estudos bíblicos
O homem sonha e Deus realiza?
Se atentarmos prudentemente e com espírito responsável, compreenderemos que os sonhos de José não foram frutos de seus próprios pensamentos.
Recentemente, viajando de ônibus, avistei a seguinte expressão contida no para-brisa traseiro de um carro de passeio: “O homem sonha e Deus realiza”. Após refletir, à luz da Bíblia, sobre esse pensamento, cheguei à conclusão de que não é bem assim. Sendo assim, vamos discorrer sobre esse chavão humanista neste texto.
Qualquer pessoa pode sonhar? Minha resposta é sim. Mas que tipos de sonho podem sonhar? Um deles é o sonho do sono, ou seja, um conjunto de imagens, pensamentos ou fantasias que vem a nossa mente enquanto dormimos. À título de exemplo bíblico entre tantos, citamos José (Gn 37.5).
Outro tipo de sonho é o desejo absurdo, isto é, aquele que foge à nossa realidade. Imagine, por exemplo, alguém pensar que consegue voar sem a ajuda de equipamentos e mecanismos auxiliares. Seria possível? Humanamente não. Esse pensamento apenas paira na cabeça de alguém que esteja apenas brincando ou que seja um devaneador.
O planejamento equilibrado também pode ser considerado outro tipo de sonho. Será que você nunca sonhou em ser uma pessoa melhor nos relacionamentos, ter o emprego dos sonhos, constituir uma linda família? Sim, possivelmente. Esse planejar ou sonhar envolve prudência, esforço e investimentos para se alcançar as metas e os objetivos traçados. Caso contrário, não sairá do papel.
Voltando ao primeiro tipo de sonho citado, o sonho do sono, gostaria de tecer algumas considerações sobre ele. Mas especificamente sobre o sonho que José teve.
No meio dito evangélico, há diversas pregações e músicas sobre o sonho de José. E, para a nossa decepção, certas interpretações sobre a passagem bíblica relativa ao filho de Jacó não condizem com o que realmente a Bíblia relata. Inclusive há um pregador famoso – que também é deputado – que, em uma de suas “famosas” pregações, aproveitando a história do sonho de José, disse: “Sonhe e ouse sonhar! Você nunca irá além de seus sonhos!”. Será que nós temos o poder de sonhar o que quisermos e o que desejamos acontecerá fatalmente, custe o que custar? Percebe que o pensamento desse pregador se encaixa perfeitamente ao clichê humanista “O homem sonha e Deus realiza”?
Se nós pensarmos assim, Deus, para nós, não passará de um gênio da lâmpada que, ao “esfregarmos a lâmpada dos nossos sonhos”, Ele deverá, irremediavelmente, atender aos nossos desejos. Neste caso, Deus se tornará meramente um capacho, gravitando em torno de cada um de nós, esperando ansiosamente qual será o nosso mais novo pedido.
Mas não é isso que a Bíblia ensina. Se atentarmos prudentemente e com espírito responsável, compreenderemos que os sonhos de José não foram frutos de seus próprios pensamentos. Na verdade, o próprio Deus se utilizou desse meio para lhe transmitir a Sua soberana vontade. O Senhor apenas falou com José por meio de sonhos, revelando-lhe o futuro (Gn 37.5-7, 9-10; 43.26; 41.38-40).