igreja perseguida
Vítima de estupro ganha Bíblia e hospital “lamenta desconforto”
Deputada do PSOL recebeu denúncia e entrou com pedido de explicações.
O Hospital Estadual Pérola Byington, em São Paulo, lamentou o “desconforto” depois que a deputada feminista Sâmia Bomfim (PSOL-SP) pediu explicações por uma versão do Novo Testamento, com o livro de Salmos e Provérbios ter sido entregue para uma vítima de estupro.
A paciente, que não foi identificada, esperava atendimento na fila do exame de ultrassonografia, depois de supostamente ter sido estuprada. Segundo o relato da moça, uma universitária de 26 anos que estava grávida, ela se preparava para interromper a gravidez quando recebeu uma caixa com absorvente e o exemplar do Novo Testamento.
Recebemos uma denúncia de que funcionárias do Hospital Pérola Byington distribuíram Bíblias para vítimas de violência sexual que aguardavam atendimento para interromper a gravidez, como prevê a lei. Oficiamos o Hospital para que explique a coação a mulheres que deveria acolher!
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) August 18, 2021
De acordo com o site da deputada socialista, ela teria protocolado um ofício para que o hospital esclarecesse os fatos, que apontou como “assédio de grupos religiosos contrários ao aborto”. Ela também criticou as “vigílias de orações realizadas ao longo de outubro e novembro de 2019”.
No Twitter, a parlamentar foi criticada por seguidores, que questionaram qual foi o problema de ter sido entregue o exemplar com trechos da Bíblia. Um seguidor pediu que ela não desse motivos para que a direita criticasse a esquerda.
“Coação ? O que distribuíram foi o Novo Testamento + Salmos + Provérbios. O Primeiro fala sobre Jesus, o segundo louvores, o terceiro Sabedoria e conselhos. Não de margem pra direita criticar à esquerda”, escreveu.
Em nota, o hospital afirmou que realizou reunião com os funcionários para que a situação não se repita, sinalizando a proibição de que o livro seja entregue nas dependências do hospital.
Leia a nota na íntegra:
O Hospital Pérola Byington lamenta o desconforto e repudia qualquer atitude contrária à liberdade de consciência e de crença quanto ao caráter laico de instituições públicas, previstas na Constituição.
Para que situações como esta não se repitam em nenhum setor do hospital, a direção do Hospital Pérola Byington realizou nova reunião com profissionais e voluntários do setor de humanização e capelania hospitalar, reforçando a obrigatoriedade do cumprimento das normas estabelecidas pelo serviço, que respeita às escolhas individuais de suas usuárias e, justamente por isso, não permite a distribuição de panfletos ou livros como o citado pela reportagem em qualquer setor, considerando inadmissível qualquer coação às suas pacientes.
Cabe acrescentar que, segundo a direção, a distribuição indevida ocorreu no setor de ultrassom que atende pacientes acompanhadas por diversas frentes de atendimento, incluindo a Oncologia e mulheres assistidas no Ambulatório de Violência Sexual do Programa Bem me Quer.
O hospital lembra a todos que disponibiliza Ouvidoria para acolher qualquer paciente ou usuário, acolhendo dúvidas e queixas. Os contatos podem ser feitos pelo e-mail crsm-ouvidoria@saude.sp.gov.br e telefone (11) 3232-9021 ou 9000.