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Papa que suceder Francisco poderá impactar evangélicos, avaliam especialistas

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A situação de saúde do papa Francisco, que está internado desde o dia 14 de fevereiro de 2025 devido a pneumonia bilateral e uma infecção polimicrobiana, gerou reflexões amplas sobre o futuro tanto do pontífice quanto da Igreja Católica.

A hospitalização do papa tem provocado discussões dentro da Igreja Católica, mas também reverberado na comunidade evangélica, uma vez que, embora o papa não exerça influência direta sobre as práticas evangélicas, suas ações e posições políticas têm impacto global.

Segundo Magno Paganelli, professor especialista em Ciências da Religião e em conflitos no Oriente Médio, o papa Francisco representa uma grande parcela de religiosos que ocupam posições de destaque em diversas esferas, como política, economia e estratégia internacional.

Dessa forma, as decisões e declarações de Francisco, como líder religioso e chefe de Estado, acabam por influenciar o cristianismo como um todo, incluindo os evangélicos. A importância de Francisco se estende além do campo religioso, dado seu papel como chefe de um Estado soberano, o Vaticano, o que lhe confere uma posição relevante nas discussões políticas e econômicas globais.

O Vaticano, por sua vez, mantém diálogos inter-religiosos com diferentes denominações cristãs, incluindo luteranos, batistas, pentecostais e anglicanos. Paganelli recorda sua participação em um fórum latino-americano de pentecostalismo, onde representantes do Vaticano estavam presentes para ouvir as preocupações dos pentecostais e contribuir com debates.

Essa interação reflete o movimento ecumênico promovido por Francisco, que busca unir as diversas igrejas cristãs sem cair em sincretismo. Paganelli entende que o ecumenismo, longe de ser uma prática herética, pode ser defendido biblicamente, inclusive por setores conservadores dentro do cristianismo.

O papa Francisco tem enfatizado a importância do ecumenismo em vários momentos de sua liderança. Em 2014, durante o Fórum Cristão Global, na Albânia, ele abordou as perseguições religiosas como um ponto de união entre católicos, ortodoxos, anglicanos, protestantes, evangélicos e pentecostais.

Em 2023, no XXVI Colóquio Ecumênico Paulino, reafirmou o compromisso com a unidade cristã, destacando a necessidade de superar as desconfianças e as diferenças tradicionais entre as denominações.

No entanto, a postura progressista de Francisco tem gerado críticas e elogios. O doutor em Ciência Política Igor Sabino observa que, apesar de defender causas que também são compartilhadas pelos evangélicos, como a paz e a proteção ambiental, o papa ainda mantém valores tradicionais da Igreja Católica em questões como o casamento homoafetivo.

Sabino também destaca que, ao ser argentino, Francisco reflete uma mudança na dinâmica global do cristianismo, com maior destaque para as regiões do Sul Global, como América Latina, África e Ásia, conforme informado pela revista Comunhão.

Ainda assim, a resistência de setores evangélicos, especialmente no Brasil, continua devido à postura progressista do papa e à percepção de que ele se alinha com a esquerda política. Essa resistência possui raízes históricas, que remontam à Reforma Protestante, quando muitos líderes evangélicos associaram a figura do papa ao anticristo.

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