sociedade
Papa realizará evento em antigo local de sacrifício de crianças
Evento de oração por filhos de Abraão acontece no Iraque, mas sem presença de judeus.
O papa Francisco será o primeiro pontífice católico a visitar o Iraque, em um evento chamado “Oração pelos Filhos e Filhas de Abraão”, mas onde a presença dos judeus não é bem-vinda. Ele pretende realizar o evento inter-religioso em um zigurate, antigo local de sacrifício de crianças.
De acordo com a Reuters, “serviço de oração inter-religioso contará com a presença de cristãos, muçulmanos, Mandaean-Sabaean, Yazidi e outras minorias religiosas presentes no Iraque.” A comunidade judaica no Iraque remonta 2.500 anos.
Apesar da presença de judeus, eles sofrem perseguição, sendo que em 2020 uma sinagoga ao lado da tumba do profeta Ezequiel, que fica no Iraque, foi convertida em uma mesquita muçulmana. Ao longo da história, a comunidade judaica foi alvo de violência e perseguição no território.
Em 1951, Israel realizou a Operação Esdras e Neemias, transportando por via aérea entre 120.000 e 130.000 judeus iraquianos para Israel, via Irã e Chipre. Apenas cerca de 5.000 judeus permaneceram. Em 1968, havia apenas 2.000 judeus restantes. Em 2020, a população judaica no Iraque era de quatro pessoas.
O Iraque declarou guerra ao recém-estabelecido estado judeu em 1948 e, desde então, os dois países estão tecnicamente em estado de guerra. As forças iraquianas participaram de guerras contra Israel em 1967 e 1973.
Os cristãos também sofrem pela perseguição no país, sendo que vinte anos atrás, o Pew Research Center relatou que havia 1,4 milhão de cristãos professos no Iraque, mas hoje existem apenas cerca de 270.000.
O papa João Paulo II já planejava uma viagem ao Iraque em 1999, mas sua visita foi cancelada quando as negociações com o governo do então líder iraquiano Saddam Hussein foram interrompidas.