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Presidente da África do Sul culpa cristianismo por trazer males ao país
Zuma acusa cristianismo de trazer “órfãos, orfanatos e lares de idosos para África”
Segundo jornais sul-africanos, o presidente Jacob Zuma culpou o cristianismo “por muitos dos males que hoje afetam a África” durante um discurso proferido em KwaZulu-Natal. O objetivo do discurso era alertar a população para a segurança rodoviária, na época do ano em que centenas de sul-africanos morrem nas estradas do país.
“Como africanos, muito antes da chegada dessa religião, nós tínhamos a nossa forma de fazer as coisas. Eram os tempos a que as pessoas religiosas chamam de ‘idade das trevas’ mas sabemos que naqueles tempos não havia órfãos, orfanatos nem lares de idosos. Foi o cristianismo que trouxe essas coisas para cá “, disse Zuma.
O presidente sul-africano pertence ao partido que está no poder desde 1994, o ANC (Congresso Nacional Africano). Zuma exortou os presentes a “voltarem a fazer as coisas à maneira antiga” porque, segundo ele, a modernidade tem sido nociva para a sociedade.
Como exemplo, Jacob Zuma citou a legislação que proíbe os castigos corporais das crianças, afirmando que por causa das leis em vigor, os pais não podem educar os filhos como querem.
“Apesar de não poder culpar as leis, não consigo ser diplomático sobre essa questão. Isso é fato”, concluiu o presidente.
Apesar deste discurso recente, Zuma e vários outros dirigentes do ANC têm utilizado o cristianismo para promover o partido e os seus princípios em várias campanhas eleitorais e fora delas. O maior líder do ANC foi Nelson Mandela, que é de família metodista
Curiosamente, em 2007, Zuma foi ordenado “pastor honorário” pela assembleia geral das Igrejas pentecostais Independentes, na cidade de Durban, e frequentemente fala nos púlpitos de várias igrejas sul-africanas.
Antes das eleições de 2009, ele foi muito criticado por ter dito: “só quem votar no ANC vai para o céu quando morrer”. Zuma já afirmou também que “o ANC governará a África do Sul até Jesus Cristo voltar à terra”, o que rendeu-lhe críticas de vários setores da sociedade.
Depois de culpar a religião cristã nesse discurso mais recente, vários pastores lembram que em 2008, quando era candidato a presidente, Zuma disse numa encontro com líderes religiosos que “a África do Sul é um país baseado nas regras e nos princípios de Deus. Quando nós (depois de eleitos) assumimos o governo, levantamos a mão direita e pedimos ‘que Deus nos ajude’. Penso que ninguém pode negar que a África do Sul se baseia nos princípios de Deus”.
O líder do partido do presidente, Mathole Motshekga, afirmou em comunicado que os comentários de Zuma foram mal interpretados. “O jornalismo irresponsável sempre encontrará uma forma criativa de enganar, e, neste caso, inexplicavelmente viu um ataque ao cristianismo em afirmação perfeitamente claras do presidente”, disse ele.
Motshekga disse uma distinção precisa ser feita entre “o cristianismo como fé” e “as nefastas atividades missionárias que trouxeram sofrimentos ao nosso povo”. Ele lembrou, por exemplo, que a colonização da África do Sul foi ajudada por algumas “empresas missionárias”, que exploravam o povo usando como “pretexto” o cristianismo e mesmo o apartheid foi praticado “sob o manto do cristianismo”.
“Enquanto a cultura africana, desde tempos imemoriais, ensina as pessoas a cuidar uns dos outros e usar de benevolência para com o próximo, o modo de vida do cristianismo ocidental tolera o princípio de “cada um por si”, afirmou Motshekga. “Isso resultou em pessoas idosas sendo colocadas em lares de idosos e crianças sendo enviadas para orfanatos.”
Traduzido e adaptado por de Iol News