estudos bíblicos
O mundo depois do dilúvio
Devido as condições degradantes da humanidade o juízo divino é vaticinado.
O personagem bíblico Noé surge na história da humanidade no ápice da degradação da civilização e no fim da paciência divina. Por causa da maldade humana o Senhor se “arrepende” de ter criado o homem e vai destruir a humanidade. O “arrependimento divino” de ter criado o homem estava baseado na maldade e perversidade humana: “5. E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. 6. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. 12. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gênesis 6:5-6,12).
“Então arrependeu-se o Senhor” – (וַיִּנָּחֶם יְהוָה), o verbo arrepender vem do hebraico neiham, que, literalmente fala de suspirar devido à profunda dor. (…) A declaração diz, então, que Deus experimentou tristeza que Lhe feriu o coração quando olhou para a trágica devastação que o pecado produzira (Moody. p.17.). Esse verbo é muito usado para Deus.
Ao passo que para arrependimento do homem o verbo é shuv, que significa voltar-se do pecado para Deus. Sabemos que Deus está livre do pecado. A Bíblia diz em Números 23:19 “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” Como fica a imutabilidade de Deus? “Arrependeu-se o Senhor” – isto é falar por antropopatismo, ou seja, atribuir sentimentos e emoções humanas a Deus, conforme a maneira do homem. É o que encontramos na literatura como prosopopeia, ou seja, mais um tipo de figura de linguagem.
O juízo divino e suas razões
Devido as condições degradantes da humanidade o juízo divino é vaticinado: “E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito” (Gênesis 6:7). O rabino Menahem Diesendruck (abreviatura MD) em seu comentário da Torá a lei de Moisés diz que: “A Torá descreve o maravilhoso mundo criado por Deus, mas os homens dessa geração eram ruins, e sua maldade foi a causa da destruição dessa grandiosa obra Divina. De nada valeu a inteligência herdada de Adão depois deste ter comido da árvore da sabedoria; de nada ajudaram as descobertas no campo da técnica e da indústria, agricultura, economia e música, ao contrário, dia a dia aumentava a sua decadência moral. Com o progresso das descobertas e civilização, agravaram-se seu orgulho e sua voluptuosidade, e mais eles se aperfeiçoaram na descoberta de instrumentos mortíferos e destrutivos” (TORÁ, 2001, p.16).
Por que Deus vai destruir o homem que criou de sobre a face da terra? Porque a terra estava corrompida e cheia de violência: “A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. 13. Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência” (Gênesis 6:11,13), a violência foi salientada especificamente como um fator especial da corrupção geral. Os sábios [judeus] interpretam o termo hebraico “hamás” traduzido como violência, também se aplicando para a prática da idolatria, incesto e homicídio (MD, TORÁ, 2001, p.16).
O comentarista Champlin apresenta nos seguintes termos o contexto de fim de civilização que a humanidade estava vivendo: “crimes hediondos estavam sendo cometidos, e a idolatria havia substituído a antiga adoração a YHWH (Gn.4:26). A justiça havia sido distorcida mediante governos tirânicos; campeava toda forma de imoralidade; os homens não cumpriam a palavra dada; tinham-se habituado a praticar ações injustas; eram arrogantes e hostis; faziam ouvidos surdos aos clamores dos necessitados. Portanto, tornara-se imperioso um novo começo, e não apenas alguma alternativa. O paraíso fora perdido; mas agora o próprio globo terrestre haveria de perder tudo (CHAMPLIN, 2001, pg.60).
O vaticínio: “e eis que os desfarei com a terra” (Gênesis 6:13c), esta sentença afronta a: “Hashgachá, a Divina Providência, a lei que governa o mundo. A essência e finalidade da criação tinham sido desvirtuadas e a malícia imperava entre os homens. Pelas leis eternas, uma sociedade corrupta está condenada a desaparecer” (TORÁ, 2001, p.16).
O Novo Testamento menciona esse mesmo texto, de maldade e perversidade moral do homem, para descrever a situação da sociedade para qual o Senhor Jesus voltará um dia: “E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mateus 24:37).
O chamado de Noé
Noé do hebraico נח – Nôach, significa repouso e tem uma certa semelhança com o verbo hebraico que significa nos consolará. A versão grega do A.T. (LXX – Septuaginta) traz: “nos dará repouso”. O patriarca Noé: “porém, achou graça aos olhos do Senhor” (“Gênesis 6:8), isto é, ao contrário do que seria de se esperar, pois todos os homens mereciam condenação, Noé achou graça/favor.
Graça é receber o que não merecemos. E misericórdia é não receber o que merecemos. Por sermos todos pecadores não merecemos o Céu, mas graciosamente em Jesus, Deus nos dá o Céu. Também, por sermos todos pecadores merecemos o Inferno, mas Deus pela sua infinita misericórdia em Jesus, não nos envia para o Inferno. Numa situação de Juízo total, o Senhor agiu com uma livre manifestação de graça imerecida ao novo patriarca – Noé.
Noé possuía três características como encontramos em Gênesis 6:9: “Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus”. A primeira característica – no caráter, era justo; a segunda – entre as pessoas do seu tempo, era íntegro; e por fim – tinha comunhão com Deus. O patriarca Noé se tornou um testemunho para àquela geração perversa, ou como colocou o rabino Diesendruck: “um único homem justo, correto e integro dessa geração conseguiu salvar a humanidade inteira da ruína completa, Noé demonstrou que o homem tem forças morais suficientes para conservar sua integridade ética em todas as circunstâncias da vida, e não precisa sucumbir as influências malévolas e prejudiciais do ambiente em que vive” (MD, TORÁ, 2001, p.16).
A Arca de Noé (heb. תיבת נח Tevat Nôach)
Noé recebe a ordem divina de construir a arca: “Faze para ti uma arca da madeira de gofer” (Gênesis 6:14a). Tevat é o termo hebraico que designa a embarcação construída por Noé. É curioso destacar que o termo hebraico para arca – tevat aparece apenas duas vezes no Tanakh (A.T.) e está ligado a salvação por meio das águas. A primeira diz respeito a Noé e a salvação da humanidade por meio de sua família no dilúvio. E a segunda na salvação de Moisés do decreto de morte dos meninos hebreus pelo Faraó do Egito (Êx.2:3).
Noé obedece, mesmo sem ter visto chuva na vida – quanto mais um dilúvio (cf. Gn.2:5-6) e começa a construção da arca imediatamente conforme Gênesis 6:22: “Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez”.
Baseado em Gênesis 6:3: “Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”, alguns estudiosos Midrash* afirmam que o tempo da construção da Arca foi de 120 anos. As medidas da Arca são dadas em Gênesis 6:14-15: comprimento: 300 côvados = 132 metros; largura: 50 côvados = 22 metros; altura: 30 côvados = 13 metros, um côvado corresponde a 43 centímetros.
Dilúvio: Destruição e Recomeço
O rabino Arye Kaplan em seu comentário na Torá Viva trás a seguinte exposição sobre o uso do termo dilúvio: “em hebraico é “mabul” (מבול), esta palavra é usada somente para denotar o grande dilúvio na época de Noé. Alguns dizem que a palavra vem da raiz “naval”, denotando morte (como em “nevelá” – cadáver, carcaça); e, portanto, um mabul é um agente de morte (Radak, Sherashim, Hirsch). Outros mantém que vem da raiz “balá” (desgastar, reduzir por moagem), “balbal” (confundir, desordem), ou “iaval” (transportar). É também relacionada à raiz “balal” (misturar, agitar)” (TORÁ VIVA, 2017, pg.25).
Os Animais selecionados por Deus, Noé e sua família entraram na Arca (Gn. 6:19-21; 7:1). A duração do Dilúvio foi de 40 dias e 40 noites Gênesis 7:12: “E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites”. Noé e sua família passaram um ano solar (365 dias) na Arca (Gn.7:11-12, 18, 24; 8:6-16). A Arca repousa sobre os Montes de Ararate Gênesis 8:4: “E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate”.
A humanidade recomeça com a família de Noé. Por meio de Noé, a humanidade teve novo início, uma segunda chance.
O conserto de Deus com Noé e a sua semente
O capítulo de Gênesis fala sobre o mundo novo e seus habitantes. Desta família o mundo foi povoado novamente. Deus falou as mesmas palavras com a família de Noé que tinha falado com Adão e Eva (Gn.1:28 e 9:1).
O conserto que Deus fez com Noé foi feito também com a sua semente e toda alma vivente. Este conserto foi feito com Noé pela graça e era incondicional. Segue as bases na aliança pós-dilúvio:
A promessa de não destruir mais a terra pelas águas do dilúvio (Gn.8:21, 9:11-17).
O sinal desta promessa de não destruir mais a terra por um dilúvio é o arco do concerto / arco-íris (Gn.9:13).
O homem terá o domínio sobre todos os animais da terra (Gn.9:2).
A carne dos animais servirá para a comida do homem, sendo tirado o sangue, porque é proibido comer sangue vs.3-4 (Atos 15:28-29).
A pena de morte estabelecida pelo assassinato, note que foi estabelecida antes da lei de Moisés, pois é a lei de Deus que continua sendo válida até o fim (Gn.9:6 com Rm.13:1-5).
O Dilúvio e a Arqueologia
Na década de 1850, sir Henry Layard desenterrou nas ruínas de Nínive milhares de pedaços de tabuinhas de argila, que formavam a biblioteca do rei assírio Assurbanipal e foram quebrados e esquecidos por ocasião da destruição do palácio, em 612 a.C. Layard levou as tabuinhas para o Museu Britânico, em Londres. Ao longo dos anos os estudiosos catalogaram e identificaram as peças, divulgando seu trabalho em livros e em periódicos científicos.
Em 1872, George Smith estava absorto na sua tarefa quando percebeu que os fragmentos espalhados sobre a mesa pertenciam a história do dilúvio. Não se tratava de uma enchente comum, nem era somente a história de um dilúvio qualquer. Tinha incríveis semelhanças com a história de Noé, registrada no livro bíblico de Gênesis. Smith divulgou sua descoberta numa reunião da Sociedade de Arqueologia Bíblica.
A Epopeia de Gilgamesh
A epopeia conta como o antigo rei Gilgamesh tentou conquistar a imortalidade. Depois de muitas aventuras, alcançou uma terra remota, onde vivia o único homem que se tornara imortal, um homem chamado Um-napishtim, o Noé babilônico. Ele contou a Gilgamesh sobre o dilúvio para explicar por que os deuses lhe haviam dado a vida eterna. Depois de contar a história, mostrou a Gilgamesh que não podia alimentar esperanças de tornar-se imortal e mandou-o de volta para casa.
A Epopeia de Atrakhasis
Como Gênesis, a Epopeia de Atrakhasis narra a criação do homem e sua história até o tempo do dilúvio e a nova sociedade que se estabeleceu depois dele. Aqui a razão do dilúvio é clara, ao contrário do que acontece na epopeia de Gilgamesh.
A humanidade fazia tanto barulho que o deus-chefe na terra não conseguia dormir. Os deuses, sem poder resolver o problema de outro modo, enviaram então o dilúvio para destruir esses seres humanos perturbadores, silenciando-os para sempre.
As semelhanças entre as histórias babilônica e hebreia são fáceis de ver. Mas há diferenças notáveis que não devem ser desprezadas. A diferença básica é o monoteísmo do relato hebreu, em contraste com os muitos deuses que atuam na narrativa babilônica. Igualmente diferente é a atitude moral. Os detalhes também diferem quanto à forma e o tamanho da arca (a babilônica, um cubo, dificilmente poderia flutuar), a duração do dilúvio e com o envio das aves.
As semelhanças dos relatos e o reconhecível cenário mesopotâmico levam a crer que tiveram origem comum. Os indícios arqueológicos de enchentes na Babilônia, além da forte tradição que mostra a possibilidade de um dilúvio grande e desastroso, somados aos relatos sobre este apontam para um acontecimento catastrófico no início da história. Quanto se trata de interpretar esse fato, o relato bíblico claramente se diferencia dos outros, sustentando não ser somente uma narrativa humana, mas a revelação divina.
O Mundo depois do Dilúvio – Governo Humano
Com afirmou o reverendo Paulo Guiley em sua obra – O plano das épocas: “esta dispensação do governo é a última mordomia imposta sobre a raça inteira. Portanto, podemos afirmar que as exigências desta mordomia nunca foram removidas de sobre a raça, mas estão em vigor até hoje (GUILEY, 1984, pg.121-122).
As Sete Leis Universais de Noé
O judaísmo considera alguns princípios como base da fé ética e moral, universais, pois devem ser difundidos por toda a humanidade para garantir a existência pacífica e justa entre as nações. Apesar de existirem inúmeros preceitos Divinos, sete deles ultrapassam as fronteiras da fé judaica e foram ordenados por Deus para toda a humanidade:
- Não praticar idolatria;
- Não blasfemar contra Deus;
- Não cometer homicídio;
- Não roubar;
- Não cometer adultério e não manter relações incestuosas;
- Estabelecer tribunais;
- Não molestar os animais ingerindo um órgão retirado em vida.
Os Termos da Dispensação desta Época
O reverendo Guiley apresentou quatro ordens fundamentais para entendermos o papel do governo humano com suas responsabilidades sobre o mundo novo que surgia após o dilúvio com o patriarca Noé e seus descendentes. São eles:
A primeira ordem de Deus aos mordomos foi: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gênesis 9:1).
A segunda trata de uma nova relação do homem para com os animais (Gênesis 9:2-3). Aparentemente até o dilúvio não havia feras, isto é, animais bravios. Noé não precisava proteger um animal do outro na arca, nem havia perigo de um animal atacar outro. Mas agora Deus está operando uma mudança na natureza dos animais, pondo neles um sentimento de pavor, ou medo dos homens. Mas o que é ainda mais notável, é que deste momento em diante é dada ordem aos homens para comerem carne. Não é dada explicação ou motivo para esta ordem.
A terceira é a proibição de comer sangue. “A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gênesis 9:4). Mais tarde a mesma ordem é dada a Israel, mordomo da Dispensação da Lei (Levítico 17: 10-16); e ainda mais tarde há uma extensão desta ordem dirigida especificamente à Igreja de hoje (Atos 15:20-29). Deus dirigiu esta ordem a cada divisão da raça humana aos Gentios, a Israel e à Igreja.
A quarta: “quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gênesis 9:6). O motivo declarado é “porque Deus fez o homem conforme a Sua imagem”. Assim a superioridade do homem sobre os animais é declarada. É exigido que o homem (a sociedade) execute o castigo sobre alguém que desobedecer a ordem divina. Torna-se claro que sob certas condições é proibido derramar o sangue do homem, mas sob outras condições é exigido o derramamento de sangue humano. É proibido ao indivíduo matar um outro homem. O que está em mira aqui é o assassinato, e não a guerra, onde o soldado obedece a ordem do seu governo. Naquele caso a responsabilidade está sobre o assassino; neste caso ela está sobre o governo e não sobre o soldado, como um indivíduo. O assassinato é proibido; a morte do assassino é exigida. A mesma sentença deve ser aplicada caso aquele que derramar o sangue do homem seja animal ou homem. É de se notar que aqui não estamos tratando com ordenanças de homens. Ao declarar os termos da mordomia (Gn.9:1-7) Deus entregou aos homens o dever de governar e controlar a vida que existia sobre a terra. Noé era o primeiro a ocupar o “trono” como vice regente de Deus. Todos os três ministérios concentravam-se em Noé! Como “sumo-sacerdote”, ele iniciou o novo regime da raça sobre a Terra oferecendo sacrifícios (Gn.8:20); como “governador”, ele recebeu a revelação da vontade de Deus para a nova ordem mundial (Gn.9:1-7), e como “profeta” ele devia passar aos seus descendentes o conhecimento da Palavra de Deus e da Sua vontade (GUILEY, 1984, p.122-125).
O Mundo depois do Dilúvio – Aspecto Profético
As profecias sobre os três filhos de Noé são apresentadas em Gênesis 9:25-27. O contexto é a embriaguez do patriarca Noé (Gn.9:20-24).
Profecia sobre Cão e seu filho Canaã: “E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos” (Gn.9:25), Cão do hebraico Ham (חם), “quente”, por extensão, “queimado pelo sol, negro”. Cão foi apontado, na pessoa de seu filho Canaã (Gn.9:18), para um lugar de servidão “e seja-lhe Canaã por servo”.
Em Gênesis 10:6-14 se dá a região geográfica da descendência de Cão. A região dele começou com o Egito, indo para o sul incluindo todo o continente Africano. No versículo 6 temos os nomes dos filhos dele: Cuxe é Etiópia, Mizraim é Egito, Pute é Líbia, Canaã e a África. Em Gênesis 10:15-20 se dá a região geográfica dos descendentes de Canaã, também conhecida como a terra prometida por Deus aos filhos de Abraão, Isaque e Jacó.
Profecia sobre Jafé: “Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn.9:27), Jafé do hebraico Yafét (יפת), “o dilatado”, “o difundido”. Jafé é feito herdeiro da prosperidade mundial “Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem”.
Em Gênesis 10:1-5 Jafé, este povo é o que nós chamamos hoje em dia os indo-europeus. Eles ficaram na Europa, a maior parte da Ásia e as ilhas que ficam ao litoral de Europa e da Ásia. Depois chegaram até os continentes da América do Norte e do Sul. Nota que é uma área grande como Deus tinha dito em Gênesis 9:27.
De Jafé descendem os seguintes povos: Gregos, Romanos, Alemães, Celtas, Escandinavos, Finlandeses, Holandeses, Russos, Citas, Turcos, Ingleses, Franceses, Italianos, Húngaros, e outros povos da Europa.
A profecia sobre Sem: “E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn.9:26), Sem do hebraico Shem (שם), “nome”. À Sem é dada a preeminência na região ou no relacionamento com a revelação de Deus: “Bendito seja o Senhor Deus de Sem”.
Em Gênesis 10:21-32 encontramos os seguintes povos que são da descendência de Sem: Assírios, Caldeus, Sírios e Hebreus. Sem é o filho mais velho (primogênito) de Noé (Gn.10:21).
Profecia Messiânica – O Messias seria semente de Sem
Em Gênesis 9:26-27 a revelação de Deus quanto ao Messias prometido à Israel relaciona-se àqueles da linhagem semita. Deus é mencionado como Senhor Deus de Sem. A segunda profecia messiânica mostra uma clara progressão no desenrolar das profecias messiânicas.
Na primeira profecia, o Messias deve ser a semente da mulher, que indica que Ele deveria ser o descendente, o filho da mulher, nascido de uma virgem (Gn.3:15; Is.7:14). Entretanto, a segunda profecia messiânica começa a restringi-la. Ele não estará relacionado com os descendentes de Cão ou Jafé, mas com os de Sem.
Para a expressão: “e habite nas tendas de Sem” (Gn.9:27), Orelli em sua obra “Profecias do Velho Testamento” comenta que: “O Shekiná (glória de Deus) habita somente nas tendas de Sem!”. Já para o teólogo e hebraísta de origem alemã Franz Delitzsch: “O protoevangelho anunciou uma salvação futura na Semente da mulher; a linguagem, aqui, relaciona essa semente da mulher com o nome de Deus, יהוה (YHWH), que devia ser confiado a Sem. Os semitas devem ser os preservadores do nome de Deus, o preservador de Sua revelação.”
É interessante notar que os judeus ortodoxos ao invés de usarem a palavra Adonai (Senhor), em público, usam o vocábulo: “o Nome (השם)” que é usado absolutamente e sem dúvida como um equivalente para o nome de Deus (YHWH). Antigos expositores judeus fizeram de Deus o sujeito do verbo “habite”, significando que o próprio Deus habitará nas tendas de Sem”.
Em quem se cumpriu mais essa profecia messiânica?
Em Jesus que era é semita (um descendente de Sem), conforme Lucas 3:23,36: “E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli, 36. E Salá de Cainã, e Cainã de Arfaxade, e Arfaxade de Sem, e Sem de Noé, e Noé de Lameque”. Assim Deus estava dando continuidade na raça humana para enviar seu Filho nascido de mulher da linhagem semita.
* Midrash é a interpretação ou explicação de um texto da Bíblia Hebraica.