opinião
Sustentabilidade integral
A sociedade pós-moderna que ainda insiste em ser consumista, hedonista, individualista e egocêntrica, não consegue doar, ela só sabe receber e usufruir.
O termo sustentabilidade está cada vez mais comum no cotidiano da sociedade e ele veio para ficar. Originalmente concebido para ajudar no equilíbrio saudável do ser humano e o meio ambiente sustentável, começou a ganhar visibilidade e discussões por iniciativas da ONU e ONG´s no início da década de 70, porém agora começa a ganhar uma definição mais completa, pois antes se referia mais diretamente ao consumo sustentável e responsável dos recursos esgotáveis do planeta e a relação do homem com o meio ambiente e todos os ecossistemas naturais do nosso planeta.
Este conceito é correto e continua evoluindo, todavia hoje entende-se que uma sociedade sustentável é algo bem mais amplo, é aquela que valoriza o ser humano e o ambiente onde ele vive de forma integral.
Não existe floresta segura com miséria, injustiça e violência nas cidades. Daí está nascendo o conceito de ética da sustentabilidade, do cuidado, da transparência, da compaixão, da unidade, da cooperação entre as pessoas, formando uma grande corrente do bem para vencer o mal, como disse o apóstolo Pedro em sua carta: “Afaste-se do mal e faça o bem.” (1ª. Pedro 3:11).
Entende-se que algo para ter sustentabilidade precisa ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito, e isto só realmente acontece quando observamos um princípio básico do cristianismo: “amar ao seu próximo, como você ama a si mesmo”, quando olhamos o bem comum, antes dos nossos interesses pessoais, porque quando vivemos em rede, as partes afetam o todo e o todo afetam as partes, tudo está interligado e relacionado.
A sociedade pós-moderna que ainda insiste em ser consumista, hedonista, individualista e egocêntrica, não consegue doar, ela só sabe receber e usufruir. Precisamos definitivamente derrotar este pensamento individualista e viver a ética do cuidado coletivo, do contrário nos autodestruiremos. Ao repartir e pensar no outro com altruísmo vencemos a tirania do receber, e passamos a viver para além de nós mesmos!
No entanto, esta ética não é uma ética de regras, hierarquia e comandos, é um movimento livre e solidário, algo que busca o desenvolvimento do próximo, numa visão sistêmica de todas as partes envolvidas da sociedade, visando o bem comum, valorizando o que temos de mais precioso que é a vida humana.
E sem deixar a realidade capitalista que nos cerca, esta visão ainda será mais econômica e lucrativa para todos os seguimentos da sociedade, dentro desta perspectiva todos ganhamos.
Todos nós vivemos em rede, o que fizermos positivo ou negativo gerará impacto na vida dos outros. Outro princípio biológico, e utilizado por Cristo, é que sempre vamos colher o que semeamos. Por isto, enquanto temos tempo de rever os danos já causados ao mundo, precisamos ampliar esta rede de sustentabilidade integral, tendo a vida humana como centro. Não podemos querer defender a causa da floresta, da água e da baleia cinzenta e ignorar a fome, a violência e a miséria que oprimem as nossas grandes cidades brasileiras.
O consultor Marcelo Abrantes afirmou: “Não podemos ter um meio ambiente equilibrado com pessoas desequilibradas”
E concluo com a palavra do Mestre Jesus Cristo que disse: “Eu vim para todos tenham vida; e a tenham com abundância” (João 10:10). Ele viveu e nos deixou o legado de uma sustentabilidade integral de forma muito simples, portanto não estamos falando de algo novo, precisamos apenas de decisão para praticar.
Viva uma vida plena, uma vida com propósitos, sem se esquecer que este é um legado divino deixado para todos e não apenas para alguns, porque nenhum interesse pessoal pode estar acima da vida social e comunitária.