“Quero encontrá-los no Céu”, diz missionária cristã para sequestradores no Haiti

Alix Dorsainvil, a enfermeira americana que foi mantida em cativeiro no Haiti neste mês junto com sua filha pequena, declarou que não guarda rancor contra seus sequestradores e até ofereceu tratá-los em sua clínica. Alix transmitiu essa mensagem de perdão para os bandidos que exigiram um resgate após sequestrar ela e sua filha do complexo cristão El Roi, onde seu marido trabalha.

Nesse sentido, a organização cristã sem fins lucrativos é liderada pelo marido de Dorsanvail, Sandro Dorsainvil. Embora não esteja totalmente claro quem sequestrou o grupo, o telefone celular de Dorsanvail foi rastreado em um território dominado pela gangue Canaan, uma organização criminosa conhecida por realizar sequestros.

“Para os bandidos, tenho uma mensagem para vocês: quero que saibam que tudo o que eu disse durante o meu tempo em cativeiro foi sincero. Não foram palavras manipuladoras de alguém desesperado para escapar, mas simplesmente a verdade, especialmente quando eu disse que as portas da minha clínica estão sempre abertas para vocês ou qualquer pessoa que precise”, disse ela.

De acordo com New York Post, ela e sua filha foram sequestradas por homens armados que invadiram o complexo em 27 de julho enquanto realizavam serviços de ministério comunitário. Elas foram liberadas 13 dias depois ilesas, graças aos esforços da aplicação da lei dos EUA e representantes do Departamento de Estado, informou o El Roi Haiti.

Apesar da experiência traumática, Dorsainvil afirmou que cumpriria sua promessa de tratar os membros do grupo criminoso para qualquer doença se eles entrassem em sua clínica. Ainda mais surpreendente, a enfermeira nascida em New Hampshire disse que perdoa os homens que mantiveram ela e sua filha reféns por um resgate de cerca de 1 milhão de dólares.

“Quero que saibam que não guardo rancor de vocês no meu coração. Isso não significa que eu concordo com o que vocês estão fazendo. Especialmente o que vocês estão fazendo contra seus próprios irmãos e irmãs haitianos. Mesmo se o resgate for pago e as vítimas forem libertadas, esse evento em particular deixa uma cicatriz em seus corações. Isso nunca desaparecerá”, afirmou.

Embora tenha oferecido perdão, Dorsainvil criticou seus sequestradores por recorrerem à violência na tentativa de encontrar “felicidade, satisfação, dinheiro, poder e status para preencher o vazio em seus corações”. Ela afirmou que essas coisas nunca vão satisfazê-los.

Devido ao aumento nos sequestros, os EUA ordenaram que pessoal do governo sem emergência e familiares deixassem o Haiti o mais rápido possível, citando “sequestros, crimes, agitação civil e infraestrutura de saúde precária”. Mais de 950 pessoas foram sequestradas no Haiti de 1º de janeiro a 15 de agosto, à medida que o país enfrenta um aumento nos assassinatos e sequestros.