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As setenta semanas de Daniel e o Messias

Estudo bíblico sobre as 70 semanas profetizadas por Daniel, os eventos que provam que 69 semanas já se cumpriram e os detalhes da última semana.

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Representação de Nabucodonossor. (Foto: Reprodução)

“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações”. Daniel 9:26

Esta é uma profecia messiânica poderosíssima para ser usada no testemunho aos judeus que ainda esperam (alguns deles, pelo menos) a vinda do seu Messias.

A profecia de Daniel acerca das setenta semanas fornece o marco cronológico da predição messiânica de Daniel até o estabelecimento do reino messiânico sobre a terra, constituindo assim a chave para a interpretação do livro.

O cativeiro

Ao estudar o livro do profeta Jeremias, Daniel percebeu que os 70 anos de cativeiro profetizados pelo Senhor estavam chegando ao fim:

“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Daniel 9:2);

com o fim do cativeiro judaico temos, ainda, o juízo divino sobre a crueldade do império babilônico, também proferida pelo profeta Jeremias:

“Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, visitarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniquidade, e a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas” (Jr.25:12).

Com o fim peremptório do domínio caldeu se iniciaria o retorno dos judeus para Jerusalém (Jr.29:10).

A razão dos 70 anos de cativeiro foi a transgressão de Judá concernente ao respeito aos anos sabáticos (2 Crônicas 36:21), no sentido de que no sétimo ano a terra deveria descansar (Lv.25:1-7), descanso este que não foi respeitado, pelo extenso período de 490 anos (70 anos sabáticos), desde os dias do sacerdote Eli (1Sm.1-4; Lv.26:27-46).

Setenta semanas de Daniel

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo” (Daniel 9:24).

O profeta dirigiu seu rosto para Jerusalém, confessou seu pecado, o pecado do povo de Israel, e orou para que eles fossem restaurados à sua própria terra (Dn.9:3). Deus usou a oportunidade para dar a Daniel uma profecia extremamente importante sobre o futuro da nação de Israel, envolvendo o Messias, a qual passou a ser chamada de “As Setenta Semanas”.

As referidas semanas, sem dúvida, remetem à ideia de semana de anos, tendo em vista o que o Senhor mostrou a Daniel em sua oração que ainda era necessário acontecer em relação ao Messias e à nação de Israel.

Então, vejamos a comprovação deste fato: há referências bíblicas a semanas de anos, como vê-se em Daniel 9:27 – “por uma semana” se refere a uma semana de anos, na qual cada dia da semana corresponde a um ano. E também em Daniel 7:25 e Daniel 12:7- “por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo”, aqui, “um tempo” corresponde a um ano, “tempos” corresponde a dois anos e “metade de um tempo” corresponde a meio ano, totalizando três anos e meio (conf. Apocalipse 12:14).

Sendo que esse período equivale à metade do período final de sete anos e é igualmente o período declarado na expressão “quarenta e dois meses” (conf. Ap.11:2; 13:5) ou “mil e duzentos e sessenta dias” (conf. Ap.12:6).

Consequentemente, tratando-se de semanas de anos, pode-se depreender que temos designados 490 anos para o cumprimento dessa importante profecia, uma vez que cada uma das 70 semanas corresponde a 7 anos.

As Setenta Semanas estão divididas em três seções: a primeira de 7 Semanas ou, mais explicitamente, 49 anos; a segunda de 62 Semanas, ou 434 anos – seguida de um intervalo de tempo para a dispensação da Igreja de Cristo, um parêntese na história da redenção de Israel, não vista pelos profetas judeus, mas profetizada pelo próprio Senhor da Igreja (Mt.16:18), também chamada de o mistério de Cristo em Efésios 5:32 -; e, por último, 1 Semana, ou 7 anos, para o período de juízo divino chamado de Tribulação (como registrado no livro do Apocalipse), totalizando os 490 anos profetizados pelo profeta Daniel à nação de Israel.

As 70 semanas, Israel e a Igreja

As Setenta Semanas de anos diz respeito a Israel e não à Igreja, pois Deus disse: “Setenta semanas estão determinadas: primeiro sobre o teu povo” (Israel) (v.24); “segundo sobre a tua santa cidade” (Jerusalém) (v.24).

Deus disse que certas coisas aconteceriam em Israel no decorrer das Setenta Semanas:

As três primeiras promessas – extinguir a transgressão; dar fim aos pecados e expiar a iniquidade – cumpriram-se na cruz do calvário, na primeira vinda de Cristo, como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29), o que nos garante que as três últimas – trazer a justiça eterna; selar a visão e a profecia e ungir o Santo dos Santo – se cumprirão em Israel, na cidade do grande rei, Jerusalém, na segunda vinda do Messias em retorno glorioso como o Leão da Tribo de Judá.

O início das 70 semanas de Daniel

O início do cumprimento da profecia dá-se com o decreto para restaurar e construir a cidade de Jerusalém e seus muros, conforme Daniel 9:25:

“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos”.

Esse decreto foi dado por Artaxerxes Longimanus, em 445 a.C. (Neemias 2.1-8), dando início à reconstrução da cidade, dos muros e do Templo de Salomão, que levou 483 anos, ou 69 semanas (7 semanas mais 62 semanas), como registrado nos livros de Neemias e Esdras.

Partindo dessa data, temos 69 semanas até o Messias, o Príncipe.

Messias seria morto antes da destruição do Segundo Templo

“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações” (Daniel 9:26).

Certos eventos muito importantes deveriam ocorrer após a 69ª semana, antes da 70a semana, ou dos 7 anos finais.

Primeiro, o sacrifício do Messias em 29-30 d.C. – o Messias haveria de ser morto, sem qualquer de seus direitos reais, como depreende-se da expressão “mas não para si mesmo”. Segundo, a destruição de Jerusalém e do Templo, que ocorreu no ano 70 d.C., tendo em vista o trecho “povo do príncipe, que há de vir”, referência às legiões romanas lideradas pelo general Tito.

A história prova que as 69 semanas e aqueles importantes eventos se cumpriram.

A história também mostra que não ocorreu o cumprimento total desta profecia em relação a Israel, o que demonstra que estamos vivendo o período de tempo entre a 69ª  semana e a 70ª. Portanto, o período que agora chamamos de Época da Igreja terminará com o arrebatamento (1 Tessalonicenses 4:13-18), antes que a 70a semana comece.

A 70ª semana, a grande tribulação – também conhecida como o tempo da “Angústia para Jacó” (“Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela” (Jeremias 30:7)) -, que então começará, tem seus detalhes descritos de forma pormenorizada em Apocalipse 6-19.

O Anticristo – “o príncipe”, de acordo com Daniel 9:26b: “e o povo do príncipe, que há de vir” – será aquele que enganará Israel fazendo uma aliança com o povo judeu por uma semana (sete anos): “E ele firmará aliança com muitos por uma semana (Daniel 9:27a).

Este buscará a adoração do povo judeu como se fora Deus – “de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2Ts.2:4b) -, profanando o santuário, o lugar santo para o povo de Israel, como alertou o próprio Senhor Jesus: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda” (Mt.24:15).

Contudo, o povo de Deus, Israel, se negará a adorá-lo, e, como retaliação, o Anticristo quebrará o acordo de paz – depois de três anos e meio (Daniel 9:27b) – e perseguirá o povo judeu: “O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora” (2Ts.2:4a).

O fim da septuagésima semana trará juízo sobre o assolador, produzirá a “justiça eterna, selará a visão e a profecia, e ungirá o Santíssimo” (Daniel 9:24); sendo “o Santíssimo” uma clara referência ao Messias.

Cumprimento profético em Jesus Cristo

Essa profecia determina com exatidão que o Messias viria e seria morto como um sacrifício antes da destruição do Beit HaMiqdash, o Templo de Jerusalém.

O Senhor Jesus morreu de forma vicária entre o ano 29 e 30 A.D., e o Templo foi destruído no ano 70 d.C em face do ataque das legiões romanas a Jerusalém há mais de 1900 anos, dispersando o povo judeu entre muitas nações.

De lá para cá temos contemplado a realidade da profecia de Daniel:

“e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações” (Dn.9:26c).

Em nossa geração, Israel foi estabelecido como nação (14 de Maio de 1948). Isto significa que a Era da Igreja está chegando à sua consumação, que se dará com o grande evento do Arrebatamento.

Deus está preparando Israel para entrar na 70ª Semana de Daniel, que se concluirá com o retorno glorioso de Cristo – “E, logo depois da aflição daqueles dias (…) Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem” (Mt.24:29a, 30a).

Essa profecia é, também, um excelente exemplo da inerrância da Palavra de Deus.

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