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“O maior desafio é não poder falar abertamente sobre Jesus”, diz missionário

Rafael e Paula são missionários na Jordânia, país de maioria muçulmana.

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Missionários Rafael e Paula (Arquivos Pessoais)

Deixar familiares e amigos para correr atrás de uma vida melhor é geralmente o caminho comum de um jovem brasileiro. Aos poucos a distância e a saudade vão sendo amenizadas pelas conquistas, motivando a permanência no país escolhido. No entanto, Rafael e Paula Teixeira decidiram deixar tudo por um motivo completamente diferente desta realidade.

Os jovens missionários vivem na Jordânia, nação árabe de maioria muçulmana, tendo sido enviados pela Igreja Missão Evangélica Jaboque de São Paulo para levar a Palavra de Deus. Rafael, de 29 anos, está no país desde 2016, já Paula, de 32 anos, chegou à nação do Oriente Médio em 2018.

Missionários Rafael, Paula e Adna (Arquivos Pessoais)

Na Jordânia, eles ganharam um presente de Deus, a pequena Adna Yvna, de 10 meses, fruto do amor e símbolo da escolha desafiadora que fizeram ao abraçar um chamado missionário. Juntos desenvolvem o projeto Eayila Hanâni, que vem do árabe e significa “Família & Compaixão”.

Juntos eles desenvolvem diversos trabalhos sociais, buscam oferecer ajuda para os refugiados que estão escapando da guerra, como no caso da Síria, além de atividades esportivas e de circo para as crianças. Eles também buscam se relacionar com as famílias muçulmanas para compartilhar sua fé.

Ao Gospel Prime, o missionário Rafael falou um pouco sobre missão e os desafios em atuar em países de maioria muçulmana.

Leia à íntegra da entrevista:

Gospel Prime – Como sentiu o chamado para a missão?

Rafael Teixeira – Após minha conversão fui acolhido numa base missionária e durante meu processo de discipulado entendi o que era chamado, e desse momento em diante, meu coração começou a queimar por um amor inexplicável, em conhecer a Deus e fazê-lo conhecido por todos que me cercavam.

Por que atuar em países de maioria muçulmana?

Porquê depois que compreendi o chamado, desejei intensamente levar Cristo aos não alcançados e estudando descobri que os muçulmanos eram um povo não alcançado, e compreendiam mais de 20% da população mundial, onde o Evangelho ainda não foi anunciado, eles se concentram nesses paíse na janela 10/40, soube também que havia apenas 1 missionário cristão para cada 800 mil muçulmanos, esses dados constrangeram meu coração e Deus derramou mais amor por esse povo que ainda é discriminado pelos próprios cristãos, respondi ao Senhor como Ananias que auxiliou o ex-perseguidor de Jesus a tornar-se um grande pregador, creio que existem muitos Saulos, aguardando salvação.

Quais os desafios de atuar nesses países?

O maior desafio é não poder falar abertamente sobre Jesus, dependemos de muitas estratégias e direcionamento do Espírito Santo para saber para quem, e em que momento podemos falar sobre a Palavra da Salvação. Qualquer deslize pode ser fatal, mas corremos esse risco com alegria, quando vemos que o próprio Deus está revelando-se para os muçulmanos.

Outra dificuldade é a língua árabe, a segunda língua mais complexa para aprendizado, e como qualquer idioma existem suas variações, então por exemplo, sofremos dificuldades na comunicação quando falamos com árabes de origem beduína que ainda preservam a raiz da língua árabe, difícil até mesmo para os próprios árabes mais jovens.

O risco de sermos perseguidos e denunciados para órgãos de investigação islâmicos é iminente, mas isso não inibe o desejo de anunciarmos o Reino de Deus. A necessidade de renovação de visto constante também é um grande desafio, além de ser um custo muito alto, cada vez mais o governo recusa aprovações para cristãos.

Como tem lidado com os desafios?

Buscamos equilíbrio e resistência na Palavra, constantemente lutamos contra a tentação que é retroceder, pelas dificuldades e renúncias diárias. É no secreto que nos enchemos do Espírito Santo para nos orientar sobre como conduzir tudo e como seguir os próximos passos.

Que tipos de trabalho tem sido realizado nos campos de refúgiados?

Atualmente a migração de refugiados vem decrescendo onde atuamos, muitos estavam migrando para a Europa e outros arriscavam voltar para seus países, mas com o advento da pandemia, esses refugiados que permanecem voltaram a beirar a fome, buscamos prestar assistência aos que necessitam e através de alimentos, e buscamos levar a Palavra de Esperança que é Jesus, Seu Amor e Alegria através do futebol e de atividades educativas para jovens e crianças em nossa região, já que com a pandemia nós ficamos restritos a viajarmos para campos distantes.

Rafael com crianças da Jordânia (Arquivos Pessoais)

De que forma conseguem abertura para evangelizar os muçulmanos?

Não é muito difícil conhecer e desenvolver uma amizade com um muçulmano, pois como no Islã, todo bom muçulmano é também um missionário, então por apresentarem uma cultura hospitaleira, constantemente somos convidados para refeições em suas casas, depois de um certo tempo de relacionamento, oramos para que Deus prepare momentos para que possamos compartilhar o Evangelho.

Então todas as atividades que fazemos são um meio, para conquistarmos relacionamento e assim confiança para então falarmos da Salvação. Um trabalho de muito investimento e tempo, mas para Glória de Deus temos frutos dessas amizades.

Quais são os maiores traumas dessas famílias?

Esse processo de relacionamento entre os árabes muçulmanos é diferente em duas situações, se estiverem em situação de refúgio geralmente é mais fácil identificarmos seus traumas e dificuldades, no geral sofrem de depressão e no geral o que gera maior trauma sem dúvida é ser violentado, perseguido, e perder toda uma vida em seu país de origem, um refugiado não tem mais identidade, e é a partir daí que Cristo entra com provisão física e emocional.

Agora famílias nativas do país em que estamos são receptivas e percebemos na convivência os traumas que o próprio Islã traz para os jovens e crianças, assim como existem bons e maus pais cristãos, há também bons e maus muçulmanos que levam a família sobre a dureza da religião.

Como ajudam os refugiados a lidar com esses traumas?

Primeiro através do testemunho pessoal que temos com Deus, e movidos por compaixão, provemos o pão que se faz necessário e depois ofertamos o Pão da Vida, que traz esperança que é Jesus! Uma amizade sincera é fonte de alegria e promove melhor progresso na resiliência que a família necessita.

Há sem dúvidas casos em que se faz imprescindível a ajuda de profissionais da saúde para diagnosticar e indicar o tratamento, nessas situações contamos com a parceria de amigos profissionais da aérea.

Rafael e Paula durante atividade com crianças (Arquivos Pessoais)

O que a igreja brasileira pode fazer para ajudar?

A igreja brasileira pode sustentar as cordas que nos sustentam em orações, no clamor e no partir do pão, atualmente nosso recurso espiritual e sustento financeiro vem da igreja de Cristo no Brasil, sabemos que nosso país têm vivido dias de juízo, mas mesmo em meio as crises, unidos podemos avançar com o Reino.

Envie sua oferta para ajudar ao casal:

Caixa Econômica Federal
Agência: 0676
Operação: 013
Conta Poupança: 000.336.60-0
CPF: 388.858.518/00

Banco do Brasil
Agência: 4257-9
Conta: 18981-2
CPF:388.858.518/00

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