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Rob Bell fala sobre céu e inferno em lançamento de seu livro

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Desde que Rob Bell, pastor da igreja Mars Hill, começou a divulgar seu novo livro, Love Wins [O Amor Vence], tem causado uma onda de reflexão e debate teológico sobre o céu e o inferno.

Em tempos nos quais todos dão sua opinião em tempo real usando redes sociais como Twitter e Facebook, literalmente milhões de mensagens a favor e contra os argumentos do pastor tomaram a internet nas últimas semanas. O assunto chegou a ser Trend Topic do Twitter mundial por algumas horas.

Quase que imediatamente ao lançamento de um vídeo onde Rob simplesmente fazia perguntas em frente a uma câmera de vídeo, cópias de parte do livro já estavam na mão de revistas e jornais cristãos, bem como de teólogos e estudiosos.

O conhecido teólogo John Piper escreveu uma enigmática mensagem no Twitter, onde dizia “Adeus, Rob Bell”. O site Gospel Coalition publicou uma avaliação negativa do livro, na qual Justin Taylor colocou Bell na lista dos hereges que contribuíam para desacreditar a Bíblia. Embora reconhecesse que não lera todo o livro, para ele os capítulos aos quais teve acesso e o vídeo produzido para o lançamento eram o suficiente.

O debate acalorado rendeu boa publicidade para o livro, a ponto de a editora Harper One antecipar seu lançamento em 15 dias. Ontem (13/3), o Bell fez o lançamento em sua igreja, em Grand Rapids (vídeo). Para tranquilizar os mais de 10 mil membros da Mars Hill, disse que não é universalista, crê que Jesus é o único caminho da salvação, acredita no nascimento virginal e que Jesus é Deus.

O lançamento mundial foi feito na noite de 14 de março, em uma conversa com a editora da revista Newsweek, Lisa Miller. A entrevista foi no estilo “Altas Horas”, com perguntas selecionadas entre as enviadas por e-mail e algumas das pessoas na platéia. Tudo foi transmitido pelo sistema Livestream.

Muito articulado, Bell sabe bem como usar as palavras, mas em vários momentos não conseguiu dar respostas claras. Pelo menos duas vezes foi perguntado sobre sua crença (ou não) no inferno e no julgamento. O escritor preferiu enfatizar que o propósito eterno de Deus e o evangelho do Novo Testamento revelam mais o amor de um Deus todo-poderoso do que sua ira. Também disse que existe um inferno existencial, que pode ser experimentado na vida aqui na terra como consequência de escolhas erradas por parte das pessoas. Para ele, o céu também pode ser experimentado na terra, referindo-se ao Jardin do Éden.

Lisa Miller é judia e, ao mesmo tempo que levantou questões sobre a revelação de Deus no Antigo Testamento, revelou-se desconfortável quando o assunto era Jesus ser o caminho para o céu. De maneira geral, Bell não estava preocupado em esclarecer todas as acusações que sofreu e enfatizou a necessidade de as pessoas lerem seu livro todo para entender sua posição. O mantra da noite foi “Deus é amor. Nada pode mudar isso”. Ele também lembrou que durante muito tempo o evangelho (boas novas) pregado pelas igrejas resume-se ao seu destino eterno, esquecendo de mostrar como devemos vivenciar o amor de Deus aqui na terra.

A CBD, maior livraria evangélica online do mundo, colocou o livro à venda hoje, mas com um alerta em sua página dizendo que não apóia o seu conteúdo. Por isso, doará todo o lucro com as vendas dele para a ONG humanitária Compassion.

Imediatamente após a transmissão da conversa com Bell, a Christianity Today, uma das revistas mais influentes do meio cristão, postou sua resenha do livro com o título “A ponte de Rob Bell é grande demais”. O editor Mark Galli deu ao livro apenas 2 estrelas (de 5 possíveis). Ao mesmo tempo que elogia, sua resenha questiona a fundamentação do autor. Galli escreve:

“O polêmico pastor levanta questões cruciais, mas suas respostas podem sabotar seus objetivos… Depois de ler o livro, é difícil acreditar que Bell não defende o universalismo, embora, para ser justo, ele não afirma isso formalmente no texto. Em alguns parágrafos, ele faz alusão às consequências infernais da incredulidade. No final, afirma estar levantando a questão só para mostrar que ”devemos deixar bastante espaço” para essa possibilidade. Em sua tentativa de tornar Jesus mais atrativo para os incrédulos, Bell levanta questões cruciais que durante anos muitos evangélicos não tiveram a coragem de fazer em voz alta. Devemos agradecer a ele por trazer tais questões à luz, para que possamos analisá-las abertamente de novo nos dias de hoje”.

Mark Driscoll, que rivaliza em popularidade com Rob Bell entre a maioria dos jovens evangélicos americanos, escreveu hoje em seu blog, mesmo sem citar nomes:

“Hoje em dia está se tornando popular a esperança de que os pecadores acabarão se arrependendo e todo mundo vai acabar indo para o céu. Esta é a reconciliação universal, antiga visão de Orígenes. No entanto, não há a menor evidência bíblica de um arrependimento pós-morte”.

A controvérsia está longe do fim. Brian McLaren, um dos mentores de Bell, que o defendeu nesse debate acirrado, lançará amanhã seu novo livro: Naked Spirituality: A Life with God in Twelve Simple Words [Espiritualidade nua: uma vida com Deus em 12 palavras simples] também pela Harper One.

Em um trecho disponível em seu site, ele destaca parte do argumento central do livro:

“Jesus estava certo. Paulo estava certo. João estava certo. Buda estava certo. Até mesmo os Beatles estavam certos. Tudo se resume ao amor, a compaixão ou como você quiser chamá-lo. O amor é nossa ligação vital. Uma vida com Deus é uma vida de amor. Você conhece a Deus quando ama a Deus. Conhece a Deus quando ama os outros. Você conhece seu vizinho, um estranho ou mesmo um inimigo quando o ama”.

Fonte: Pavablog

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