países desencadeará.

É só uma questão de tempo.

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