opinião
Você está preparado?
Jesus nos mostra que por mais que sejamos influentes, poderosos, ricos e frequentadores de igrejas, nada disso irá nos favorecer.
Lendo o texto de Lucas 16, 19-31, parei para meditar na imensa semelhança entre essa passagem e os dias atuais. Alguns pensam que não seria uma parábola, pois Jesus menciona especificamente: Lázaro. Assim, como nas outras explanações Ele fala em um fariseu, um pai, um samaritano etc., ao mencionar um nome Ele, segundo essas pessoas entendem, estaria se referindo a um caso real.
Cá entre nós, penso que Paulo encerrou qualquer discussão sobre o tema pois em Romanos 15.4 ele sustenta que tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar. Portanto, sendo ou não uma parábola, acredito que podemos extrair algumas lições importantes desta passagem do Evangelho de Lucas.
O texto nos mostra duas pessoas, uma extremamente rica e religiosa e outra muito pobre e desamparada. Se pararmos a análise neste ponto, certamente iremos concordar que parece que Jesus estava se referindo aos dias atuais, afinal, a desigualdade social mundial faz com que exista uma parcela muito pequena de pessoas extremamente abastadas e uma imensa e incontável multidão de necessitados. Quando lemos a história toda podemos, de antemão, afastar um pensamento que, desde àquela época é predominante.
Muitas pessoas entendem que o fato de alguém possuir muito dinheiro significa que Deus o está abençoando. Esse era o pensamento judaico da época e continua sendo o direcionamento dominante dos dias atuais. Por outro lado, segundo esse mesmo raciocínio, tanto na época de Jesus quanto nos dias atuais, os pobres, enfermos e necessitados eram tidos como pessoas esquecidas por Deus.
Quando lemos a história toda podemos perceber que esse entendimento está errado, afinal de contas no versículo 23 percebemos que o homem rico estava no inferno enquanto Lázaro se deleitava no Paraíso com Abraão. Permita-me, neste ponto, estabelecer uma verdade, Jesus não está combatendo a riqueza e dizendo que todo rico irá para o inferno e ao mesmo tempo afirmando que todo pobre e necessitado irá para o céu. Quando analisamos a história vemos que o problema não era a condição social do rico e de Lázaro, mas o comportamento que o rico tinha.
O Texto começa dizendo que o homem era rico e vestia-se de púrpura e de linho fino. Pois bem, a cor púrpura era proveniente de um caracol marinho. Sua obtenção era extremamente dispendiosa e, portanto, apenas os reis e pessoas muito ricas poderiam usar essa cor. Ainda, o linho fino era muitíssimo caro, geralmente de origem egípcia, e usado para confecção de peças íntimas. Na versão Revista e Atualizada lemos, ainda, que ele se regalava todos os dias, ou seja, havia grandes banquetes e suntuosidade. Aqui está a primeira pista sobre o porquê esse homem foi ao inferno. Se ele se regalava todos os dias e se ele era um religioso, por que então ele não guardava o sábado?
Note, o problema aqui é que ele, segundo a Lei de Moisés, deveria guardar o sábado, portanto, o simples fato de regalar-se todos os dias já demonstra que o rico não seguia plenamente aquilo que estaria obrigado a fazer.
Sei que, talvez, você meu amigo leitor, esteja pensando que estou forçando a interpretação para afirmar que ele era religioso, contudo, note que no versículo 24 o rico chama Abraão de pai e em sequência, é chamado de filho. Isso demonstra que ele era um praticante da religião e como tal reconhecido. Note que não basta ser um “praticante” é necessário ser um convertido!
De nada adianta frequentar cultos e reuniões se a nosso comportamento não se alinhar ao que diz a Palavra de Deus!
Continuando no entendimento, vemos no versículo 21 que Lázaro desejava se alimentar das migalhas que caiam da mesa. Este comportamento pode ser comprovado na passagem de Mc 7, 27-28. Na época de Jesus as pessoas mais abastadas usavam o pão para limpar as mãos e os pratos, assim, os pedaços que caiam, ou melhor, eram jogados abaixo da mesa, acabavam alimentando os cachorros. Lázaro não desejava participar do banquete, ele apenas se contentava com as sobras.
Mas por que esse texto nos lembra a situação dos dias atuais?
Fácil, encontramos aqui uma pessoa religiosa que além de não se preocupar como próximo, vivia de uma maneira como se bastasse ser respeitado, ter dinheiro e frequentar uma reunião d cunho espiritual. Tudo muito parecido com o que vemos atualmente.
Mas, embora não seja um assunto que chame a atenção nos dias atuais, chegando mesmo até a ser taxado de pensamento retrógrado de pessoas incultas, não podemos deixar de falar dos versículos 23 a 31, os quais descrevem o estado do rico no inferno. Neste ponto, algumas insinuações e o comportamentos nos deixam perplexos.
Em primeiro lugar, mesmo estando em uma situação ruim ele não perdeu a sus prepotência, pois no lugar de conversar com Lázaro, ele continuou tratando aquele homem como um servo, mendigo e desprezível, afinal de contas ele pediu a Abraão que lhe desse ordens. Devemos entender que se a Palavra de Deus não mudar a pessoa, não será o lugar ou a condição em que ela se encontra que irão modificá-la.
Finalmente, deixando alguns outros detalhes ao lado em virtude das limitações deste artigo, chama a atenção o pedido que este homem rico fez a Abraão:
“Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,
porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.
Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.
Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.” Lc 16. 27 a 30 (NVI)
Note que este infeliz, embora tivesse acesso a Palavra e Deus, estava colocando suas esperanças no “sobrenatural” como se qualquer outra coisa fosse mais importante de ser ouvida e respeitada do que a Palavra do Senhor! Ao pedir que Lázaro fosse conversar com seus irmãos ele deixou bem claro que continuava acreditando na manifestação de homens (ainda que Lázaro já estivesse morto) no lugar de ouvir e obedecer a Palavra de Deus!
Em dias nos quais tudo é mais importante do que estar na presença de Deus e de obedecer aos seus ensinamentos, Jesus nos mostra que por mais que sejamos influentes, poderosos, ricos e frequentadores de igrejas, nada disso irá nos favorecer quando viermos a fechar os olhos nesta vida.
Sei que hoje em dia muitas pessoas estão preocupadas somente com as contas que irão vencer, com um vírus que insiste em permanecer na sociedade, com as oportunidades para viajar, de se distrair ou até mesmo de ganhar dinheiro. Mas esta história contada por Jesus nos obriga a responder a seguinte pergunta: O que vai acontecer comigo quando eu morrer? Será que tudo irá acabar e irei “descansar” como alguns pensam, pelo simples fato de ser um frequentador de igreja ou, será que irá ter início uma jornada eterna de sofrimento e dor?
Não precisamos ser tão incisivos quanto foi Atanásio ao dizer que “se o mundo vai contra a verdade, então Atanásio vai contra o mundo.”, mas seria recomendável que fossemos como Paulo:
“Tudo é permitido, mas nem tudo convém. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica. Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.” (1Coríntios 10.23).
Que o Senhor te abençoe e te guarde!