opinião
Quando o “sal da terra” entra em crise existencial
Tem até o “crente Sal do Himalaia”
Em Mateus capítulo 5.13 Jesus disse:
“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.”
Não foi por acaso que o Mestre fez esta afirmação. As qualidades do Sal já eram conhecidas desde os tempos mais remotos.
A antiga Alquimia classificava uma “Trindade Alquímica” que era formada pelo Sal, o Mercúrio e o Enxofre.
Os antigos Filósofos gregos diziam que o Sal era uma “Segunda Alma”, visto que tinha, como a alma, o poder de conservar a carne sem que ela se deteriorasse.
Fisiologicamente, no ser humano, o Sal tem a função de controlar as substâncias que entram e saem de nosso corpo.
Os Romanos costumavam pagar as Legiões com sal. Daí o surgimento da palavra “Soldo”. O “Soldado” era um legionário que recebia seu “Salarium” em Sal.
Os habitantes de terras frias já possuíam o hábito de utilizar o Sal para derreter a neve das estradas e ruas na época do inverno.
Todos os sacrifícios estabelecidos no livro de Levíticos deveriam ter o Sal como oferta:
“E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” Lv 2.13
O gado deve ser alimentado com o Sal para balancear suas funções orgânicas.
Atualmente existem alguns tipos de Sal que são muito utilizados e, curiosamente, possuem um grande significado e aplicação espiritual para a Igreja, visto que o próprio Cristo nos comparou com este mineral. “Ser” Sal é uma questão existencial:
Crente Sal Grosso
Por não ser refinado ele preserva suas caraterísticas nutricionais e terapêuticas.
Hoje os crentes “Sal Grosso” são aqueles que, embora não tenham tanto preparo Teológico, não são “refinados”, são aqueles que preservam os bons hábitos que todo o cristão deve cultivar: Oração, Jejum, moral, bons costumes, Leitura da Palavra de Deus e uma vida de dedicação à Obra do Senhor. Graças a Deus pelos irmãos Sal Grosso.
Crente Sal Refinado
O Sal Marinho (Grosso) perde 84 elementos químicos importantes durante o refino. Durante a “fabricação” e lavagem do sal marinho são perdidas as algas microscópicas que fixam o iodo natural, sendo necessário depois acrescentar iodo, que é então colocado sob a forma de iodeto de potássio.
Tem completa relação com o crente que, uma vez que apendeu os bons hábitos de uma vida cristã padrão agora perdeu suas características originais, tudo por conta de um suposto “Refino Teológico” que lhe retirou elementos importantes de um verdadeiro propagador do Evangelho. Assim como o “Sal Refinado”, muito mais foi perdido do que acrescido no processo.
Crente Sal Light
É o Sal sem ou com uma baixíssima quantidade de Sódio. Tem cor de Sal, jeito de Sal, aparência de Sal, mas… Não é o Sal como conhecemos. Falta o princípio que o classifica essencialmente e substancialmente como Sal, o Sódio.
Ora, se o elemento químico Sódio é o principal componente para o Sal ser classificado como Sal, e se este praticamente inexiste, podemos dizer que este Sal é um impostor.
E não é exatamente o que acontece com alguns ditos cristãos que tem jeitinho de crente, fala como crente, se veste como crente, mas na sua essência não tem o principal, Cristo. São meros frequentadores de cultos, não tem a substancia essencial que lhes identifica como salvos, não tem vida transformada. Lhes falta o brilho do Espírito Santo.
Crente Sal Guérande
Sal Marinho grosso, não refinado e livre de aditivos da região de Guérande na França. É integral e não passa pelo processo de refino, por isso conserva traços de minerais naturais como o cálcio e o magnésio. Este sal é muito caro, a bem da verdade caríssimo, e só é utilizado na alta Gastronomia para finalizar pratos, ele não frequenta qualquer cozinha.
Podemos lembrar de alguns crentes “Sal Guérande” ao ler suas qualificações. Estes são aqueles Crentes Teólogos Celebridades que não frequentam qualquer igreja, não senhores, eles são seletivos onde pregam, onde ensinam e sempre são exigentes onde lhes contratam. Estipulam seus altos cachês, Hotéis 5 estrelas, limousines e tudo o que uma estrela Gospel poderia receber. Pobres miseráveis, nada aprenderam de Cristo que nos chamou para salgar onde quer que formos enviados. Nódoas do Evangelho, vocês já receberam seu galardão aqui nesta terra, e só vos resta o juízo.
Crente Sal do Himalaia
O “Sal do Himalaia” é o Sal da Moda. Só se fala nele, em qualquer discussão gastronômica, está nas Mídias, nos Consultórios Médicos, etc.
Ele é extraído a partir do mar fossilizado que existia aos pés da cordilheira do Himalaia e recebe uma coloração rósea devido a quantidade de óxido de ferro.
Este é o “Crente Sal do Himalaia” ou se preferir, Crente da Moda, o “Politicamente Coreto”. Frequenta debates se colocando ao lado da maioria. Sempre tem uma solução “Cinza”, nunca se posiciona objetivamente nem por branco nem por preto. Não faz diferença onde é colocado, não salga, embora tenha sido chamado para isto, é apenas mais um na multidão fazendo coro com as opiniões populares e midiáticas, ainda que em 99% das vezes estas opiniões sejam antibíblicas ou anticristãs. O importante é não ser tachado de quadrado, retrógrado, fascista, ou homofóbico. Este também perdeu a sua característica de Sal da Terra.
Jesus finaliza o versículo 13 com a seguinte frase:
“Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.”
Veja que há uma expectativa do Mestre em que sejamos, ontologicamente (ou seja, é uma questão de “Ser”), um Sal em essência e em substância. Fomos chamados para cumprir a missão de Sal neste mundo conservando-o, curando-o e dando-lhe sede. Entretanto existe a possibilidade deste chamado se transformar em frustração, quando, por influencias externas perdermos a nossa salinidade. Porém, mesmo em meio aos nossos fracassos e inutilidades é impressionante como a Graça ainda acha para nós uma Utilidade: “Ser pisado pelos homens”.
Era muito comum nos tempos bíblicos estocar-se uma grande quantidade de Sal Degenerado (Sal que por ter sido exposto à umidade perdia suas propriedades) em um depósito no Templo, pois na época das chuvas os seus pisos de mármore ficavam perigosamente escorregadios e então lançava-se este Sal “inútil” para que os Sacerdotes pudessem transitar sem sofrerem quedas.
Fico imaginando que alguns daqueles que lerão este simples artigo possam estar passando por uma momento crítico de suas vidas espirituais e ministeriais, contudo deixo uma palavra para vocês meus amados irmão. Mesmo em nossa “inutilidade” do momento, o Senhor nos usará pelo menos para que, de alguma forma, sejamos pisados por nossos sacerdotes para que estes não caiam e nem se firam. Sei que este processo é dolorido, mas ainda assim, é uma maneira de ser Sal no Reino.
Que o Senhor nos abençoe e que nunca percamos nossa essência.
Para os Sais que ainda vivem em Crise existencial no Reino vos digo que: É melhor ser Sal Grosso e rico da Graça do que Famoso, Rico e Midiático, porém perdido.