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Sacerdote especializado em batalha espiritual condena prática da yoga e leitura de Harry Potter
Exorcista do Vaticano critica a Igreja Católica por omissão em tratar do assunto
O padre Gabriel Amorth tem 86 anos, é chefe dos exorcistas no Vaticano há 25 anos, e segundo ele, já trabalhou em mais de 70.000 casos de possessão demoníaca. Também é o presidente honorário da Associação Internacional dos Exorcistas, fundada em 1990 por ele e outros religiosos.
Em uma entrevista durante o Festival Internacional de Filmes em Umbria, pouco antes da projeção do filme O Ritual, fez novas declarações polêmicas. Isso não é novidade para o padre que já disse que Hitler e Stalin eram possuídos pelo demônio e que o Diabo hoje “está no Vaticano”. Também alegou que os escândalos de abuso sexual envolvendo a Igreja Católica em vários países são prova de que o Anticristo está travando uma guerra contra a Santa Sé e vencendo.
O filme O Rito, do diretor Mikael Hafstrom e estrelado por Antony Hopkins, trata precisamente sobre o exorcismo e, em parte, é baseado na história do padre Gabriel.
“O diabo”, disse o padre exorcista, é essencialmente “um espírito puro criado por Deus, é um anjo”. Como os homens, também os anjos foram submetidos à uma prova de obediência, e Satanás – o mais brilhante dos espíritos celestes – se rebelou… A finalidade da existência dos demônios é “arrastar o homem ao pecado e trazê-lo para o inferno”.
O que é, então, impulsiona o homem a se aproximar dessa obra de autodestruição e condenação? Segundo o padre Amorth, o homem é sempre impulsionado pela “curiosidade”, uma inclinação que pode ser “positiva ou negativa dependendo das circunstâncias”. Para Gabriel, “O verdadeiro ‘triunfo’ do demônio, é que ele está sempre escondido e seu maior desejo é que não se acredite na sua existência. Ele estuda a cada um de nós, nossas tendências para o bem e para o mal, e depois suscita as tentações, aproveitando-se das nossas fraquezas”.
Ele insiste que nos dias de hoje há quase um “total esquecimento da figura do diabo que, assim, consegue os seus mais importantes sucessos”. Se a humanidade perdeu o sentido do que é pecado, é quase automático que passem a acreditar que “o aborto e o divórcio sejam uma conquista da civilização e não um pecado mortal”, explica Amorth.
Ao ser perguntado se Satanás atormenta mais ateus ou cristãos, o padre disse que o mundo pagão é mais vulnerável ao diabo do que o mundo cristão. Contudo, enfatiza, “é mais difícil que um ateu procure a ajuda de um sacerdote”. Gabriel disse já ter exorcizado “muçulmanos e hindus” e salienta: “Para os demônios não importa a crença ou a falta de crença da pessoa. Seja quem for, estou agindo em nome de Jesus Cristo e recomendo que depois de liberto ela pudesse conhecer quem é Jesus Cristo”.
Para ele, também são perigosas e desonestas as práticas orientais aparentemente inofensivas como a Yoga: “Você acha que está fazendo algo para relaxar, mas ela te leva ao hinduísmo. Todas as religiões orientais são baseadas na falsa crença da reencarnação”.
Seus pontos de vista pode parecer extremados, mas são apenas uma repetição de advertências anteriores feitas pelo Papa Bento 16, quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger e comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, que se preocupa com a ortodoxia doutrinária. Em 1999, seis anos antes de se tornar Papa, Ratzinger emitiu um documento que advertia os católicos sobre os perigos de yoga, zen, a meditação transcendental e outros práticas ‘orientais’. Elas poderiam “tornar-se um culto ao corpo”, algo que degrada a oração cristã… A yoga pode criar uma sensação de bem-estar no corpo, mas ela isso não pode ser trocada pelas autênticas consolações do Espírito Santo”, diz o documento.
Mas o padre não criticou apenas a yoga, disse ainda que muitos ícones da cultura popular como os livros e filmes das séries Amanhecer e Harry Potter são nocivos à fé. De acordo com o exorcista, não passam de uma “mensagem publicitária da magia”, apesar de serem vendido “até mesmo em livrarias cristãs”.
Ele adverte que o demônio não age apenas com a possessão, mas também com o assédio, a obsessão e está presente em práticas ocultistas. Por isso o acesso a livros que falam sobre isso, como a série Harry Potter, não são menos perigosos… Parecem inócuos, mas de fato incentivam as crianças a acreditar em magia negra… Em Harry Potter, o diabo atua de maneira astuta e dissimulada, sob o disfarce de poderes extraordinários, feitiços e maldições…”
Encerrou dizendo que, em parte, existe uma omissão da Igreja sobre esses assuntos “há tempos nossos seminários não ensinam nada sobre anjos e demônios, nada sobre exorcismos e nada dos pecados contra o primeiro mandamento: “Não terás outro Deus fora de mim”, seja magia, espiritismo ou satanismo”.
Traduzido e Adaptado por de Telegraph e Zenit