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Na Sapucaí, pastor petista ataca igrejas que rejeitam o carnaval
O evento de lavagem da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, marcou o início das festividades de carnaval e contou com a participação do pastor petista Cosme Felippsen, ativista do Movimento Negro Evangélico.
Durante a cerimônia, o líder religioso fez declarações em defesa do carnaval como uma manifestação cultural legítima e criticou a postura de igrejas evangélicas que promovem retiros espirituais no período festivo.
“A cidade e o carnaval não são do demônio, mas sim dos cariocas. Demônio não é sambar. Demônio é a fome que algumas famílias enfrentam, enquanto igrejas e pastores se enriquecem”, afirmou Felippsen.
O pastor, identificado como de viés liberal pelo portal Exibir Gospel, também fez um apelo pelo respeito às religiões de matriz africana, argumentando que a rejeição a essas crenças configura “racismo religioso”.
“Mais da metade dos brasileiros têm origem na Mãe África. Abandone o pecado da ganância e do racismo religioso. Respeite todas as crenças. Viva o amor!”, declarou o pastor petista, que de acordo com a Folha disputou as eleições de 2022 pelo PT.
A cerimônia reuniu representantes de diversas religiões e teve a presença do prefeito Eduardo Paes (PSD) e do vice-prefeito Eduardo Cavaliere (PSD), conforme reportado pelo jornal O Globo.
A visão evangélica
Historicamente, a maioria esmagadora dos evangélicos no Brasil se abstém do carnaval, considerando que a festividade incentiva práticas contrárias aos ensinamentos bíblicos, como a promiscuidade e o hedonismo. Dessa forma, muitas igrejas promovem retiros espirituais no período, voltados para oração, comunhão e reflexão na Palavra.
O pastor e escritor Renato Vargens, em publicação recente, destacou que o carnaval não é apenas uma festa popular, mas também pode estar associado a elementos espirituais não condizentes com a fé cristã. Para embasar sua posição, citou uma declaração do carnavalesco Milton Cunha, que fez referência à espiritualidade presente nos desfiles das escolas de samba.
“Para os mais velhos, o fundamento da escola de samba diz que, ao dobrar, a escola é bloqueada pelo primeiro portão. Ali, aquela concentração energética, de não ter começado o desfile, é o início da ‘gira’. Os mais velhos dizem para nós que ali começa o ponto, ali começa a cantar para os mortos. Aqueles autores, daqueles sambas da história, eles vão voltar e vão se manifestar ali naquele começo”, afirmou Cunha.