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ONU emite grave alerta sobre o Estado Islâmico
O Estado Islâmico permanece como uma ameaça significativa no cenário global, mesmo após a derrota militar no Iraque e na Síria na década passada. O alerta foi feito por Vladimir Voronkov, subsecretário-geral do Escritório das Nações Unidas para o Combate ao Terrorismo, em coletiva ao Conselho de Segurança da ONU, realizada em 20 de agosto. Segundo ele, o grupo demonstra “volatilidade e complexidade” em suas operações, com foco na África, Síria e Afeganistão, onde segue reorganizando sua estrutura.
Avanço na África
Voronkov destacou que mais da metade das mortes por ataques terroristas no mundo, atualmente, ocorre em países africanos. “A África continua significativamente afetada, vivenciando atualmente a maior intensidade de atividade do Daesh em todo o mundo”, afirmou. Ele citou a expansão na região do Sahel e na Bacia do Lago Chade, onde redes de logística e financiamento foram descobertas, além da Somália, que registrou confrontos em Puntlândia com saldo de cerca de 200 militantes mortos e 150 presos, segundo dados oficiais.
Oriente Médio
No Iraque e na Síria, ex-redutos do califado proclamado em 2014, células do Estado Islâmico estão se reorganizando no deserto de Badia e em áreas urbanas como Deir al-Zor e Kirkuk. De acordo com relatório do American Enterprise Institute, em janeiro de 2025, o grupo vem recuperando capacidade desde 2022, explorando falhas de segurança e reduzida presença militar internacional. Informações de inteligência apontam que, mesmo após a morte de um vice-líder em março, os jihadistas podem retomar suas atividades em até seis meses.
Ameaça no Afeganistão
Outro ponto de preocupação é o Estado Islâmico da Província de Khorasan (EI-K), considerado uma das principais ameaças à Ásia Central. Natalia Gherman, diretora do Comitê Antiterrorismo da ONU, disse à Associated Press que o grupo tem investido em “táticas de propaganda e campanhas online”, voltadas ao recrutamento e financiamento, inclusive explorando inteligência artificial e plataformas criptografadas. Segundo ela, a capacidade de adaptação do grupo amplia os riscos para a região.
Campos de detenção
A situação dos campos no nordeste da Síria foi apresentada como um fator crítico. Dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, seguem em condições precárias. Voronkov advertiu que a permanência prolongada nessas circunstâncias favorece a radicalização e apelou pela repatriação segura e digna dos detidos, conforme prevê o direito internacional.
Soluções de longo prazo
Voronkov reforçou que combater apenas a liderança do grupo não é suficiente. Ele defendeu iniciativas de longo prazo para enfrentar as causas do terrorismo e maior envolvimento de governos e organizações regionais. Nesse sentido, lembrou o retiro realizado em junho de 2025 pelo Pacto Global de Coordenação Antiterrorismo da ONU, que discutiu ações conjuntas para enfrentar o problema.
À luz do relato, líderes da ONU afirmam que o Estado Islâmico segue buscando novas formas de se manter ativo, explorando a instabilidade em regiões frágeis, de acordo com informações do The Christian Post.