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Piper diverge da visão de Jordan Peterson sobre a vida

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O pastor e teólogo John Piper, fundador do ministério Desiring God, respondeu publicamente a uma declaração do psicólogo canadense Jordan Peterson sobre o propósito da vida, oferecendo uma leitura teológica baseada em sua doutrina conhecida como Hedonismo Cristão.

A declaração de Peterson foi publicada no dia 12 de novembro de 2024, na rede social X (antigo Twitter). “A vida é sofrimento”, escreveu o psicólogo. “O propósito da vida não é ser feliz, mas encontrar algo que te sustente apesar do sofrimento”. A postagem viralizou, com mais de 2,1 milhões de visualizações e cerca de 31 mil curtidas.

A repercussão da frase levou um internauta a solicitar que Piper comentasse o assunto. Em resposta, o pastor abordou o tema em um episódio recente do seu podcast, reconhecendo parte da análise de Peterson, mas apresentando uma visão distinta à luz das Escrituras.

Concordância parcial com Peterson

Piper começou reconhecendo a validade de algumas observações feitas por Jordan Peterson. Segundo ele, “para a maioria das pessoas, a felicidade é vivenciada como algo passageiro, superficial, imprevisível e impulsivo” quando buscada como um fim em si mesma. Em sua análise, o teólogo concordou que há uma necessidade humana por sentido mais profundo.

“Quero que as pessoas tenham vidas profundamente significativas. Então, amém, sim”, declarou Piper, conforme repercutido pelo portal The Christian Post.

Divergência quanto ao propósito da vida

Apesar das convergências, Piper se opôs à ideia de que a felicidade deva ser descartada como propósito da existência humana. Ele afirmou que, ao contrário do que propõe Peterson, a felicidade verdadeira — quando enraizada em Deus — é central para a vida cristã e para a glorificação do Criador.

“Tenho adotado uma estratégia diferente da de Jordan Peterson”, disse Piper. “Na esperança de resgatar as pessoas da busca por uma felicidade passageira, imprevisível, impulsiva, superficial e (eu acrescentaria) que desonra a Deus, diminui a Cristo, ignora a Bíblia e condena.”

A doutrina do Hedonismo Cristão

A defesa de Piper baseia-se na teologia que ele denomina Hedonismo Cristão — ideia de que “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos Nele”. Com base em textos bíblicos, Piper apresentou cinco razões para sustentar essa visão:

  1. A criação como expressão da glória de Deus
    Para Piper, o universo é o “transbordamento da exuberância de Deus em ser Deus”. A criação existe para manifestar a beleza e grandeza divinas.

  2. O ser humano como imagem de Deus
    Citando Gênesis 1:27, ele afirmou que o ser humano foi criado para refletir essa glória: “É para isso que servem as imagens; elas refletem aquilo de que são imagens”.

  3. A realidade do pecado e do sofrimento
    O teólogo reconheceu que, após a queda, a humanidade se afastou de Deus. “A humanidade se afastou e se tornou inimiga de Deus”, disse.

  4. A alegria em Deus como adoração suprema
    Piper sustentou que sentir prazer em Deus é a expressão mais elevada da adoração. “Ser extremamente feliz em Deus […] é essencial para glorificar a Deus e mostrar que Ele é extremamente valioso”, afirmou. Segundo ele, essa alegria se torna ainda mais significativa quando persiste mesmo em meio ao sofrimento.

  5. O mandamento bíblico da alegria
    O pastor concluiu que a alegria em Deus não é opcional para o cristão. “Felicidade, alegria, prazer — não são opcionais para o cristão”, declarou, citando o Salmo 16:11: “Na tua presença [ó Deus] há plenitude de alegria; à tua direita, delícias perpetuamente”.

Visões contrastantes sobre dor e propósito

Enquanto Peterson propõe que o propósito da vida seja encontrado na superação do sofrimento por meio do significado, Piper afirma que o sofrimento não anula a busca pela felicidade, mas pode revelá-la em sua forma mais profunda.

“Desfrutar de Deus não é um subproduto de algo maior. É a essência da grandeza humana. É a essência da adoração”, concluiu o pastor.

A interação entre os pensamentos de Peterson e Piper revela um diálogo contemporâneo entre a psicologia e a teologia reformada, destacando diferentes caminhos para compreender o sofrimento, o sentido da vida e a busca por felicidade.

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