vida cristã
Pastor abriga venezuelanos durante protesto em Pacaraima
“Foram 63 pessoas que acolhemos ao todo. A compaixão venceu o medo”, afirmou.
Um grupo de brasileiros cristãos mudou a vida de 63 refugiados venezuelanos, entre eles 16 crianças. A casa de um pastor e sua esposa ficou cheia. Missionários ligados à mesma igreja também abriram as portas de suas casas para abrigá-los.
Depois do confronto entre brasileiros e venezuelanos, em Pacaraima (RR), no último dia 18, muitos venezuelanos deixaram a cidade. Outros, porém, foram acolhidos por uma família cristã, representada pelo pastor Gedeão e sua esposa Sandra Vasconcelos.
Na manhã daquele sábado, o casal percebeu a agitação da cidade. Eles ouviram o som de fogos de artifício, mas pensaram se tratar de alguma inauguração. Em pouco tempo, souberam que havia um protesto de moradores.
“Disseram que a manifestação não estava mais pacífica, que estavam expulsando venezuelanos, colocando gasolina, queimando tudo”, disse o pastor. Ele disse que ouviu “vamos para o palco” e então se preocupou. “Lá tinham crianças, famílias que nós evangelizávamos e dávamos comida”, revelou.
Motivo da manifestação
Com a presença da Força Nacional, o povo estava aplaudindo a expulsão dos venezuelanos que viviam nas ruas de Pacaraima. A revolta se deu por conta de alguns crimes cometidos pelos refugiados no comércio local.
“Tudo começou numa manifestação pacífica, boa, que tinha que acontecer, mas que acabou sendo muito violenta”, explicou. O pastor conta que muitos tinham sido vítimas de venezuelanos.
“Assim como há brasileiros ruins, bandidos, também têm venezuelanos maus, bandidos, que fizeram coisas más em Pacaraima”, disse. Alguns venezuelanos que estavam no local também comentaram que, em vez de procurar trabalho, alguns preferiram roubar.
Momento do resgate
“Teve uma hora em que não aguentei. Todos choravam. As crianças, a missionária que me ajudava e eu”, relembra Gedeão que um dia foi traficante e hoje é pastor de uma igreja batista.
“Tive que ter forças, pedir a Deus. Tem horas em que a gente não aguenta, é ser humano”, comentou. No local do tumulto, havia um trator que destruiria o palco do Micaraima, que ficava na divisa entre Brasil e Venezuela, antes usado para shows e eventos.
“Conversei com o comandante, perguntei se poderia pegar as crianças que estavam lá embaixo do palco, disse que elas não tinham culpa”, lembra. O comandante permitiu e pediu que ele fosse rápido, já que o povo agia com violência.
Primeiro os brasileiros resgataram as crianças, depois os adultos. Até um cachorro foi salvo. No tumulto, filhos acabaram separados dos pais que corriam para tentar salvar alguns pertences. No período da noite, todos se reencontraram.
“Foi uma correria”, disse o pastor que assume ter sentido medo de também ser alvo dos manifestantes. “Foram 63 pessoas que acolhemos ao todo. A compaixão venceu o medo”, declarou. Com informações Gazeta