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Temperamento forte? Pastores dão dicas para controlar explosões

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Desde a infância, diferentes temperamentos moldam reações e comportamentos. Alguns são marcados pela impulsividade, outros pela introspecção; uns demonstram energia constante, enquanto outros mantêm um ritmo mais calmo. Sem o devido cuidado, essas características naturais podem gerar desgastes, brigas e ressentimentos.

O pastor e escritor Tim LaHaye, autor do livro Temperamentos Transformados, aponta que a primeira etapa para lidar com a “guerra dos temperamentos” é reconhecer o próprio perfil, identificando pontos fortes e vulnerabilidades. “Quando entendemos que Deus nos fez diferentes, passamos a ajustar nossas expectativas e aprendemos a administrar os pontos fracos de cada temperamento com graça e paciência”, escreveu.

Pastores alertam que o autoconhecimento deve caminhar em conjunto com a espiritualidade. O pastor Hernandes Dias Lopes explica dois riscos relacionados à ira: “Primeiro, temos a explosão da ira. É aquela pessoa temperamental, que explode por qualquer motivo, e aonde ele chega, a crise chega atrás. O segundo problema é a interiorização da ira, guardando mágoa e ressentimento”. Para ele, o caminho está no controle exercido pelo Espírito Santo. “Você precisa ter o seu temperamento controlado pelo Espírito Santo. Controlar suas ações e as suas reações, seus pensamentos e suas palavras, a fim de que não machuque pessoas que convivem com você”.

Nem defeito, nem virtude

O pastor e psicólogo Marcelo de Aguiar define o temperamento como parte permanente da personalidade, funcionando como “matéria-prima” para o desenvolvimento do caráter. “Temperamento não é defeito. Não é, tampouco, qualidade. É característica. É um ponto de partida para se desenvolver alguma coisa. O que fazemos com ele é que pode ser ruim ou bom”, explica.

Segundo Marcelo, compreender o próprio temperamento ajuda a avaliar decisões, comportamentos e relações. “Quanto mais tiver consciência de suas características, melhor uso dará a elas”, afirma. Ele lembra que a Bíblia mostra como Deus utilizou pessoas de temperamentos distintos para cumprir Seus propósitos: Débora foi intrépida, Jeremias tímido, Pedro impetuoso e João contemplativo. “O Senhor usa pessoas diferentes, de formas diferentes, para realizar obras diferentes. Não é preciso que imitemos ninguém. Podemos ser usados sendo nós mesmos”, acrescenta.

Transformação pelo Espírito Santo

Para o pastor Izilmar Finco, da Igreja Batista Esperança e Vida, em Aracruz (ES), o conhecimento sobre temperamentos é útil, mas não suficiente. “Os temperamentos classificados como sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático podem até criar o perfil de algum personagem bíblico, mas vale lembrar que a transformação não depende do conhecimento dos quatro temperamentos, mas da plenitude do Espírito Santo”.

Ele orienta que o primeiro passo é identificar quais aspectos do temperamento dificultam o crescimento espiritual. “Depois, é necessário iniciar uma renovação pelo Espírito Santo para superar estas fraquezas. A ideia de reconhecer os pontos positivos e negativos de cada temperamento ajuda-nos a compreender a nós mesmos e aos outros, de forma bem melhor”.

Izilmar destaca que a prática dos Frutos do Espírito, descritos em Gálatas 5:22-23, é essencial para equilibrar reações e reduzir conflitos. “Se há em uma pessoa dificuldade para controlar um temperamento explosivo, por exemplo, com o entendimento do que são os Frutos do Espírito esse exercício é mais fácil. A alegria, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio moldam comportamentos e reduzem conflitos”.

O pastor Hernandes Dias Lopes reforça que controlar a ira e outras inclinações temperamentais não significa negar a personalidade, mas submetê-la a Deus. “Não devemos deixar o sol se pôr sobre a nossa ira. Controlar nossas ações e palavras preserva relacionamentos e permite que o Espírito Santo transforme nossa essência”, ensina, de acordo com a revista Comunhão.

A guerra diária

  • Autoconhecimento: identificar traços, tendências e padrões de reação.
  • Dependência do Espírito Santo: reconhecer que a transformação não vem apenas do esforço humano, mas da ação de Deus na vida do crente.
  • Prática dos Frutos do Espírito: aplicar princípios bíblicos no cotidiano para equilibrar reações e fortalecer relacionamentos.
  • Empatia e paciência: compreender que cada pessoa possui traços únicos e que os conflitos podem ser administrados com diálogo e respeito.

A chamada “guerra dos temperamentos” não é vencida por fórmulas prontas ou métodos exclusivamente humanos. É um processo contínuo de autoconhecimento, oração, submissão ao Espírito e aplicação dos princípios bíblicos.

Quando cada temperamento é moldado por Deus, ele deixa de ser obstáculo e se torna instrumento de amor e serviço. Como lembra o pastor Izilmar, apoiando-se em 2 Coríntios 5:17: “E assim, se alguém está em Cristo é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.

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