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Rumor de que Lagoinha cobrou para batizar gera críticas

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Rumor de que Lagoinha cobrou para batizar gera críticas

Uma polêmica envolvendo a Lagoinha Alphaville, localizada em Barueri (SP), tem gerado reações contundentes no meio evangélico. De acordo com relatos divulgados em redes sociais, a participação na celebração de batismo na igreja teria sido condicionada ao pagamento de uma taxa de R$ 80. A cobrança incluiria o fornecimento de uma camiseta e uma pulseira, consideradas obrigatórias para o batizando.

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A informação teria sido inicialmente compartilhada em grupos de WhatsApp ligados à comunidade da Lagoinha Alphaville. A repercussão foi imediata. Para diversos líderes cristãos, atrelar uma prática espiritual como o batismo a um custo financeiro representa uma distorção do ensino bíblico e compromete os fundamentos da fé cristã.

O teólogo e pesquisador Rodolfo Capler, ouvido pela revista Comunhão, declarou: “Cobrar por algo que é sinal da graça de Deus é deturpar o evangelho na sua essência. O batismo é símbolo de arrependimento, entrega e nova vida em Cristo e não um produto, não um show com pulseira e camiseta. A fé não pode ser gerida como um negócio. Quando isso acontece, o templo vira mercado e, o púlpito, balcão”.

A crítica de Capler também fez alusão ao período medieval, quando a venda de indulgências pela Igreja Católica motivou a Reforma Protestante. “Quando se cobra por um sacramento ou por qualquer símbolo de obediência a Deus, a lógica da graça é rompida. A fé vira moeda, o evangelho vira produto e a cruz perde seu poder. O risco é espiritual e trágico”, completou o teólogo.

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Reflexões

O pastor Gilmey Meyreles, coordenador do projeto Viver Cariacica, no Espírito Santo, também se manifestou sobre o caso. Para ele, esse tipo de cobrança está inserido em um processo de deturpação mais amplo, iniciado há anos no meio evangélico brasileiro. “A fé já se transformou em objeto de cobiça e valor tem algum tempo. Antes, foi a promessa de riqueza, agora, são práticas como essa, de cobrar por algo que deveria ser corriqueiro na vida cristã”, afirmou.

Meyreles citou Mateus 10:8 como princípio norteador: “De graça recebestes, de graça dai”. Ele destacou ainda que, nas comunidades mais carentes, a exigência de valores pode representar um obstáculo concreto à participação religiosa. “Sou pastor em comunidade de periferia. Às vezes somos nós, pastores, que levamos cesta básica para os membros da igreja. Imagine ter que dizer a essas pessoas que, para serem batizadas, precisam pagar. Isso é a elitização do evangelho”, alertou.

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Mercantilização do sagrado

Outro líder que comentou o episódio foi o pastor Gilson de Oliveira, reitor da Faculdade Teológica FAITESP e comandante nacional da Capelania Unicev. Segundo ele, “cobrar para que alguém seja batizado fere os princípios do evangelho e vai contra os ensinamentos de Jesus. O batismo é uma ordenança que simboliza o novo nascimento e deve ser acessível a todos, sem distinção”.

De acordo com a ordem expressa de Jesus, registrada em Mateus 28:19, o batismo é parte da missão da igreja: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O relato bíblico não apresenta qualquer vínculo entre o batismo e uma contrapartida financeira.

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Em Atos 8, a tentativa de comercializar algo que é considerado dom divino é condenada de forma direta. Ao repreender Simão, Pedro afirma: “Pereça contigo o teu dinheiro, pois julgaste que o dom de Deus se obtém por dinheiro!”

Exclusão e heresia

O pastor Rodrigo Vieira, da Igreja Batista da Paz, em Marília (SP), também expressou preocupação. Segundo ele, “esse tipo de cobrança fere os princípios fundamentais do evangelho” e pode resultar em exclusão social. Para o pastor, transformar uma ordenança espiritual em uma transação é perigoso: “Mas ainda que tenha joio no meio do trigo, essas pessoas pertencem ao Senhor, vão continuar sendo d’Ele”.

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Rodrigo também alerta para a propagação de heresias e de uma compreensão distorcida sobre a graça. “Esse é o verdadeiro risco. A manipulação pelo legalismo”. Ele aponta que práticas como a cobrança por atos espirituais podem reforçar a imagem de uma “igreja mercenária”, o que considera injusto com comunidades sérias e comprometidas com o evangelho.

“Quando Cristo fala em Mateus 7, que no juízo final muitos dirão: ‘Senhor, expulsamos demônios, curamos’. Ele responde ‘Não vos conheço’. Essa fala é dirigida a líderes que pregam heresias, vendem indulgências, ganham likes e exposição nas mídias”, concluiu o pastor.

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