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Pastor é preso pela terceira vez na China sob falsas acusações

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O pastor Huang Yizi, conhecido líder cristão da província de Zhejiang, na China, foi preso em sua residência por agentes policiais, segundo informou sua esposa. Conforme relatado, os policiais entraram na casa sem apresentar mandado judicial, realizaram uma busca e confiscaram diversos objetos pessoais.

Ainda de acordo com o testemunho da esposa, ela foi impedida de registrar imagens da operação e sofreu agressões físicas ao tentar fazê-lo. Huang Yizi já é um nome conhecido entre os cristãos na China, especialmente por seu histórico de oposição à repressão religiosa no país.

No mesmo dia de sua prisão, outros quatro cristãos da mesma província também foram detidos pelas autoridades, em um movimento que reforça o clima de hostilidade estatal contra líderes religiosos não alinhados ao regime.

No dia seguinte à detenção, as autoridades comunicaram à esposa do pastor que ele havia sido preso sob a acusação de “operações comerciais ilegais”. A organização China Aid, que presta apoio a cristãos perseguidos no país, contestou a legalidade da acusação, afirmando que se trata de uma justificativa infundada frequentemente utilizada pelo governo para reprimir a liberdade religiosa. Em nota, a entidade declarou: “A acusação é uma fachada usada para justificar a perseguição aos líderes cristãos na China”.

Histórico de perseguição

O pastor Huang já havia enfrentado outras prisões e vigilância constante por parte das autoridades chinesas. Em 2015, ele foi condenado a um ano de prisão por liderar uma manifestação pacífica contra a demolição de cruzes de igrejas cristãs. Em 2017, foi detido novamente e, menos de um mês após ser libertado, foi acusado de revelar segredos de Estado a entidades estrangeiras – alegação que também foi amplamente contestada por organizações internacionais. Por conta dessa acusação, Huang Yizi foi colocado em prisão domiciliar por cinco meses.

Nos anos seguintes, ele continuou sob monitoramento do regime comunista, em um contexto de crescimento do controle estatal sobre a prática religiosa. Desde então, o pastor e outros líderes cristãos vêm sendo alvo de intimidações, detenções arbitrárias e restrições legais, em um ambiente descrito por observadores internacionais como restritivo à liberdade de culto.

Restrição de defesa

A China Aid denunciou também que os advogados do pastor Huang foram impedidos de visitá-lo no Centro de Detenção de Pingyang, onde ele se encontra atualmente. Segundo os representantes legais, a recusa de acesso configura uma violação dos direitos básicos da defesa. Em petição apresentada à Justiça local, os advogados afirmaram: “Os investigadores do caso podem estar obstruindo ilegalmente a reunião, o que pode estar vinculado à coleta ilegal de evidências”. Eles solicitaram que qualquer prova obtida por meios ilegais seja descartada pela Procuradoria Popular do Condado de Pingyang.

A organização Missão Portas Abertas, que atua no apoio a cristãos perseguidos em todo o mundo, também se pronunciou sobre o caso. A esposa do pastor pediu orações, conforme divulgado pela entidade: “Ore pelas famílias e igrejas dos cristãos [detidos] e do pastor. Que o Senhor os console e fortaleça”.

A perseguição religiosa

A China ocupa atualmente o 15º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela Missão Portas Abertas. A lista avalia os países onde há maior hostilidade contra cristãos, considerando fatores como violência, repressão legal e vigilância. Segundo o relatório da entidade, o governo chinês continua promovendo políticas de controle sobre igrejas não registradas, monitoramento de cultos e intimidação de líderes religiosos.

A perseguição aos cristãos na China é amplamente documentada por agências de direitos humanos. Em muitas regiões, como Zhejiang, igrejas independentes são consideradas ilegais e seus líderes enfrentam sanções sob diferentes pretextos legais. A prática remonta a medidas adotadas pelo Partido Comunista para coibir qualquer forma de organização religiosa fora do controle estatal, especialmente aquelas que mantêm vínculos com igrejas estrangeiras ou que se recusam a integrar a Igreja Patriótica oficializada pelo regime.

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